Connor queria passar aquela noite sozinho. Foi por isso que recusou o jantar chique na casa de Luna e Dante. Asher e a mãe deles até tentaram convencê-lo, mas depois da décima negativa entenderam que o bar era apenas uma desculpa, ele não queria ir.
Mesmo assim, seu desejo não tinha sido atendido. Connor até esperava que um ou outro cliente mais adicto aparecesse, estava preparado para enxotar bêbados depois da meia-noite, mas não belas jovens.
A garota curvilínea entrou no bar como uma deusa aparecendo diante de um incrédulo. Os cabelos ruivos e cheios emoldurando o rosto redondo e marcante, olhos verdes brilhando como estrelas, mas mesmo assim profundos de um jeito pesado. Ele sentiu algo estalar dentro do seu peito instantaneamente.
Ela estava grávida, abriu o casaco e mostrou a barriga sob o suéter preto e grosso. Aquela informação trouxe um rebuliço estranho para o sempre frio e estável Connor. Uma necessidade inesperada de proteger rugiu dentro de si. Uma jovem grávida não devia estar sozinha na noite de Nova Iorque.
Mas aquilo não era da sua conta. Não mesmo.
Ele tinha decidido pela solidão porque era mais fácil. Estava acostumado a bombas e terroristas, não com jantares de Natal ou garotas bonitas com olhares vulneráveis, nem sabia o que fazer em situações como aquelas. Gostava de mulheres da sua idade e bem resolvidas. Maxine não parecia ser nenhuma das duas coisas.
E mesmo assim ele se viu atraído.
Principalmente quando os lábios cheios tocaram a borda do copo. O seu copo, que sua própria mão segundos antes tocou para preparar. Algo quase violento perpassou Connor. A necessidade de ter machucando-o de forma inesperada.
Nunca se sentiu assim antes. De repente parecia mais vivo do que antes.
— Bom — Maxine elogiou depois de um gole longo. Connor não sabia muito sobre grávidas, elas precisavam do quê? Estarem hidratadas, alimentadas e aquecidas? Ele podia fazer aquilo.
— É só coca-cola — lembrou, querendo se bater por não manter algo mais saudável por perto. Tudo que Dante e Asher tinham no bar eram destilados e salgadinhos de pimenta.
— Coca é minha coisa favorita no mundo — afirmou com um sorriso largo. — Você não gosta?
— Prefiro uísque — disse verdadeiro, e a garota riu. Connor se sentiu como um adolescente sendo julgado pela menina bonita. Uísque não era legal o suficiente?
— De onde eu venho não temos muito disso.
Talvez se ficasse calado e não respondesse ao comentário, Maxine fosse embora logo, como ele deveria querer. E foi por isso que, apesar de saber que deveria se manter em silêncio, Connor perguntou:
— De onde você vem? — disse, apesar de saber que deveria se manter em silêncio.
— Detroit... Estudo na Universidade de Michigan. — Aquilo fez com que as feições alegres caíssem.
— Meio longe — Connor observou como um idiota, e ela brincou com as gotículas de água pelo vidro do copo. — O que faz num bar na noite de Natal?
Aquilo não era da sua conta, afinal, ele também estava num bar no dia 24 de dezembro. Mas ele era um homem frio, meio amargo até. Amava sua família, mas não sabia como funcionar no meio deles se tudo estivesse bem. E desde que Dante e Luna se casaram, tudo estava em paz. Connor era um homem do caos.
— Ainda não é Natal — Max se esquivou, baixinho.
— Quase. — Olhou para a reprise do jogo na televisão, vendo o horário no canto da tela.