Class Fight

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Park Jimin. 

Cresci a ansiar viver uma liberdade que não pude, minha mãe não me permitia sair para brincar com meus amigos na rua ou até mesmo ir para a casa deles. Quando completei meus treze anos tive a coragem de ir contra ela pela primeira vez, isso resultou em um tapa cheio na minha face. Depois disso, ficamos morando na mesma casa sem nos falarmos, nenhum bom dia, boa tarde ou boa noite; zero comunicação. Tudo piorou quando completei quatorze anos e me assumi gay, de primeira não ligou, mas quando comecei a falar a respeito de garotos, ela me repreendia com palavras cruéis.

Na escola, antes do ensino médio, alguns professores pareciam identificar diferenças em mim e assim minha mãe foi convocada na escola e depois disso, mesmo sem entender, comecei regularmente a participar de sessões de terapia. Pensei que agora ela iria me deixar viver e bem, mesmo com inúmeros desaforos, ela passou a não ligar para mim, passou a me ignorar, era como se eu não existisse naquela enorme casa. 

Ah, meu pai? Ele vive em viagens e aparentemente, minha mãe ja desistiu dele. 

Durante a infância, conheci um garotinho novato, no quinto ano a gente começou a estudar juntos na mesma sala. 

No segundo ano, tínhamos dezesseis anos. Jungkook ainda era de minha sala e honestamente, seu jeito tímido e seu rosto bonito fez com que muitos garotos e garotas entrassem em meu caminho. Eu odiava ver Jeon com aquele maldito garoto. Eu sabia que ele possuía Jungkook em suas mãos, que muitos diziam que eles dariam um belo casal. Isso me enojava. 

O primeiro ano do ensino médio foi a melhor época da minha vida, Jeon me passou seu número e passamos meses conversando, até que com muito esforço ele me convidou para sair e prontamente aceitei. Vesti uma roupa que me deixasse o mais atraente possível, passei horas seguidas em frente ao espelho arrumando os fios recém azulados de meus cabelos. 

Neste dia, demos nosso primeiro beijo, foi inesquecível. 

Ficávamos juntos na escola o tempo todo, ele me levava em casa para me deixar em segurança,  seu carinho e colo eram meu ponto de paz, mesmo que as vezes eu o ignorava por mensagens por simplesmente estar mal pra caralho, afinal, ambos possuíam pontos para melhoria; honestamente, o de Jungkook era sua maldita indecisão, uma hora me tratava como um príncipe e em outra como uma pessoa qualquer. Neste período, ele disse gostar de mim e que queria me conhecer mais e mais, ressaltava sempre querer um relacionamento saudável. Um dia antes das férias encerrar, Jungkook correu até minha casa chorando e em estado de crise. Quando consegui acalma-lo, ele contou que seu psiquiatra deu-lhe um diagnóstico de bipolaridade e ansiedade severa. Neste dia, lhe doei todo meu carinho e atenção e ele disse me amar. 

"eu te amo, não me deixe sozinho..."

Até que esse garoto apareceu em meu caminho como um "bom líder", "um bom garoto", "uma pessoa doce". Jungkook tornou-se próximo dele, viraram quase melhores amigos. Eu via que aquele garoto tinha maldade em cada olhar e cada palavra direcionada para meu Jeon. Assim, ele se afastou espontaneamente, raramente mandava mensagens de textos e sempre mencionando seu novo amigo, me escondia as mudanças de sua vida; nunca comentei sobre ele ter dito me amar, contudo, mexi sem querer em alguns cadernos de seu quarto, encontrei anotações referentes a minha pessoa, algumas dizia que o amor o assustava, e que ele não queria se afastar, que não existia nada entre ele e seu novo amigo, mas como eu não iria entender nada disso preferiu afastar-se. 

No segundo bimestre do ano, fiquei sabendo por via de algumas amigas, que o maldito garoto estava falando que Jungkook logo o pediria em namoro, isso fez meu sangue ferver, e ousou dizer que eu fui um passatempo na vida de Jeon, isso fez eu enlouquecer de  raiva. 

Quando percebi, estávamos no pátio da escola e eu socando seu rosto demasiadas vezes até ver o vermelho de seu sangue em minhas mãos. Olhar meu redor e ver Jungkook assustado. Recordo de suas palavras arrancarem lágrimas de meus olhos. 

"você é um monstro, Jimin"

E então, lembro-me de minha mãe me encaminhando de volta a terapia e consultas regulares ao psiquiatra. Até que uma crise de raiva por aquela porra toda veio forte demais e tentei me machucar. Mamãe me taxou de descontrolado e me internou, sempre tão impulsiva. Confesso que não foi a pior coisa do mundo, mas se sentir preso é desesperador. Quando me vi trancado em um quarto branco, percebi que nunca teria a liberdade que tanto sonhei enquanto não fugisse. Fugisse disso e de meus pais.

Em um dia ensolarado, Jungkook foi me visitar, quase um mês depois da internação ser realizada; disse que gostaria de me entregar algumas cartas e que estaria de mudança. Eu havia lido aquilo a meses atrás em seu quarto.

Ao se despedir, ele tentou me dar um selinho, desviei, e por algum motivo idiota, proferiu que me amava e que suas palavras maldosas de um mês atrás não foram verdadeiras. Disse que eu logo sairia e que agora de uma forma e mentalidade melhor. 

Gargalhei. 

Ele sabia que eu não iria sair por alta, apenas se eu fugisse daquilo e bem, eu fugi. 

Fugi a 5 anos atrás, cometi inúmeras loucuras, todos os rapazes que me assediavam eu os machucava, rapazes que se pareciam com o garoto de quase dez anos atrás, eu os dava um fim. E, pelo visto, Jeon Jungkook tornou-se o que sonhava; um detetive. 

Ele me encontrou, já descobriu que fugi a cinco anos e que agora cometo crimes horrendos perante a sociedade. Ele sabe que se encontrar o ratinho que sempre foge, terá que me levar preso. Não o conheço atualmente, melhor não arriscar.

Lembre-se, Jungkook, eu sei que você me segue, sei que não me esqueceu e que se arrepende e sente culpa. Eu sei que você ainda é um garotinho indefeso e que não se arrepende do que vivemos na adolescência. 

Quem sabe o seu garoto problema ainda esteja totalmente apaixonado.

Prenda-me Se for Capaz.Onde histórias criam vida. Descubra agora