Capítulo 2

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Assim que tranco as portas do estúdio de tatuagem, estou completamente cansada. A última pessoa que tatuei era uma moça muito empenhada em fazer uma pantera das costas. Foram quantas horas de sessão? Nove?

Caramba, minhas costas estão me matando!

Fecho o zíper da jaqueta de couro e caminho para o estacionamento. A noite está agradável, mas como acabei de tomar banho no minúsculo banheiro do estúdio, qualquer brisa arrepia meu corpo. Não ajuda eu estar usando saia jeans curta. 

Não fico surpresa quando encontro minha Ducati sozinha no estacionamento. É quase uma hora da manhã e todos os outros comércios próximos fecharam faz um bom tempo. 

Essa é a desvantagem de ser tatuadora, não se pode deixar um trabalho incompl…

Quando me aproximo da moto, fico momentaneamente chocada quando percebo que um dos pneus está murcho.

Só pode ser brincadeira!

Me abaixo para poder ver melhor e o choque se transforma em raiva. Não está apenas murcho, está com um rasgo nele, porra!

Mas que…!

— Eu posso te levar.

A voz soa atrás de mim, me pegando completamente desprevenida. 

Dou um pulo no lugar, o coração disparado no peito. Volto a ficar de pé na mesma hora e viro para ver quem é.

— Jason! — rosno seu nome com toda raiva que sinto. O que merda ele está fazendo aqui?

Jason Coban encolhe os ombros.

— Desculpa, não queria te assustar.

— Jura? Quando uma mulher está sozinha em um estacionamento e do nada aparece um homem atrás dela, ela costuma se assustar!

Ele passa a mão pelo cabelo, e apesar da pouca luz vinda dos postes, não deixo de notar o brilho da aliança no dedo.

— Desculpe. — diz novamente. — Eu só achei que você ia precisar de ajuda.

Meu coração bate em um ritmo acelerado e tento não pensar no que isso quer dizer. Como sabia que eu precisava de ajuda?

Estreito os olhos para ele.

— Não precisaria se você não tivesse furado o pneu da minha moto.

Jason não diz nada por um longo momento. E quando o diz, não é para se defender ou negar a acusação.

— Você está me ignorando, Charlie.

É a minha vez de não dizer nada por um longo momento.

Ignorar Jason é provavelmente a coisa que mais está me mantendo ocupada. Ele está em todo lugar, sempre tentando iniciar uma conversa que não quero e não vou ter.

Se eu soubesse no que daria...

— Não estou te ignorando, Jason. Apenas não temos nada para falar.

— Nós dois sabemos que isso não é verdade.

Viro as costas para ele e paro para prestar atenção na minha moto. É só então me dou conta que deveria estar surtando de raiva.

Esse é o problema do Jason. Ele me faz esquecer certos tipos de coisas. Me deixa mais aérea do que qualquer outra pessoa já tenha feito antes.

Viro novamente em sua direção e tento desesperadamente não focar no quão bonito ele é.

— Não acredito que furou o pneu da minha moto, porra!

— Você não me deu escolhas. — diz olhando para os meus punhos cerrados. — Se for te fazer sentir melhor, pode me acertar.

O Namorado Da Minha Inimiga (AMOSTRA)Onde histórias criam vida. Descubra agora