Capítulo 5 - Longe de casa

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ATENÇÃO, esse capítulo contém alguns gatilhos de violência. Recomendo que pessoas sensíveis não leiam, por favor.

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Pele pálida, pés frios, lábios secos que tremem. Desespero. Insegurança. Dor.

Por mais que pudesse ver, não era capaz de acreditar no que estava diante de seus olhos. Até que ponto ele podia crer naquilo que estava enxergando? Estar longe de casa com certeza poderia influenciar sua mente a criar coisas irreais.

Casa. O que significava a palavra "casa" para ele?

Sua cabeça funcionou trazendo memórias que respondiam sua pergunta. Lembrou-se de braços quentes que o abraçavam enquanto ele chorava de saudade da mãe. O cheiro de terra molhada enquanto eles corriam pela floresta, fugindo da chuva que chegaria em breve. Os olhos sinceros que se encaravam durante conversas complexas que nunca traziam respostas concretas. As roupas combinando mesmo que sem planejar, o que trazia uma crise de risos animada. O som da sua risada. Risada essa que não soava mais, já que o que restava agora era um silêncio ensurdecedor.

O silêncio da falta de alguém. O vazio de estar longe de casa.

✽ ✽ ✽

- Como assim, eles sumiram? – A voz desesperada de Mingyu ecoou na sala construída com paredes de pedra. Todos estavam muito agitados e um clima caótico pairava no ar.

Poucos minutos antes, Seungcheol havia despertado subitamente, com um sentimento ruim tomando conta de seu corpo. Ao olhar para os lados, encontrou os garotos que dormiam profundamente. Seu coração se acalmou um pouco no momento em que seus olhos observaram o loiro que dormia ao seu lado. Um pouco mais calmo, voltou a olhar para os demais meninos, contando-os mentalmente, um ato que havia se tornado comum desde que eles tinham entrado naquele mundo.

Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove. Dez.

Os olhos de Seungcheol se arregalaram.

Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove. Dez. Onze comigo, ele pensou.

Seu olhar se direcionou rapidamente para o espaço que havia abaixo de uma das janelas da sala, onde Joshua e Seokmin estavam sentados horas antes. Eles não estavam ali.

Seungcheol se levantou bruscamente, assustando Jeonghan. O mais velho começou a andar entre os corpos deitados, chegando rapidamente até a porta. Sem pensar duas vezes, ele a abriu, deparando-se com a luz alaranjada do sol, que começava a nascer. Os pés de Seungcheol o guiaram por entre as demais casas de pedra, olhando para dentro através das janelas, buscando qualquer indício de que os outros garotos estivessem ali. Ao não encontrar nada além de poeira, sua voz surgiu em um grito desesperado.

- Joshua! Seokmin! – Ele repetiu várias vezes, sentindo o medo tomar conta de si.

Passos altos foram ouvidos, despertando a atenção do garoto, que ao virar encontrou apenas os olhos assustados de Jeonghan.

- Cheol? O que tá acontecendo? – O loiro disse, chegando rapidamente até o outro.

Naquele momento, todos os outros garotos já estavam acordados, confusos com o barulho abrupto do mais velho. Eles se posicionavam para sair da casa, mas foram surpreendidos novamente por um Seungcheol assustado.

- Joshua e Seokmin sumiram.

As poucas palavras ditas por ele foram capazes de criar uma atmosfera caótica dentro da casa, enquanto vozes desordenadas ecoavam, contrariando as batidas aceleradas dos dez corações que batiam sincronizados em agonia.

O Jardim de Crisântemos • soonhoonOnde histórias criam vida. Descubra agora