Void

188 11 10
                                    

Celia St James— povs

Porra de novo isso Evelyn?— falei enfurecida pelo fato de mais uma vez Evelyn queria seguir com o plano dela de se casar com Rex North.

—Já conversamos sobre isso à meses atrás não venha querer mudar nada agora ! Já está tudo planejado— Evelyn cuspiu suas palavras e voltou a contornar seu batom vermelho para as gravações do filme que iriamos participar chamado mulherzinhas

Não me conformo com isso Evelyn! Você simplesmente não precisa se casar toda vez em que der na telha, consegue muito bem ficar solteira—falei me aproximando da penteadeira na qual ela estava se arrumando

—Você concordou com isso desde o começo então já devia ter se conformado desde já !— seu tom de voz aumentou e ela cruzou os braços enquanto levantava da penteadeira ficado-se de frente para mim.

—Aceitei pois você não escuta nada ao não ser as vozes da sua cabeça— estava começando a ficar levemente alterada sobre essa briga toda, Evelyn queria se casar com Rex para conseguir se mudar com ele para outra cidade e isso faria com que Evelyn demorasse para chegar no set das gravações e precisasse de mim para passar os papéis do filme para ela, outro ponto era em que os holofotes amariam ver o novo casal contudo o plano simplesmente não tinha cabimento nenhum e estou tentando convencê-la disso á dias

—Está me chamando de louca agora Jamison ? Estou fazendo isso para proteger nós duas— Evelyn apontou seu dedo na minha cara enquanto sua expressão não era uma das melhores

—Por favor em que mundo você está me protegendo ? Você está me escondendo de todos aqui Evelyn— bati na sua mão para que ela abaixasse seu dedo

—Não existe outra forma a não ser essa Celia, você sabe o que acontece com as pessoas como nós— Evelyn gritou alterada.

Na verdade o que acontece comigo—gritei de volta enquanto seguia ela até a porta pois a loira estava se afastando a cada minuto.

—Está querendo insinuar o que James ?— sua voz grosseira e irônica ficava presente quando ela não concorda com o que você diz, Evelyn escuta somente o que à convém

—Não estou querendo insinuar nada Hugo apenas enxergue a realidade, você pode se casar com um homem e pode beija-lo em público enquanto eu não posso fazer nada disso !— Gritei sentindo as lágrimas deslizarem no meu rosto, ser lésbica era absurdo demais atualmente, sei que existem mulheres como eu mas elas se escondem através das quatro paredes em que beijam e admira outras mulheres em que elas amam.

Ser lésbica estando nos anos 60 era minha maior solidão.

—A culpa é minha se você não consegue nem mesmo andar ao lado de um homem sem ficar enjoada ? É tão fácil gostar de um homem— dizia irônica

—Se fosse tão fácil você já teria gostado de um mas na real você não gosta de nenhum deles, você se casa em troca de algo pois não passa de uma vagabunda sem valor nenhum— as lágrimas do meu rosto desciam porém eu sentia uma raiva imensa transbordando no meu corpo, Evelyn se enfureceu no momento em que escutou isso e logo puxou a gola do meu vestido fazendo-se nossos rostos ficarem perto um do outro.

Sentia o ar quente saindo dela

Vagabunda é você que flerta com todas as mulheres possíveis e acha que ninguém vê— Ela estava tão nervosa que chegava a ficar vermelha

—Você acha que não faz a mesma coisa dormindo co vários ? Você não passa de uma puta— sentia meu rosto queimar de uma forma terrível. Estava definitivamente nervosa

—E você não passa de uma lésbica nojenta que acha que qualquer um se arriscaria por você, ninguém aguentaria essa merda Celia—Naquele momento pude sentir mais que um tapa na cara ali, engoli a saliva tão forte que senti uma pontada no peito. Evelyn mais nada falou e apenas voltou para a penteadeira e pegou seu colar dourado na qual Rex deu para ela no primeiro encontro, logo depois ela saiu daquele camarim me deixando totalmente sozinha naquele camarim.

Estava distinguindo suas palavras na qual me atingiu com uma força maior, sabia que ela estava certa por um lado mas doía. Doía saber que eu nunca poderia amar uma mulher igual um casal normal, teria que me manter de baixo de uma assa na qual teria que me proteger durante anos e décadas.

Eu era solitária, sabia que existia pessoas como eu porém elas nunca poderiam beijar suas namoradas em um telão de cinema ou até dos mínimos detalhes: não poderiam pegar na mão uma da outra pois qualquer um desconfiaria, não gostava de homens e isso significa que viveria somente de casos.

Mas nunca um grande amor que sempre sonhei

Evelyn podia se casar com um homem, podia ir para encontros, seu carro poderia estar estacionado na casa de um de seus vários maridos enquanto eu...

Acordava completamente sozinha e assim será durante uma eternidade, morrerei sendo uma lésbica solitária de "merda" que flerta com várias mulheres, mas nenhuma nunca me levaria para um altar.

Todo o meu sonho de amar ma mulher e poder beija-lá em público ficaria na minha cabeça, as vozes da minha cabeça morrerão comigo.

Assim como meu maior ato de amor verdadeiro: amar uma mulher sendo lésbica nos anos 60...

Just One love and seven husbands Onde histórias criam vida. Descubra agora