Capítulo XXXIV

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Saímos da cafeteria e ela não ficava longe do Central Park, ele estava todo iluminando então fomos até lá e sentamos em um banco de frente para o lago que refletia todas as luzes que estavam nas árvores.

— Então depois que minha mãe faleceu e ele teve que voltar para o exército fomos morar com nossos tios — ele termina de falar.

— Nem imagino o quão difícil isso é pra vocês — falo. — Ele não tem aquelas licenças ou coisa assim? Que pode ficar em casa? — pergunto.

— Tem, mas é raramente, quando acontece ele fica lá no tio George também — ele me conta.

— Como é pra você e pro Lee? Ter ele longe assim? — pergunto com a cabeça em seu ombro.

— Lee demonstra mais, mas é chato, sabe? Quase não conseguimos falar com ele, quando falamos ele tá rodeado de gente — começa a dizer. — Fora que quando ligamos e ele não atende é sempre aquela angústia, de não saber o que aconteceu pra ele não atender — fala.

— Sinto muito por isso, amor — é a única coisa que consigo responder.

— Com o tempo a gente se acostuma, não é? — ele fala.

— Acho que sim — digo.

— Pra você é complicado também, não é? — pergunta. — Seu pai morando em outro país e sua mãe sempre viajando — completa.

— Bem, fácil não é — falo soltando um falso riso. — Meu pai nunca fez questão de ser meu pai, as vezes que vi ele foi por estar visitando minha avó — falo. — Considero Richard muito mais do que ele, quero dizer, é Rick quem me conforta quando estou triste, que cuida de mim quando minha mãe não está, ele me apoia em tudo, já foi até em reunião escolar — falo.

— Você gosta muito dele, né? — ele fala.

— Demais — digo.

— E sua mãe? — pergunta.

— Minha mãe tem milhares de defeitos, mas ela sempre esteve aqui quando precisei dela. Minha primeira menstruação, primeiro coração partido, joelho ralado, ela quem me ensinou a andar de roler — falo lembrando de nossos momentos. — Mas conforme eu fui crescendo nós fomos nos afastando. Vivemos brigando, ela sempre sai e volta tarde da noite quando está em casa, fica bêbada e enlouquece. Dessa vez ela está mandando dinheiro, mas não costumava pagar nada da casa quando estava fora — explico. — Pra variar, foi Rick quem conversou com ela pra tentar explicar que por mais que ela me pague por conta da loja, eu não tenho como sustentar o custo do apartamento — termino.

— Isso é muito chato, linda — ele fala pondo sua cabeça sobre a minha.

— É mesmo — falo fechando os olhos.

— O rapaz não gostaria de dar uma flor de presente para a sua garota? — ouvimos a voz de uma senhora.

— Ah! Claro! — Isaac diz. — Qual valor dessas? — ele pergunta apontando para um pequeno arranjo com três tulipas.

— São 10 dólares — a senhora responde a ele.

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Fronteira - Isaac Garcia Onde histórias criam vida. Descubra agora