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A fogueira solta faíscas no prateado céu noturno .
Eliza e eu descemos a trilha irregular até Coppers Strada , o único trecho da montanha da cidade que não é cercado por rochas e penhascos íngremes.É uma extensão estreita de barro e acaba parando em um rio que habita uma caverna subaquática, cujo interior apenas alguns dos mais corajosos - e estúpidos - garotos já tentaram alcançar a nado .
-- Você deu a ela o bolo desmemoriado? -----Pergunta Eliza , como um médico que receitou um remédio e quer saber se houve algum efeito colateral ou melhora .
Depois que voltei da pequena ilha atrás das montanhas, depois de uma chuveirada no velho banheiro em frente a meu quarto e de examinar meu pequeno closet retangular, tentando decidir oque vestir hoje a noite -- enfim decidindo por jeans branco e um grosso suéter preto para espantar o frio da noite --, fui até a cozinha e presenteei a Sr.Margarida com o bolo desmemoriado da Sr.Carmen . Ela estava sentada á mesa , observando uma xícara de chá.
---- Outro ?------ perguntou com tristeza, quando deslizei o bolo para ela . Em nossa cidade , a superstição tem tanto peso quanto a lei da gravidade ou a previsibilidade das tabelas de maré. Para a maioria dos habitantes de nossa região, os bolos da Sr.Carmen têm a mesma probabilidade de ajudar a Sr.Margarida que um vidro de comprimidos prescrito pelo médico. Assim, ela obedientemente deu pequenas dentadas no Petit four de limão e lavanda , com cuidado para não deixar cair nenhuma migalha no suéter bege grande demais , as mangas enroladas até o meio dos braços pálidos e ossudos .
Não acho que tenha se dado conta de que hoje é o último dia da semana, que acabo de terminar meu trabalho ridículo e menosprezado de contabilidade e como acontece no primeiro dia de junho. Não é como se tivesse perdido todo o senso de realidade, mas os limites de seu mundo se tornaram indistintos . Como quando se aperta a tecla mudo no controle remoto. Ainda é possível ver a imagem na TV , as cores estão todas lá, mas não há som .
-----pensei tê-lo visto hoje ------murmurou ela ---- parado na margem abaixo do penhasco , olhando para mim .------ SEUS lábios tremeram de leve, os dedos deixaram cair algumas migalhas de bolo no prato a sua frente.----- Mas foi só uma sombra . Um jogo de luz .
----Sinto muito Sr.Margarida.----falei,tocando seu braço com suavidade . Ainda consigo ouvir o som da porta de tela batendo a noite que meu pai biologico saiu de casa , lembro o modo como ele caminhou até a calçada em frente a residência dos Mipper , os ombros curvados contra o vento forte daquela noite , o passo cansado . Eu o observei partir naquela noite de tempestade , há 3 anos, e ele jamais voltou .
Simplesmente sumiu da cidade...
Seu carro estava ainda meio ancorado na calçada ainda sendo utilizado pelo Sr.Tom , a carteira no porta óculos acima do retrovisor . Nenhum sinal . Nenhum bilhete . Nenhuma pista .
---- Às vezes também acho que o vejo -----comentei, tentando consolá-la,mas ela apenas olhava o bolo à sua frente , a expressão suave e distante enquanto comia os últimos pedaços em silêncio.
Sentada ao seu lado à mesa da cozinha , não pude evitar e me vi na Sr.Margarida : o cabelo castanho liso e comprido mesmo eu sendo ruiva , os mesmos olhos azuis fluidos e a trágica pele pálida, que raramente via sol naquele lugar lúgubre. No entanto , enquanto ela é refinada e graciosa, com braços de bailarina e pernas de gazela , sempre me senti trôpega e desajeitada . Quando era mais nova, eu costumava andar curvada, tentando parecer mais baixa que os meninos da minha turma . Ainda hoje , com frequência me sinto uma marionete cujo titereiro puxa as cordas erradas, de modo que me atrapalho e tropeço e tateio desajeitada à frente .
----- não acredito que o bolo vá curá-la --- respondo a Eliza enquanto caminhamos pela trilha ladeada por uma grama seca e silvas.--- A lembrança do sumiço de meu pai biologico está tão enraizada em sua mente que nenhuma dose de remédio vai arrancar.
----bem , acho que minha mãe ainda não desistiu. Hoje mesmo estava falando de uma nova receita misturando pólen de abelha e prímula, que ela considera capaz de desfazer a pior das memórias.
Finalmente chegamos ao lago principal da cidade , e Eliza passa o braço pelo meu , nossos pés chutando a areia conforme abrimos caminho até a fogueira. A maioria das garotas usa vestidos decotados e longos , com vários babados , e fitas de cabelo . Até Eliza veste um , verde pálido, feito de renda e chiffon , que varre a areia quando ela se move , arrastando pedaços de gravetos e rochas , parece que ela não percebeu , mais me aproximo da fogueira aonde as faíscas me confortam como um cobertor quentinho, amenizando a forte lembrança de meu pai biológico. Eliza perambulante na areia se anima ainda mais .Carl levanta a garrafa de uísque para todos beberem com vontade propria e contarem histórias babacas sobre " quando eu era criança eu cutucava meleca de nariz " é como se fosse o jogo da bebida , beba e fale o horror que já passou em sua vida , mais a vez chega em mim bebo um pequeno gole da bebida que desce na minha garganta me agonizando e sentindo o forte ácido do álcool , eu passo para Lily que bebe um gole grande como se estivesse acostumada a beber desde que tinha uns 18 anos de idade....
Próximo capítulo.....desculpe pessoal e que semana de prova né 😀
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✧*。🌃-_Água vivas _ -🌃✧*。
Детектив / ТриллерUma adolescente de 18 anos chamada de Clarisse Dias , vai morar em Londres e precisa lidar com a faculdade e seu novo trabalho , por que seus pais adotivos a detestam por que num acidente de carro tirou a vida de seus verdadeiros pais biológicos e...