1 - Wei MeiYing

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Uma fic baseada numa história real contada por um amigo que gosta muito do que escrevo e gostaria de ver como eu faria a vida dele numa versão WangXian. Eu amo a história dele e espero que vocês amem também!
Senta que lá vem história.

Wei CangSe e Wei ChangZe estavam mais que felizes com os preparativos para o nascimento de seu primeiro bebê. Uma menininha. As roupinhas compradas, o quartinho decorado, o nome escolhido a dedo por CangSe.

Ela nasceu de parto natural, forte e saudável, chorando a plenos pulmões e logo que foi posta nos braços de CangSe, a mulher lhe beijou o alto da cabeça e emocionada declarou:

_Bem vinda ao mundo minha pequena Wei MeiYing.

MeiYing era o bebê mais lindo daquele andar da maternidade com seus cabelos pretinhos lisos e ralos, os olhos cinzentos e a pele clara. Toda gorduchinha e extremamente manhosa, já que sempre que era posta no berço chorava, preferindo mais o calor do colo de ambos os pais.


✨✨✨


A menina começou a crescer e conforme crescia, quase sempre questionava coisas, principalmente quando a mãe a vestia para a escola.

_Mamãe, porque eu não posso usar calça comprida? Eu odeio essa saia.

_É porque esse é o uniforme das meninas.

_Eu queria ser menino. - disse ela emburrada.

CangSe riu penteando os cabelos que iam abaixo da cintura da filha, que fez bico quando o cabelo foi preso num rabo de cavalo alto e um laço vermelho foi posto no mesmo com o emblema da escola em seu centro. A gravata borboleta foi amarrada e MeiYing se olhou no espelho e cruzou os braços zangada.

_Estou horrível! Todos os dias eu estou horrível com esse uniforme e com as roupas que a senhora compra!

_Vai começar?

_Estou horrível! Horrível, horrível! - repetiu a garota de oito anos - Odeio essa saia e essa meia calça e essa laço horroroso e odeio esse cabelo comprido! – a menina suspirou triste e CangSe se surpreendeu ao ver a filha limpar os olhos devido as lágrimas – Eu odeio ser menina... e ter que agir como menina...

_Como assim filha?

_Eu acho que nasci errado... Eu não era pra ser assim.

_Como você era pra ser?

_Cabelo curto, igual do papai e usando roupas parecidas com as dele e eu queria brincar do que os meninos brincam no recreio e jogar o que eles jogam na educação física. Eu queria ser menino.

_Sobre as brincadeiras, podemos fazer algo diferente no fim de semana com seus primos. Mas sobre o cabelo e suas roupas, não!

_Mamãe... Eu não me sinto bem assim...

_Você é uma menina MeiYing! Haja como tal!

E ela agiu. Foi uma criança quieta e triste e uma moça de modos impecáveis até sua adolescência, até começar a cobrir o espelho para não olhar para ele e se ver de uma forma muito diferente da que se imaginava. Ela agiu como menina até socar o espelho no dia de seu décimo sexto aniversário depois de sua mãe lhe colocar em um lindo vestido rosa, e cortar o pulso esquerdo com um caco e ser encontrada por seu pai quase falecida. MeiYing teve uma parada cardíaca a caminho do hospital, entrou em choque pela perda de sangue, mas foi trazida de volta a vida e depois desse ocorrido, sempre narrou que precisou morrer para viver.


✨✨✨


Cinco anos depois...

O despertador tocava de modo estridente na mesinha de cabeceira e um rapaz de cabelos curtos, completamente sonolento pegou o celular e o olhou resmungando.

_Wei Ying! Você vai perder a hora!

_Ah... Eu já acordei mãe.

Ele se sentou na cama e passou a mão nos cabelos curtos dando uma rápida olhada nas mensagens do celular. Nem acreditava que iria começar na faculdade depois de tantos problemas, altos e baixos, disforias diante do espelho e tratamentos hormonais. Havia retirado os seios há dois anos e feito plástica para construir um peitoral, malhava quase todos os dias para definir o corpo e seguia a risca as recomendações médicas para o bem de sua saúde.

