Não contei a ninguém.
Não sabem do beijo, não sabem do vício abandonado e o novo nascido no âmago do Príncipe. Sabem muito menos que fui obrigado a colher morangos.
Uma cesta deles.
Uma cesta enorme.
Já haviam se passado dois dias.
Seungmin estava sentado no chão com os cantos dos lábios vermelhos. Ele apenas mastigava.
Mastigava... e mastigava...
- Vossa Alteza?
- Hm? - perguntou de boca cheia.
- Estive pensando - me sentei ao seu lado, no tapete de pelos azuis turquesa.
O príncipe me olhou curioso, esperou por minhas palavras mas fui capturado por sua beleza. Sua postura belíssima.
Ele ainda era um príncipe terrível! Como poderá ser Rei se come morangos no chão? Como uma criança?
- O príncipe precisa de ajuda. Me deixe lhe ajudar.
- Você já faz muito isso, Jeongin. Vá descansar. Mas antes coma alguns morangos.
Me levantei ansioso, caminhei de um lado para o outro, quase perfurei o chão de mármore. Estava pensando.
- Abstinência! - Me lembrei da palavra. - Vossa Alteza está com abstinência. Irei chamar o curandeiro.
Meu pulso foi agarrado e nem o vi se levantar. Alguns morangos se espalharam pelo tapete.
- Jeongin. Estou bem.
- Claro que está, Príncipe - Não estava não. - Apenas precisa descansar e esquecer os cigarros. E.. os morangos.
Ele riu. Gargalhou. Precisou se sentar na cama enorme.
Enlouqueceu!
- Gosto tanto de você.
- Gosta? - minhas bochechas queimaram.
Me curvei, em agradecimento, o máximo que pude em sua direção.
- Gosto. Assim como gosto de morangos.
- E os cigarros?
- Cigarros me fazem mal.
- Fazem mesmo - concordei. - E os morangos?
- Me fazem bem. - Seus olhos sorriram. A boca pareceu querer esconder os dentes por causa de um fino sorriso. Claro, ele era um Príncipe, não poderia se expor demais. - Mas não estou viciado nos morangos.
- Parece - assumi e ele riu.
- Me diga, gosta de mim também?
- Claro, Vossa Alteza! Com certeza gosto do Príncipe.
- Argh, Jeongin - resmungou parando de frente para mim. - Pergunto se gosta de estar comigo.
De que isso importa? É o meu trabalho! Não há mais nada além disso que eu possa fazer nesse castelo, oras.
Mas, na necessidade de uma resposta, eu realmente gosto.
- Você comeu morangos mais cedo, no dia em que lhe beijei. Não comeu?
- Sim! - respondi empolgado e logo fazendo cara de nojo. - Mas não voltei a comer, pois vê-lo devorar essas pobres frutas me deixou enjoado.
- Mas a culpa é sua!
- Minha? - meus olhos se encheram de água.
Como posso ser um desastre na única coisa que sei fazer? Como posso falhar em cuidar de um Príncipe? O Rei nunca mais confiará em mim.
Me jogará aos crodilos, me amarrará na primeira árvore que encontrar.
- Jeongin!
- Sim, Vossa Alteza?
- Me afundei nos morangos para não beijar sua boca outra vez.
- Oh...
Que tragédia! Que belíssima tragédia!
Kim Seungmin, eu lhe beijaria até que os muros desse castelo se tornassem pó.
- Pode me beijar quando quiser, Príncipe. - assumi tímido. Cheio de esperança e um sorriso no peito.
- Eu não poderia.
- Claro que poderia! - respondi óbvio, desejando provar seus lábios outra vez. - Mas não é o certo, então realmente não poderia.
Ele riu. Tão perto, tão belo.
- Você não deve aceitar me beijar só por ser uma vontade minha, Jeongin.
- Não posso lhe negar nenhum pedido, Vossa Alteza.
Entristecido, ele se sentou na cama novamente. Estava aborrecido, com os lábios murchos.
- Pode se retirar, Jeongin, já fez muito por mim. Obrigado.
- Príncipe - chamei me sentando ao seu lado, me afundando no colchão macio e muito diferente do meu.
Naquele momento, eu estava ignorando um pedido real. Ignorei um pedido do meu Príncipe. Mas eu deveria ser honesto comigo mesmo, até porque, de acordo com os crimes cometidos nos últimos dias, eu já estava condenado.
- Aceito lhe beijar porque também quero. Se me pedir, beijo seus lábios que durante tanto tempo só beijaram a seda que enrolava o tabaco.
Ele me olhou surpreso. Parecia sair faíscas de seus olhos.
- Só para curar minha suposta abstinência, Jeongin?
- Para me tornar seu vício, Vossa Alteza.
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Prince & Cigarrets | SeungIn
FanficSeungmin é um príncipe viciado em cigarros. Jeongin é um criado crítico, mas muito fiel.