Saudades dela.

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Na França pela a manhã tudo permanecia no mais absoluto silêncio, exceto pelas risadas entre Evelyn e Célia na cozinha em que estavam tomando café, a manhã em Paris tem sido graciosa o bastante para que ambas mulheres tivessem momentos tão singelos como esse, risadas genuínas e conversas descontraídas sem relação com o trabalho.

As duas se enchiam de beijos como se todo o amor que sentiam não era suficiente, a demonstração era algo visto com uma necessidade a ser atendida no relacionamento de ambas, precisavam sentir o amor das duas.

Era uma necessidade.

Evelyn conheceu a ruiva em um dos fahsions weeks em que frequentava trabalhando de design, uma modelo de mão cheia que Evelyn se encantou desde o momento em que a conheceu, começaram a sair às escondidas após os desfiles e agora se encontram em uma relação de muito afeto e carinho.

–Sério mesmo que ela disse isso?--Evelyn perguntou entre risos para sua namorada que estava cortando algumas frutas no balcão.

Evelyn permanecia abraçada por trás de Célia dando alguns beijos no seu pescoço, suas mãos faziam um carinho delicado em sua cintura demonstrando conforto e segurança, Celia nunca foi de gostar ou amar toque físico mas quando conheceu Evelyn, acabou descobrindo uma nova paixão em que nunca experimentou em todos aqueles anos.

Celia é apaixonada no toque e que eles expressam o que palavras não podem descrever ou sentir, era uma forma de expressar cuidado e atenção por outra pessoa, a ruiva desde então tem oferecido e recebido todo tipo de contato físico junto com Evelyn.

–Também não acreditei no que ela falou quando escutei pela primeira vez meu amor!-- Respondeu Celia recebendo todos aqueles beijos em que a loira distribuía para ela.

–você me chamou de que ?....-Evelyn perguntou enquanto permanecia com seu rosto na curva do pescoço da sua namorada.

–Hm.. você escutou!-respondeu tímida

O assunto em que estava sendo comentado pelas duas, era o fato de que Celia apresentou Evelyn oficialmente como sua namorada para sua família e tudo ocorreu bem, Celia lidava com familiares preconceituosos então nunca havia mencionado nem mesmo sua sexualidade para eles, Evelyn sempre respeitou a questão de se abrir em relação a sexualidade para alguém então sempre fez questão de consolar Celia sobre isso.

–Sua mãe realmente quer me conhecer?-- a pergunta de Evelyn saiu mais desesperada do que ela planejava de fato, sua voz quase não saiu.

–Claro que sim amor! E se não quisesse conhecer ela iria saber de você de qualquer forma– Celia respondeu com um tom de voz suave e beijou a testa da namorada–Falo tanto de você pra eles… já estavam suspeitando de nós sermos namoradas há um bom tempo–complementou doce

–Então quer dizer que você fala de mim pra eles…—Evelyn sussurrou no ouvido da ruiva entre algumas risadinhas.

–Acha que eu esconderia a mulher que eu tenho ? Gosto de assumir pro mundo!-- Celia respondeu no mesmo tom de voz, Evelyn sorriu de forma espontânea.

Suas bochechas ficaram vermelhas e seu sorriso foi ficando mais tímido.

Evelyn nunca iria se acostumar com a ideia de se assumir para “o mundo” como Celia dizia, durante anos nunca questionou sua sexualidade e ao conhecer Celia seu mundo virou de ponta cabeça, sequer havia sonhado que estaria morando com a modelo mais renomada de Paris, e também a mais bonita.

–Merci mon chéri ... .-Evelyn sussurrou com seu sotaque francês tão presente em sua voz.

-Je t'aime mon petit Cœur….-- Celia respondeu de volta roubando um selinho da namorada

Evelyn se sentiu grata por saber que foi aceita pela família de Celia, em meados de 1975 aquilo ainda era fora da sua realidade, jamais imaginou que poderia amar uma mulher pois até então sempre lidou com medo.

-O que está pensando mon chéri?-- Celia questionou ao perceber sua namorada aérea nos seus pensamentos

-Eu nunca me imaginei assim sabia ?-Evelyn disse com sua voz suave

-Assim como ?-Celia parou de cortar as frutas no balcão e se virou de frente para ela.

Evelyn abraçou a cintura da namorada e puxando a pra perto, um pequeno beijo foi concedido entre as duas que estavam ali tão genuinamente felizes.

-Feliz Amor! Nunca pensei que seria tão feliz com alguém igual eu sou com você- Sussurou a loira após o beijo

As bochechas de Celia ganharam um tom vermelho e seu sorriso rasgava ainda mais seu rosto, Celia foi apaixonada por Evelyn durante uma vida inteira e agora que estavam oficialmente juntas tudo parecia surreal pra ela.

Celia via diversos desfiles em que Evelyn participava na sua breve carreira de modelo nos anos 50 e seus olhos brilhavam, admirava aquela loira como ninguém antes havia feito.

-Você é tão surreal pra mim…–Celia respondeu tímida enquanto desviava o olhar

-Você que é sabia ? Tão linda…-Um beijo delicado foi dado na bochecha de Célia.

Evelyn seguiu seus beijos em direção para o pescoço da ruiva, beijando cada pedaço da sua pele branca que estava exposta, Celia ergueu sua cabeça dando mais espaço para a boca da namorada explorar aonde quisesse.

Celia agarrou na cintura da loira trazendo ela para mais perto do seu corpo, ambas com o corpo colado uma na outra foram deixando aquelas acaricias aflorarem.

Quando Celia piscou os olhos Evelyn já havia agarrado a ruiva e prensado contra a parede, Evelyn segurava os pulsos de Célia sobre a cabeça e com suas proprias pernas, aprensava o corpo de Célia na parede limitando seus movimentos.

-Gostosa…-Evelyn novamente sussurrou analisando a posição em que sua namorada estava.

Desde então passaram 5 anos juntas uma ao lado da outra degustando de amores e prazer.

Porque depois do acidente em que Celia sofreu, Evelyn nunca mais sentiu aquele amor tão puro que recebia pela manhã.

Logo depois de se casarem foram ao caminho para comemorar a lua de mel às escondidas, porém durante a trajetória Celia sofreu um atentado dos militares em que perseguiam elas na época.

Evelyn acordava todos os dias questionando quando ela iria voltar? Não queria lidar com aquela realidade pois nunca imaginou viver em um mundo sem a Celia.

Evelyn sentia uma eterna saudades daquela noite em Paris onde Celia disse que em queria assumir a namorada para o mundo, sentia saudades dela todos os dias.

Just One love and seven husbands Onde histórias criam vida. Descubra agora