Noah
- Acorda Noah...- Vagamente ouvi Elizabeth me chamar- Seu pai mandou que você fosse para a empresa hoje.
Soltei um grunhido e me encolhi entre as cobertas quando ela abriu as cortinas sem muita piedade.
- Você não tem nada mais interessante para fazer?- Perguntei grogue de sono.
- Na verdade, eu até tenho, mas seu pai disse para eu não sair do quarto enquanto você não acordasse.- Ela puxou as cobertas e eu bufei.
- Porra Beth, você já foi mais agradável.- O que eu posso fazer? Manda quem pode e obedece quem tem juízo.
Eu ri, porque conhecendo-a como conheço, é claro que ela diria algo nesse estilo.
Elizabeth, ou Beth, está na minha família desde que eu consigo me lembrar. Sendo bem honesto, não sou capaz de me recordar de um só dia que ela não estivesse comigo.
Uma década mais velha que minha mãe, a empregada - que agora já é vários centímetros mais baixa que eu - Sempre teve mais tempo para mim do que a médica bem sucedida e o empresário imponente que me colocaram no mundo. Não podia negar as pequenas rugas surgindo no canto de seus olhos escuros e alguns fios brancos que já surgem em meio a sua cabeleira negra, embora ela sempre o mantenha em um coque perfeitamente alinhado. Mas, ainda assim, imaginar que um dia ela irá se aposentar e partir, me deixa em pânico! Ninguém sabe lidar comigo tão bem quanto Beth. Ninguém sabe como me dar lições de morar sem que me deixe possesso de raiva, como ela. Por mais vezes do que consigo contar, eu vi na empregada a mãe que eu precisava; um futuro sem ela é algo que eu, certamente, não consigo imaginar.
Exceto quando ela me acordava.- Você podia considerar vestir pelo menos uma bermuda para dormir.- Ela resmungou, indo até o banheiro depois de me encontrar, não pela primeira vez, apenas de cueca boxer sob as cobertas que ela puxou.
- Eu já disse, é desconfortável.
- Desconfortável devia ser a empregada chegar no seu quarto e te encontrar quase nu em cima da cama.
Eu ri e levantei, finalmente indo atrás dela.
- O que foi? Não vai me dizer que não sente desejo por mim.- Agarrei-a pela cintura enquanto ela estava curvada na banheira, testando a temperatura da água para o meu banho.
- Claro, sinto um desejo enorme de te dar uns tapas! Me respeita que eu tenho idade para ser sua mãe.
Soltei uma gargalhada enquanto me dirigia até a pia para escovar os dentes.
- Hoje isso é normal. Homens estão se casando com mulheres até o triplo da idade deles.
Beth tirou sua mão da banheira e balançou em minha direção jogando água, o que me fez rir ainda mais.
- Ah, qual é! Imagine isso como a manchete de um jornal: Herdeiro da maior rede de empresas automobilísticas se casa com funcionária.
Beth balançou a cabeça, mas não fui capaz de segurar o riso.
- Você não tem jeito, Noah.Mais tarde, depois do banho, arrumei-me do jeito que meu pai gosta e me encarei no espelho: terno preto sob medida, sapato social, cabelo quase perfeitamente alinhado- O estereótipo perfeito do riquinho se preparando para assumir as empresas da família e se tornar o eco do pai: Poderoso, influente e infeliz.
Balancei a cabeça negativamente, afastando os pensamentos e logo desci.- Bom dia, Joe.- Cumprimentei o guarda-costas ao encontrá-lo me esperando na ponta das escadarias.
- Bom dia, Noah.
- Você já não deveria estar na empresa com meu pai?
- Recebi ordens para que eu viesse busca-lo.
Revirei os olhos- É claro que recebeu. Só espero que saiba que eu pretendo ir dirigindo, o que significa que você irá no banco do carona.
Pude perceber seus lábios se curvarem ligeiramente em um sorriso contido, embora sua postura permanecesse inalterável.
Me lembro de quando ainda era criança e tentava imitar o homem negro de cabeça raspada que, para mim, parecia tão assustador quanto gigantesco. Tinha a postura reta, mãos juntas atrás do corpo e seus olhos estavam sempre em alerta e focados em qualquer coisa que estivesse em sua frente. É claro que eu não conseguia passar de um minuto assim, nunca fui realmente bom em ficar parado.
Passei pelo homem e segui em direção a cozinha onde Beth já havia deixado meu café da manhã pronto, e como de costume ao me sentar na mesa fiz uma careta com a quantidade de alimento desnecessário e que somente eu seria incapaz de comer tudo aquilo.
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The Price Of Happiness
Fanfiction| Adaptação Noarra | Aos 18 anos, Diarra Sylla não pensa em se comprometer com nada mais além do seu trabalho, sua irmã de três anos e sua faculdade, mas sua vida dá um solavanco surpreendente quando em uma noite de estudos, por acaso, ela conhece N...