Capítulo 12 (POV: SIRIUS)

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  Quando entro na festa, vou direto ao banheiro jogar uma água na cara. 

  Eu realmente não queria brigar com Remus, não sabia que aquilo deixaria ele irritado. Ele disse que ficou pouco tempo naquela gangue, não achei que fosse grande coisa. 

  Mas aparentemente é. 

  Será que ele se apegou a menininha? Será que ele fez amigos lá? Eu só pensei que, aquilo pode não ser o melhor pra ela.

  E a discussão acabou indo pra outro nível.

  Me curvo para a pia, fazendo uma conchinha com as mãos e molhando meu rosto com um punhado de água fresta.

  Eu sei que somos dois adultos, mas ao olhar meu rosto triste no espelho, tenho vontade de chorar.

  Sei lá, patético, não é?

  Talvez eu devesse voltar pra conversar agora mesmo. Não é bom prolongar a paz depois de uma discussão. 

  Ou talvez ele devesse vir atrás de mim. Ele gritou comigo primeiro, não foi? Ou fui eu que fiz burrada?

  Eu não sei. Gostaria de dizer que é o álcool falando, mas eu não estou bêbado assim. Sei que sou eu mesmo. 

  Se eu fosse um bruxo, eu simplesmente voltaria no tempo e apagaria esse momento. Não é nada importante e é uma discussão que não precisava ter acontecido. Afinal, eu não diria aquilo para ele se soubesse que o afetaria tanto. 

  Por que fui dar minha opinião? 

-Merda!

  Dou um tapa na pia e me descurvo, olhando para o meu reflexo pela última vez antes de sair. 

  Vamos resolver isso conversando. Aposto que é mais fácil do que parece.

  Saio do banheiro e bato a porta. No caminho até Remus, vejo James fazendo algumas piruetas malucas para provar que está sóbrio, estando obviamente embriagado. 

  Uma risada sincera escapa da minha garganta.

  Minha vida seria mais fácil se eu levasse ela que nem James. 

  Abro a porta dos fundos.

-Rem-

  Paro.

  Ele não está mais aqui.

-Remus? - Digo, só pra conferir. 

  Ninguém responde.

  Talvez ele tenha entrado?

  Dou meia volta para procurá-lo pela casa. 

  Volto a caminhar calmamente pela festa, entendendo esse desencontro como uma segunda chance de me acalmar e fazer as coisas da maneira certa. 

  Estou calmo.

  Ando pra lá e pra cá, procurando por ele, mas não o encontro de jeito nenhum.

Quando volto a ver James, antes que eu abra a boca, ele se levanta rapidamente e segura meus braço. Os outros estão distraídos, não prestam atenção em nós. 

-O que aconteceu?

  Não entendo como ele percebeu de primeira. Afinal, estou calmo.

-Que cara é essa, Sirius? O que aconteceu? Fala logo. - Ele pergunta com um tom de voz preocupado. 

  Umedeço meus próprios lábios antes de indagar, ignorando sua pergunta:

-Por acaso, você... viu o Remus?

-Não desde de que ele saiu. Por que? 

  Coço minha própria nuca, suspirando pela milésima vez na noite.

-Não é nada. Só queria saber se você viu ele.

-Vocês brigaram?

-Não.

-Então por quê você está tão triste?

  Esfrego meu próprio rosto. Do que ele está falando? Pensei que eu parecia calmo.

-Eu não estou triste. 

  James não retruca, mas faz aquela cara de quem sabe o que fala. Ele sabe. 

-Eu só estou passando meio mal, okay? Eu acho que vou pra casa.

  Não espero James me responder. Viro as costas e corro novamente para o lado de fora.

  O ar está mais gelado do que quando a festa começou, deixando a ponta do meu nariz gelada também. A noite está escura e a rua só é visível graças à iluminação amarelada dos postes. Parece um cenário parado demais.

  Olho em volta pela ultima vez e o pensamento que martelava minha cabeça desde a ultima vez em que vim aqui de repente se torna ainda mais presente.

  E se ele... foi embora?

  Tento respirar e pensar com calma. Ele não faria isso... Faria?

  Eu tenho certeza de que ele não está lá dentro. Certeza absoluta. Se ele não está aqui fora... onde ele está?

  Não tenho coragem de ligar para ele depois da briga e do sumiço. Não quero bancar o cara que corre atrás. Eu quero falar com ele pessoalmente.

  Coloco ambas as mãos nos bolsos frontais da minha calça jeans e começo a caminhar rapidamente, de volta para o nosso apartamento, não muito longe dali. 

  Quando eu encontrá-lo lá, vou gritar com ele. Vou xingar e reclamar sobre ele ter me deixado lá sozinho. Vou dizer que ele deveria ter me esperado ou me chamado pra ir com ele, ou pelo menos, ter dito que voltaria sozinho. Me avisado. 

  Cada passo se torna mais pesado que o outro e cada vez mais rápido. Quando percebo, tirei as mãos do bolso e estou correndo em direção ao apartamento. 

  Eu vou matar ele!

  Desacelero os passos quando chego à frente do prédio. Percebo que as luzes do nosso andar estão apagadas, mas não dou atenção real pra isso. Tudo o que eu quero é arrancar uma explicação daquele idiota. 

  Subo as escadas o mais rápido que posso, escutando o barulho repetitivo do meu tênis batendo forte contra os degraus e quando avisto a porta, toco a maçaneta para abri-la. 

  Mas ela não abre. A porta está trancada.

  Tiro o bolo de chaves do meu bolso e procuro a da porta da frente.

  Por que ele trancou a porta da frente? Não fazemos isso quando estamos em casa.

  Encontro a chave certa, coloco-a dentro e giro-a. 

  Abro a porta.

-Remus?

  Ninguém responde.

  Piso forte até nosso quarto.

-Remus Lupin!

  Abro a porta.

  Ele não está lá também.

  E então, a fixa cai. 

  Ele não está em casa.

  De repente, sinto meu telefone vibrar no meu bolso traseiro. 

  Abro-o e vejo que é só um número desconhecido. 

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