Prólogo

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Genteeeee, meu Deus, nem acredito nisso. Finalmente criei coragem de colocar minha cara no sol, e de colocar essa história pra fora. 

Vou precisar muito que me digam o que acham, se devo continuar ou não, se tá bom ou se tá ruim. Mas por favor, com carinho pq eu sou sensível e choro atoa. Já estou ansiosa pra ouvir de vocês. Beijos.




- O que é que você tá fazendo aí parada? – meu coração quase salta pela boca com o susto ao ouvir a voz do meu pai surgindo atrás de mim o que fez com que cérebro congelasse me impedindo de pensar numa resposta coerente.

- O quê? Nada, estava indo até a cozinha e me distraí. – ele franziu o cenho, e ficou em silêncio por alguns segundos, acho que propositalmente, a fim de me mostrar que estava desconfiado, e para esperar por uma resposta melhor, mas como eu não digo nada mais, ele se põe de volta ao seu caminho.

- Eu acho melhor você tomar cuidado com essas suas distrações. Ser filha dos diretores desse reformatório não vai te livrar de problemas, se é isso o que você espera. – adverte ele.

- Eu não espero nada, não se preocupe, e já estou indo. – sei que essa resposta o irrita porque consigo ver um lampejo de algum sentimento que não sei identificar em seus olhos, mas não tenho tempo pra pensar nisso.

No segundo em que ele some ao fim do corredor, avisto ao lado oposto a silhueta de Lauren, e, apesar de não conseguir ver o seu rosto porque ela está contra a luz, sei que ela pode ver o meu e digo a ela pra dar meia volta. Ela consegue captar minha mensagem e a tensão presente no ar, não discute, apenas obedece. Corro para alcançá-la, e, sem parar, digo:

- Você precisa ir. – ela entende a gravidade na minha voz e assente.

- À noite, quando todos estiverem dormindo, eu vou. Minhas coisas já estão prontas. – sinto meu sangue correndo rápido pelas veias, como se meu coração estivesse acelerado, me dou conta de que estamos paradas no meio do corredor, e que podemos ser vistas a qualquer momento. O pânico começa a se instaurar.

- Não, você precisa ir agora, nesse exato momento, antes que mais alguém saiba que.... – sou interrompida pelo olhar dela, que me diz que algo está errado, não faço perguntas, apenas recomeço a andar, enquanto ela vai para o lado oposto. Depois de dar mais ou menos três passos ouço novamente a voz do meu pai.

- Lauren, eu estava te procurando. Por onde você andou? Temos algumas coisas a discutir.

- Sim, senhor, peço desculpas. Eu não estou me sentindo muito bem, antes de encontrar para conversarmos posso ir até a enfermaria tomar um remédio para cólica?

- Cuidado com a dependência de medicamentos, Lauren, você sabe o quanto isso é perigoso, e sabe que não toleramos aqui nenhum tipo de desvio de caráter, não sabe?

- Sim, senhor, estou ciente disso. É só que estou me sentindo realmente muito mal.

- Então vá, mas não se demore, tenho urgência em falar com você.

Não ouço o que ela responde, porque preciso sair antes que ele perceba que eu estava por aqui, e com a saída dela, a atenção dele pode se voltar para outros lados e ele pode acabar me descobrindo. Mas ouço os passos urgentes dela, caminhando devagar o bastante para não ser uma corrida que levantasse suspeitas, mas rápido o suficiente para sair logo da vista dele, e para estar longe daqui o mais rápido possível, imagino eu.

Meu coração se inquieta porque ela disse que está se sentindo mal, mas logo percebo que era só uma artimanha para conseguir se livrar do meu pai, e percebo que ela é mil vezes mais rápida e mais inteligente que eu para formular uma desculpa plausível. Meu pai odeia discutir qualquer coisa relacionada ao corpo feminino e seus problemas, então eu sabia que era a desculpa perfeita, inclusive me envergonhei por não ter pensado nisso. Percebo também que minha preocupação vai para além disso, e até mesmo é mais que preocupação.

Me dou conta de que ela ainda nem se foi, e eu já sinto meu coração perder um quarto de tamanho por causa da falta dela. Eu não sei como foi que cheguei a esse ponto, Lauren é insuportavelmente chata, tudo aquilo que eu detesto em um ser humano, e eu podia jurar que a odiava, mesmo detestando esse sentimento. Mas agora, nesse exato momento, sinto o ar vazio, como se faltasse algo, e me dou conta de que o que falta é o cheiro de tempestade e grama cortada que exala dela.

Under  My Skin (Sob a minha pele) #camrenOnde histórias criam vida. Descubra agora