Capítulo CINCO

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Ao voltarmos para casa do Alpha, não escondi meu nervosismo. A mão de Charlie estava firmemente na minha, me segurando, me dando apoio. Roan veio para nosso lado, olhando Charlie de cima a baixo.

—Vocês estão bem?--ele perguntou. Pisquei surpresa por ele se dirigir a nós duas e não só a Charlie.

–Sim, desculpe pela confusão.--falei, e ele deu de ombros.

–Feliz em lhe ver em dois pés.

A porta atrás de nós se abriu e mãos me viraram ansiosas.

–O que aconteceu?!--Luca exclamou alarmado.

–Estou bem, quero dizer...

–Estamos indo!--ele balançou a cabeça, vendo vestígios de lágrimas em minhas bochechas. Comecei a negar quando outra mão se fechou no braço de Luca.

–Solte.--Stone comandou.

–Não se meta Stone! Não sou mais seu vigia, e isso é entre mim e minha irmã.

–Olhe para ela primeiro.--ele argumentou ao meu favor.

Olhei para seu rosto sério e contido, meu coração começou a bater forte no peito ao vê-lo e me forcei a olhar de volta para meu irmão. Ele estava pálido, suando. Com certeza havia corrido até aqui, achando que algo ruim tinha acontecido. Podia ver a culpa em seus olhos, o corroendo.

–Kate?!

–Está na hora de dar-lhes uma chance, Luca. Assim como eles nos deram.--falei, tentando soar corajosa. Me senti uma farsa, uma covarde, mas eu precisava fazer isso por nós.

Ele recuou.

–Kate, não...

–Sim, isso está nos destruindo. Ele está morto mas continua exercendo poder sobre nós. Não é certo.--engoli em seco. Charlie estava ao meu lado, me apoiando silenciosamente.--Eu e meu irmão não fomos totalmente sinceros com você.--falei, me voltando para o Alpha.

Ele franziu o cenho, me olhando com cautela.

–Quer privacidade?--ele me perguntou. A sala estava em silêncio, e mesmo que todos ali estivessem ao meu lado, o medo não deixou de me abalar. Charlie sempre me estendeu a mão sem pedir nada em troca. Roan que me deu uma chance e segurança. Se eu quisesse fazer parte desse clã, precisava confiar neles.

–Não, tudo bem, eu... podem ficar.--falei.--Quero pedir desculpas por meu comportamento, eu estava e estou com medo. Mas quero viver em paz, quero que Aiden seja feliz... quero ficar.

Uma expressão satisfeita passou pelo rosto do Alpha.

–Você e sua família são bem vindos a ficar, Kate.--Roan disse.

–Por favor, eu... me escute primeiro.--pedi, sentindo fortes náuseas. Luca colocou a mão sobre meu ombro com insegurança transpirando de seus poros. Ele sabia o que eu iria revelar, sabia que não haveria volta e que tudo poderia estar perdido para nós, inclusive esse possível lar.--Sei que vocês estão caçando Norm e se perguntando o por que dele não desistir. Eu era sua noiva... ele pretendia se acasalar comigo quando houve o ataque no galpão.

–Ele iria forçar um acasalamento?!--Stone rosnou.

–Ele não via dessa forma.--desviei os olhos, com vergonha.--Para todos os efeitos ele me considerava sua. Beur havia me dado a ele. Eu disse "não" e bem, Charlie apareceu.--estremeci ao lembrar o meu estado quando a conheci.--Aiden não é dele.--sussurrei. Todos os olhos se voltaram para mim e me encolhi sob o peso.--Aiden é...

–De Beur.--Roan completou com pesar. Assenti, tremendo. Era isso, esse seria o momento em que tudo se transformaria em pó. Onde nossas chances seriam destruídas. Como um Alpha aceitaria uma descendente do monstro que matou seus pais e várias famílias do seu clã?

Escrito em Pedra VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora