Prólogo

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Isabelly

18 de maio de 2001

Eu estava andando pelo o aeroporto de Texas indo direto para o avião em que eu iria decolar. Quando entrei, coloquei as malas no compartimento acima da aeronave, e me sentei.

Suspirei, olhando para o lado e ao mesmo tempo escutando a aeromoça falar que iríamos decolar. Tirei meu casaco de pelo pois estava quente e desamarrei meu coque, preparada para dormir a viagem todinha.

A viagem foi tranquila, demorou mais ou menos quatorze horas, e eu finalmente cheguei no Brasil em Salvador-BA. Um dos melhores momentos da minha vida com certeza foi aquele, eu iria começar uma nova jornada na minha vida, obrigada pai, por ter me ensinado a falar em português.

Peguei a estação de trem às dez e meia, e o trem estava bem lotado, mas consegui me aconchegar.

Chegando no centro de Salvador, comecei a andar pelas ruas, eu já estava cansada, mas mesmo assim eu continuei andando até chegar no apartamento onde eu moraria por bastante tempo. No prédio eu já cheguei afobada e ofegante, a roupa que eu estava também me dava calor, principalmente a minha blusa. Subi de elevador, e peguei as chave na minha bolsa pequena.

Entrei, e finalmente tive tempo para descansar. O apê era fofo, pequeno mas aconchegante, tinha uma cozinha americana, uma sala e um quarto que dentro tinha um banheiro. Era tudo bem simples, pelo o valor já imaginava que seria assim mesmo, não achei ruim. Corri até meu quarto com as minhas malas  e tranquei a porta, tirei meus tênis e joguei pelo o chão, junto com as malas que ficava ao lado de um espelho colado na parede. Pulei na cama e me deitei, dei um sorriso de alívio e peguei meu celular, o abrindo tentando ter sinal e mandar mensagem para a minha mãe.

Peguei um pouco de sinal, e me animei, mas eu tinha dúvida, era se daria certo enviar mensagem para ela, sendo que ela estava do outro lado do mundo, praticamente. Minhas expectativas foram de água abaixo quando eu vi que não tinha enviado, só fiz murmurar e desisti, fechei o celular e coloquei em cima da mesa, depois disso, não me lembro do que aconteceu, pois eu adormeci.

Algumas horas se passaram e já era de noite, quando abri meus olhos vi que eu babei, acho que dormi demais, não é atoa que já era tarde e eu ainda tava cansada da viagem, eu deveria ir tomar um banho.

Me levantei da cama e fui ao banheiro, tomei um banho bastante relaxante. Fui para o quarto me trocar. Depois de tanto bagunçar minha mala, achei um pijama, e o vesti. Agora sim, cheirosa e agradável, mas com fome, então sai do meu quarto para ir preparar algo para comer, até me lembrar que não tinha comida e teria que ir ao mercado na manhã seguinte. Merda.

Por sorte, na minha mala tinha alguns salgadinhos que eu havia comprado quando cheguei aqui, não dormirei com fome.

Terça-feira, outro dia se inicia, acabei dormindo no sofá mesmo. Acordei disposta, observava o trânsito na varanda do apê. O vento soprava, e meus cabelos voavam, aquele seria o dia em que eu mais iria andar por Salvador, atrás de uma escola.

Me arrumei, peguei minha bolsa e fui, desci de elevador e comecei a andar pelo o centro com um sorriso no rosto vendo tudo passar ao meu lado. Meu destino era em uma escola mais próxima, e não demorou muito para eu achar, só andei mais algumas ruas e cheguei de frente a escola, que era enorme, eu me surpreendi. Entrei e tinha bastante alunos andando pelos corredores.

Cheguei na sala de coordenação e bati na porta, ouvindo a voz de uma mulher.

— Entre! — exclamou.

— Licença. — entrei na sala e fiquei cabisbaixa.

A senhora me olhou, ela deu um sorriso simpático e indicou para eu sentar na cadeira a frente. Me sentei de pernas cruzadas colocando a bolsa no meu colo. E mais uma vez a senhora me encara.

— Você nem parece ser Brasileira, de onde veio? — ela perguntou com uma risada.
— Morei nos Estados Unidos.

Bom, na verdade nasci na Inglaterra, mas passei a minha vida toda morando no Texas.
A senhora me olha novamente.

— Nossa! — deu mais uma risada.
Pegou uma pasta cheia de documentos.

— Ah, também irei me matricular no ballet.

— Entendi, no caso, você vai se matricular na escola e no balé, né?
— Sim — digo.

— Tá bom, vamos fazer a matrícula.
Deu um sorriso, tirou uma folha enorme da pasta. Ela coloca o papel na minha frente. Eu resmunguei e peguei a caneta que ela me entregou.

— Assine essas informações. — Apontou para o primeiro parágrafo da folha.
— Aqui?
"Sim", ela respondeu.

Depois de alguns minutos, eu terminei de assinar tudo, pelo o que me lembre eu teria que assinar meu nome, minha idade, colocar minhas informações pessoais, meu turno etc. Depois, só fiz me levantar da cadeira e dei um aperto de mão na diretora, me virando para trás e indo embora. No meio do corredor, eu vim me lembrar de perguntar o nome dela, e que dia eu teria que ir, talvez amanhã, ou depois de amanhã.

Enquanto eu andava pelo o centro da cidade para conhecer mais aquele lugar, observei bastante as bancas que tinham no chão. Decidi comprar alguma coisinha para colocar no meu quarto, parei em uma banca que tinha uma mulher, com algumas tatuagens no braço, uma blusa vermelha de alça e um short preto. Ela fumava cigarro e estava bem concentrada atendendo os outros, demorou um tempinho para ela me perceber ali.

— Eita, moça bonita! Tudo bem? Vai levar o que? Olha, temos aqui utensílios de casa, roupas, entre outras coisas — a mulher dizia me mostrando as coisas.

— Hum, o valor? — Apontei para um abajur branco na minha frente.
— Opa! Vai levar? Aproveite que tá em promoção, treze reais e noventa e nove centavos. — Ela pega o abajur e mostra com um sorriso simpático.

Me surpreendi com o valor. Peguei a minha carteira e peguei vinte reais que eu havia sacado no banco, era bem interessante o nome reais. Entreguei o dinheiro e coloquei o cabelo para trás um pouco envergonhada. A mulher morena pegou o dinheiro da minha mão e me entregou a sacola que o abajur branco estava.

— Aqui seu troco. — Ela entrega e dá novamente mais um sorriso tirando o cigarro da boca.

— Obrigada. — Joguei o cabelo para trás e agradeci.

Sai dali empolgada, queria logo chegar no apê e colocar o abajur em cima da minha mesinha ao lado da minha cama.
Por enquanto, eu não tive nenhum problema em Salvador, eu fiquei impressionada com tudo, até com as crianças que andavam bem rápido de bicicleta.

Chegando no meu apê, eu fui para o meu quarto, e lá coloquei meu abajur em cima da mesa pequena e o liguei, de primeira não quis funcionar, mas com algumas batidinhas em cima do abajur, ele ligou. Depois disso, tirei minha roupa e vesti um vestido longo e aconchegante.

A partir disso eu fui dormir, uma coisa que eu amo, acordar logo no horário do almoço e comer para dormir de novo, sinto que essa tarde e o amanhã será outro dia maravilhoso.

O amor de uma florOnde histórias criam vida. Descubra agora