𝐅𝐀𝐋𝐋𝐈𝐍𝐆, Kai Mori

[𝟎𝟎𝟒]

[𝟎𝟎𝟒]. Eu suspeito do que você fez no verão passado;

Kai Mori
Dias atuais, Meridian...

Skyler D'Ángelo estava em Meridian.

A porra da Skyler D'Ángelo não apenas estava em Meridian, como estava materializada em carne, osso e muita irritação na minha frente.

Suas pernas batucavam freneticamente no chão, e os seus olhos fugiam dos meus a todo custo, de forma que deixava extremamente claro o seu descontentamento em estar neste local. Ou melhor, estar comigo.

Depois de nosso reencontro desastroso, o meu convite formal para um café amigável lhe pareceu irrecusável, dado o claro constrangimento que apossou o seu pequeno corpo por completo e, principalmente, pela intensidade que minha indiferença cobriu toda a nossa conversa – se é que se pode chamar assim as poucas palavras que trocamos – até então.

Talvez estivesse funcionando. Talvez a minha fachada de desinteresse estivesse fluindo tão perfeitamente quanto poderia. Talvez ela realmente estivesse acreditando na casualidade de tudo isso.

Somos apenas conhecidos que se reencontraram após longos anos, não?

Não. Definitivamente, não.

Skyler D'Ángelo, o pequeno projeto de assassina, é muito mais do que uma conhecida para mim, e isso não mudou nos últimos anos. Talvez nada tenha mudado nesses últimos anos.

Bom, nada além do fato de que dessa vez eu não estava aqui para tentar agir como amiguinho e companheiro da pobre garotinha órfã que se viu obrigada a abandonar tudo o que conhecia e se mudar para vários quilômetros de sua terra natal, onde viveu uma vida conturbada demais para uma criança, e acabou conseguindo e pena e empatia de um garoto idiota. Uma puta mentira.

Dessa vez, eu sabia perfeitamente com o que eu estava lidando, e não era com uma pobre garotinha, como inocentemente pensei há alguns anos atrás.

Cerro os olhos levemente, observando o seu olhar voltado para os carros que transitavam na avenida movimentada de Meridian. A mesa externa escolhida pela garota era fantástica em todos os sentidos, e nem mesmo o imenso guarda-sol às nossas cabeças limitava a ventilação e a vista harmoniosa. Noto alguns fios salientes voavam para fora de seu coque em consequência da pequena brisa que tocava nossas faces.

Jesus, ela estava linda.

Seu rosto estava claramente mais maduro, mas seguia tão delicado e lindo como sempre foi,  assim como o seu corpo que, embora coberto pelo sobretudo enorme, estava notoriamente curvilíneo e esbelto. Simplesmente linda demais para não ser notada por onde quer que passasse. Isso era um inferno em terra, o qual eu pouco consegui controlar em minha mente quando a vi pela primeira vez, alguns meses atrás.

Essa garota era o inferno em todos os sentidos, e isso era quase que bizarro.

Respiro profundamente, negando com a cabeça em pequenos movimentos desapercebidos pela garota à minha frente. Foco!