Capítulo 36.

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"Erramos o alvo", diz Valentina, com uma pequena bufada mal-humorada enquanto Luiza se afasta perto da porta do trem e Valentina estende a mão para colocar as duas mãos no parapeito superior. Isso deixa os bíceps de Valentina tensos e sua camisa sobe um pouco de onde está enfiada no cós da calça. Ele é atraente demais e Luiza precisa desviar o olhar para não dar um passo à frente e se pressionar corporalmente contra Valentina.

"Sim, porque a culpa é minha", responde Luiza com um olhar penetrante que faz Valentina revirar os olhos. "Sinto muito."

Ele não se arrepende nem um pouco, e Valentina percebe, porque sua mandíbula fica tensa como sempre quando ele olha para ela. Embora seus óculos escuros escondam seus olhos e seu boné de beisebol esteja enrolado sobre seu rosto, Luiza consegue ler a expressão com bastante facilidade.

"A culpa é meio sua", diz Valentina e Luiza faz um barulho indignado, balançando um pouco enquanto o trem começa a andar. Ela força os dedos a segurar levemente o tecido solto da camisa pólo de Valentina para se firmar.

"Como?"

Valentina faz questão de olhá-la de cima a baixo e isso faz o rosto de Luiza esquentar enquanto ela abaixa o chapéu e olha em volta. "Simplesmente é."

"Há outros acontecimentos", desconsidera Luiza e Valentina bufa novamente.

"Foi uma prova de medalha", diz ele e tira a mão da grade para procurar o celular no bolso e mostrar para Luiza alguma notificação na tela. "Um americano ganhou."

"E eu sinto muito", repete Luiza, tentando reprimir um sorriso ao ver a forma como os lábios de Valentina se torcem de exasperação. "Como posso compensar você?"

Como se esperasse pela oferta, Valentina se anima, coloca o telefone de volta no bolso e agarra novamente a grade acima de sua cabeça. "Vôlei de praia", ele responde como se estivesse negociando alguma coisa.

Luiza ri. "Você deveria ter procurado algo melhor, Albuquerque", diz ele. "Ficarei feliz em ver mulheres seminuas fazendo exercícios atléticos por toda a praia.

"Não é inteiramente verdade. Mesmo depois de todo esse tempo, os esportes ainda não entusiasmam muito Luiza, mas pelo menos no vôlei de praia o visual é mais interessante que a maioria.

Valentina zomba, o barulho se transformando em risadas e um aceno carinhoso de Valentina.O trem balança novamente e Luiza aperta ainda mais a camisa de Valentina, não resistindo quando seus corpos se chocam minimamente.

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Acontece que eles perderam os jogos de vôlei de praia feminino e o único jogo que começa quando eles chegam é o masculino. Valentina conta isso para Luiza com uma espécie de sorriso triunfante que faz Luiza rir ao mesmo tempo em que bate na barriga dela com as costas da mão.

Eles acabam com assentos perto do topo do estádio, felizmente um pouco sombreados, Valentina comendo alegremente alguns nachos quentes do estádio que ela compra no caminho.

"Um café da manhã bem saudável", comenta Luiza, enquanto tira uma batata frita da embalagem de Valentina. Um dos homens sem camisa na arena faz algo que provoca um suspiro na multidão. Valentina faz barulho de frustração, mas não está claro se é no esporte ou se Luiza está criticando sua comida.

"Eu teria nos feito parar em algum lugar para comer comida de verdade se você não fosse tão perturbador", diz Valentina, ajustando o aperto nas batatas fritas para que a tigela ficasse mais entre elas. "Eu odeio correr na areia. "Isso parece exaustivo."

"A ideia foi sua", diz Luiza, e Valentina revira os olhos.

Eles nem ficam até o final da partida: Valentina insiste que se quiserem assistir às grandes partidas de esgrima é preciso ir de trem. Circular por Tóquio é algo que normalmente se faz num carro com ar condicionado e com motorista contratado como companhia, mas certamente é diferente com Valentina Albuquerque que quer parar e tirar uma foto de cada coisa interessante que vê.

STAY THE NIGHT - VALU ADAPTAÇÃO.Onde histórias criam vida. Descubra agora