Mesmo com a plástica, haviam ficado duas cicatrizes muito sutis dos seios que tirou, mas ele as olhava como troféus, assim como olhava para seu rosto, pois agora via no espelho aquele que sempre se imaginou ser desde criança, desde que lhe enfiavam em vestidinhos e lhe enchiam de laços, desde que o obrigavam a ser uma adolescente feminina demais, o que o fazia ter uma disforia de gênero muito forte ao ponto de preferir se ver morto a continuar vivendo na caixinha que não havia sido feita para si mesmo.

Seu pai foi o primeiro a lhe dar apoio. Ele ainda se lembrava de acordar com a mão direita enfaixada por ter socado o espelho e o pulso esquerdo enfaixado. Uma agulha com soro e medicação na veia do braço direito e canilhas nas narinas para lhe ajudar a respirar. Ainda estava grogue, mas jamais iria esquecer de ChangZe lhe segurando a mão com carinho, lhe beijando a testa e dizendo:

“Me perdoe meu filho. - foi a primeira vez que fora chamado no masculino - Ninguém nunca mais vai lhe obrigar a ser o que você não é!”

E nem ele e nem sua mãe, com um pouco de relutância e brigando contra si mesma, o obrigou a mais nada.

Wei Ying tocou os cabelos, ainda se lembrava de que quando voltou da internação no CTI, foi a primeira coisa que mudou em si com a ajuda da mãe. Ainda se lembrava dela chorando muito ao cortar os cabelos dele e ele com o coração partido ao vê-la assim, mas também se lembrou do sorriso dela ao fim do corte e de como ficara bonito e perfeito e de suas palavras:

“Filha ou filho, o importante é que eu ainda tenho você.”

“Mamãe... – ele a abraçou chorando – Eu não me importo com o pronome que a senhora me chame, apenas não deixe de me amar como a senhora ama por favor... Eu não vou conseguir sem a senhora e o papai.”

“Jamais. Você é meu presente MeiYing

“Pode... Pode me chamar de Ying? Wei Ying?”

“Posso. Eu posso te chamar por esse nome. Você tem brilho próprio e é isso que Ying significa”

Ele respirou suavemente de olhos fechados com um sorriso nos lábios. Era bom ser aceito, era bom ter uma família que o compreendia. Seus tios o aceitavam, os primos também e quando ChangZe e CangSe resolveram se mudar para a Inglaterra, o irmão de CangSe, FengMian resolveu ir junto com eles, a esposa e os dois filhos. Todos apoiariam Wei Ying e todos ajudariam a cuidar dele conforme ele iniciava e progredia nos tratamentos hormonais.

Wei Ying tirou documentos novos com seus novos nomes, tanto pra nascimento, ele fez questão do Ying do nome MeiYing, pois havia sido escolhido por sua mãe e escolheu Wuxian para cortesia com a ajuda do pai, já que esse nome significa guerreiro.

Ele desceu a escada muito bem vestido e entrou na cozinha e deu uma voltinha diante dos pais.

_Como eu estou?

_Lindo! – disseram eles.

_Mãe eu estou tremendo. Minhas mãos estão suando. Eu só saio de casa pras consultas e a academia, e não sei se foi uma boa ideia fazer faculdade... Acho que eu...

_Filhote, olha pra mim. – ele olhou, sua mãe tinha a mesma cor de olhos que ele – Você idealizou sua aparência. Melhor, pôs pra fora, quem você sempre foi por dentro meu anjo. Não fique trancado em casa. Você é um homem lindo. – ele não evitou chorar, ouvir aquilo vindo de sua mãe era mais que especial – Ninguém aqui sabe da sua história, do que passou, um dia vai haver alguém que irá confiar o suficiente para tanto, mas por enquanto, apenas vá lá e viva. Deixe as meninas e os meninos ver o quão lindo você é.

_Mãe... eu sou gay. A senhora sabe.

_Eu sei. Mas as meninas também tem olhos. E elas vão olhar.

Wei Ying riu.

_A senhora não existe!

_Venha tomar seu café. Pro seu pai te deixar na faculdade antes do trabalho.

_Coma direitinho filho. Não esqueça que precisa tomar os comprimidos.

_Sim.

Meu nome é Wei Ying (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora