I.

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ESTOU CORRENDO DESCALÇA, cada passo meu ecoa na terra encharcada pela chuva incessante

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ESTOU CORRENDO DESCALÇA, cada passo meu ecoa na terra encharcada pela chuva incessante. O meu coração bate descompassado no peito, um ritmo frenético que acompanha meus pensamentos tumultuados. Não sei ao certo do que estou fugindo, mas sei que preciso continuar. Cada som ao meu redor é amplificado pela tensão que me consome.

A chuva cai implacável, transformando meus fios platinados em pesadas cascatas úmidas que grudam no meu rosto. As gotas geladas escorrem pelo meu pescoço como dedos frios, arrepiando minha pele já completamente molhada. Poderia controlar cada pingo com minha habilidade, moldar a água ao meu redor como uma extensão de mim mesma, mas não agora. Agora, estou ocupada demais fugindo, cada passo um esforço desesperado para me manter à frente do perigo.

O som dos meus pés descalços atravessando poças de lama é interrompido pelo ruído constante atrás de mim. É como se a própria morte estivesse em meus calcanhares, pronto para me alcançar a qualquer momento. A adrenalina corre pelo meu corpo, alimentando meus músculos cansados enquanto tento manter o ritmo da fuga.

Cada respiração é uma luta contra o medo que ameaça paralisar-me. A angústia mistura-se com a determinação desesperada de sobreviver. Minha mente vagueia entre lembranças e temores futuros, entre o passado que não posso mudar e o futuro incerto que agora parece tão perto.

Paro por um breve instante ao avistar uma cavidade oculta dentro de uma árvore ancestral, um refúgio inesperado que surge como uma dádiva em meio ao caos. Entro sem hesitação, fechando a entrada atrás de mim com um suspiro de alívio misturado à ansiedade persistente.

No abrigo escuro, me permito respirar fundo pela primeira vez desde o início da fuga. Observo o local com olhos cautelosos, surpreendidos pela beleza silenciosa das figuras desenhadas à mão nas paredes. São guerreiros e mapas do mundo, um testemunho silencioso de histórias esquecidas e segredos guardados.

A tensão em meus ombros contínua pulsante, como um lembrete constante de que a segurança aqui é apenas uma ilusão temporária. O esconderijo oferece um breve alívio físico, mas dentro de mim, uma tempestade de emoções ainda ruge, incessante e indomável. Meu coração teima em bater rápido demais, ecoando a urgência que se recusa a desaparecer. Eu sei que não posso permanecer neste refúgio para sempre; ele é frágil demais, assim como o intervalo de calmaria que me concede. Mas, por enquanto, deixo meu corpo ceder por um instante, permitindo um fôlego, um pequeno consolo, antes de encarar o próximo passo nesta jornada incerta e implacável pela sobrevivência.

O som agudo e cortante de uma lâmina fendendo o ar me arranca do breve descanso. Meu corpo reage antes que minha mente processe, dando um salto brusco para trás. Meu coração dispara novamente, agora em alerta absoluto. Me viro, com cada músculo em tensão, os olhos procurando a origem do ruído. A escuridão ao meu redor parece se tornar mais densa, ameaçadora. E então, eu vejo uma silhueta masculina emergindo das sombras, a lâmina ainda tremulando em sua mão, como se carregasse consigo a intenção de cada golpe desferido no silêncio...

Hydrazar: Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora