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Amara

Estamos a caminho do local.

O ar do carro está ligado, Walter dirige com toda sua postura de quem sabe o que está fazendo e não tem insegurança ou dúvidas nenhuma. Tem um som tocando de fundo e o ambiente é confortável.

Walter: Tem sorte no jogo? - Walter pergunta e vira o rosto pra me olhar enquanto dirige.

Amara: Nunca ganhei nada em jogos, então acho que não. - dou risada fraca

Walter: Então, sem sorte no jogo e nem no amor? - olho pra ele com indignação e ele olha pra mim e sustenta o olhar.

Amara: Você não tem filtro não? - pergunto quase irritada e ele curva o lábio em um sorriso de canto.

Walter: As vezes eu tenho, mas quero te fazer se sentir confortável, então é muito melhor falar algo que você não espera pra você se sentir a vontade de conversar sobre qualquer coisa comigo - olho pra ele e ele me olha nos olhos, eu desvio o olhar e volto a ver a pra estrada, mas posso sentir meu corpo queimando com sua encarada.

Amara: Olha pra estrada - falo irritada.

Quando alguém fala algo que me afeta e tem razão pra reagir assim eu fico bem irritada, quase uma negação. Ele olha pra estrada e continua dirigindo.

Walter: Quem sabe você tem sorte em um dos dois dessa vez. - ele fala finalizando o assunto.

Amara: Porque está fazendo isso? - pergunto olhando a estrada e vejo pela visão periférica que ele vira o rosto pra mim, mas eu não retribuo o ato, continuo visualizando a estrada.

Walter: Isso o que? - ele olha pra frente, liga o pisca e gira o volante com uma mão só aberta.

Amara: Você sabe - finalmente olho pra ele. Ele olha pra mim e então olha pra frente novamente e eu faço o mesmo.

Logo a frente eu vejo um letreiro muito bem iluminado escrito "cassino". Walter fica em silêncio e estaciona em uma das vagas em frente ao local, desliga o carro, deixando só o ar ligado, eu retiro o cinto me perguntando se ele não vai responder... ele retira o cinto e vira o corpo pro meu lado me olhando.

Walter: Amara, eu gostei de você, ainda não sei porque..  - ele pausa e suspira longo - quer dizer, talvez eu saiba, mas não quero falar sobre isso agora. - ele diz de forma firme mas suave - Se você quiser, podemos ir pra outro lugar, eu não me importo. Só quero que você se sinta a vontade, que curta sua noite e que goste da minha companhia. Se você quiser ir embora a qualquer momento, me fala e nós vamos, tudo bem? Mas se divirta, esquece sua vida lá fora, seus problemas, suas coisas... - fecho os olhos e suspiro lentamente quando ele termina de falar.

Quando abro os olhos ele está me olhando, ele se aproxima de mim e põe sua mão com o relógio preto no meu rosto do lado esquerdo, sua mão tampa quase que toda a metade do meu rosto. Ele passa o polegar na minha bochecha acariciando e eu olho pra baixo. - Agora você é a Safira, não a Amara.

Não é como se eu não quisesse entrar e ter essa experiência. É que é tudo tão do nada e tão intenso e o pior é que mesmo assim eu quero muito entrar lá e ter essa experiência com ELE.

E isso me assusta.

Olho pra ele antes de falar.

Amara: Eu quero entrar e me divertir com você - pego sua mão e abaixo do meu rosto, me afasto dele, indo mais pra trás do banco - Mas ainda não consigo me sentir a Safira, desculpe.

Ele me olha e caminha seu olhar pelos meus dois olhos, seu globo ocular mexe olhando um olho meu de cada vez como se estivesse me lendo e eu não desvio o olhar. Estranhamente, a forma que ele me olha é tão aconchegante que me faz querer ficar encolhida em seus braços o resto da noite. Mas eu não me mexo, só espero sua resposta.

NADA É PARA SEMPREOnde histórias criam vida. Descubra agora