Capítulo 8 - Ao encontro.

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Ugniria entrou no quarto que Maria cedeu a ela, era pequeno, tinha uma cama de solteiro e um guarda-roupa. Ela ainda não acreditava que sua mãe tinha partido, tudo que conseguia pensar era que ela poderia ter sido uma melhor filha, que ela poderia ter estado presente mais vezes, que talvez se ela não fosse tão ela... poderia ter visto Bruna em seus últimos momentos.

Ugniria fechou a porta e se sentou na cama, engoliu a vontade de chorar e por fim, pegou seu celular e o desbloqueou. Havia muitas notificações de vizinhos e familiares que resolveram dar a cara desejando condolências, contudo, uma em especial fez o coração de Ugniria parar.

"Desculpe por não poder ir ao seu encontro no enterro. A dor nunca vai passar, não importa o que eu queira ou deseje a você. Quando estiver pronta para seguir em frente, eu tenho boas informações. " – Vinicius.

Ugniria não conseguiu segurar as lágrimas, elas escorreram amargamente em seu rosto. Aos 14 anos, ela descobriu que tinha problemas respiratórios por conta de uma má formação quando estava sendo gerada, após fazer tratamentos sua saúde melhorou, contudo sempre se perguntou o que sua mãe teria feito para ela ter tido esses problemas. Será que ela me abandonou porque acreditava que não poderia me dar uma boa condição de vida? Será que ela sofria de alguma doença? Será que ela ainda pensava em mim?

Cansada de sempre pensar e nunca conseguir chegar a uma resposta, Ugniria começou a investigar seu passado e depois de muitos caminhos que não chegavam a lugar algum, ela encontrou Vinicius, um jovem e misterioso detetive, que era amigo de um parente distante, que lhe ajudou a encontrar pistas relevantes.

Ela tinha parado sua investigação quando descobriu que Bruna, sua mãe adotiva, tinha câncer. Se sentia culpada por procurar uma pessoa que não a quis ao invés de cuidar e aproveitar a pessoa que a acolheu. Pensar nisso a deixava com o sentimento de culpa ainda maior, quanto tempo ela poderia ter aproveitado a companhia de Bruna se tivesse deixado essa história para lá.

Quando conseguiu se recompor, Ugniria entrou na conversa com Vinícius, reviu algumas mensagens antigas e por mais difícil que fosse, resolveu não continuar com isso. Sua história pode não ter começo, mas o final ela poderia criar.

"Sinto muito, não quero mais investigar sobre esse assunto"

Rapidamente Vinicius visualizou a mensagem e somente depois de uns 15 minutos digitou algo.

"Podemos nos encontrar?"

Ugniria ignorou e bloqueou o celular. Poucos segundos depois o aparelho tremeu, sabendo de quem se tratava, ela olhou pela barra de notificação, era uma foto e em sua legenda dizia: "pense melhor". Curiosa, ela abriu a conversa novamente, a imagem tratava-se de uma mulher que estava usando o mesmo anel com o qual ela foi abandonada em um cesto quando criança. Ugniria segurou o choro e tremendo digitou: "Quem é ela?".

[...]

Thiago finalmente tinha chegado ao hospital, seus pais falsos fizeram uma atuação digna de um óscar e após guardar todos os seus pertences, ele foi levado a um quarto sempre acompanhado de um enfermeiro. O quarto era pequeno, mas tinha ótimas instalações. Uma janela permitia ver ao longe um jardim e um prédio branco com muito movimento.

- Thomas – o enfermeiro que o acompanhava falou – O nosso hospital usa uma roupa específica para pacientes. Já me passaram o seu número de roupa e sapato, estão dispostas em uma bancada no banheiro.

Thiago concordou e entrou nele. Se Clarice está sendo mantida aqui, deve tá vivendo uma vida de princesa, pensou. Mas, novamente, essa ideia não fazia o menor sentido.

- Estou com fome, gostaria de comer – Thiago falou ao sair do banheiro.

- Aqui temos um jantar servido em conjunto a todos os pacientes, mas o horário já acabou. Vou pedir que tragam algo em seu quarto.

A Meia luz da Verdade - Trilogia Portal de Arold - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora