Capítulo 4

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— Sem sinal. — Connor olhou de novo para seu celular para checar se podia chamar uma ambulância e novamente foi impossível, algo no seu peito se apertou ainda mais ouvindo a garota ao seu lado respirar pesadamente.

— A porta — Maxine choramingou curvada sobre sua barriga, a mão se apoiando no balcão de tal forma que os nós dos dedos ficaram brancos.

Connor cruzou o bar em apenas alguns passos, mas a espessa camada de neve que havia aparecido de uma hora para outra só tinha aumentado. Por um segundo, cogitou atravessar. Era chefe do esquadrão antibombas, tinha treinamento físico para todos os tipos de clima, no entanto, em seus treinos nunca havia uma grávida parindo.

— Não dá — disse trincando os dentes. — É uma nevasca muito grande, não posso te deixar aqui sozinha.

— É muito cedo, muito cedo — Max sussurrou repetidamente, parecendo estar perdendo sua mente no meio da dor e do desespero. — É minha culpa, eu não devia... eu não quis no começo e agora... não posso deixar. — Nenhuma de suas palavras fazia sentido, o tom de sua voz se perdia no meio de lágrimas.

— Maxine — Connor chamou por impulso, não sabendo ele mesmo o motivo pelo qual estava fazendo aquilo. Tudo nele gritava para confortá-la. — Você precisa respirar fundo e não se entregar agora. Vamos. Pelo bebê — pediu, parando em frente a ela e ele mesmo puxando o ar para dar um exemplo do que fazer.

Max parecia não o enxergar.

Connor sentiu a ansiedade cravar seu peito. Sabia o básico sobre partos, o suficiente para primeiros socorros, em uma ocasião chegou a ajudar em um numa cena de bomba em que uma mulher entrou em trabalho de parto e ambulância não podia se aproximar pelo risco de explosão. O bebê nasceu morto naquele dia.

Ali seria diferente, tinha que ser.

— Vamos. — Pegou a mão que agarrava o balcão e puxou-a para o seu peito. — Respire comigo. — Envolveu os dedos de forma que Max não pudesse sentir o quanto seu coração batia rápido.

Os olhos verdes piscaram, e Connor viu seus lábios se separarem e ela respirar pela boca, sugando amor como se estivesse se afogando.

— Muito bem, continue assim. — Ele nunca foi exatamente sensível, mas naquele momento era fácil ser doce com Maxine, não conseguia imaginar sendo algo diferente daquilo.

— Não está na hora ainda e a bolsa estourou, estou tendo contrações, tenho certeza — a mulher disse mais recomposta, mas a sombra do medo ainda estava ali. — Eu li em algum lugar que bebês que nascem de oito meses são mais propensos a... — recomeçou a tagarelar, apertando os dedos de Connor.

— Não sou só um dono de bar — o homem interrompeu com cuidado. — Sou o agente Connor Reyes, chefe do esquadrão antibombas de Nova Iorque, tenho treinamento em primeiros socorros, inclusive em situações como essa.

Aquilo pareceu... acalmá-la? Os olhos marejados pareceram tomar foco à medida que ele explicava sua posição. Em geral, no seu trabalho, as pessoas não confiavam em Connor. Quando ele dizia que estava tudo bem, que era para as pessoas se acalmarem, ninguém dava a mínima porque a ameaça de bomba era real. Só que Maxine confiou.

— Ok, eu vou... — Sua voz foi entrecortada por um gemido e de novo ela se inclinou para frente, gemendo em dor.

Se antes era Connor quem segurava sua mão, o movimento se inverteu e o homem teve seus dedos esmagados pela força sobrenatural da pequena mulher diante de si.

— Jesus... — murmurou baixinho, pensando o quanto Maxine se daria bem no esquadrão. Era mais forte, em todos os sentidos, que a maioria dos seus homens.

Conto da MaxineOnde histórias criam vida. Descubra agora