O coelho branco e seu relógio

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No final daquela gruta, eu poderia me sentir louca, eram relógios e mais relógios cantando. Eles me disseram:

"Tic, tac, tic, tac, tic, tac"

Certo, eu estava louca! Eles cantavam e alguns eram mais lentos, uns apenas falavam "tac" e outros "tic".

— O que seriam as coisas novas? - me perguntou um coelho branco que dançava com um velho relógio. — Diga-me madame, seriam o que não são velhas? - disse enquanto desamarrava os cadarços dos minhas botas.

Então naquela hora onde minha mente me gritava para correr e minhas pernas se congelaram pelo medo, nesse momento de vexame uma rosa se vira a ele e lhe responde:

— Velho coelho! - lhe chamou. — São ilusões e padrões que criamos para definir o tempo, de modo que compras, estudos, casamentos e fases de sua vida sejam vividas pelo tempo e não pela "vivência".

Não conseguia sair do lugar, então sentei na mesa em que tomavam chá sem dizer qualquer palavra. Perguntando à mim o que seria isso, a curiosidade havia me tomado pelo conhecer.

— Posso lhe responder madame! - sorriu o coelho. — Entenda comigo, crescer se torna uma meta à alcançar no poço de moedas. - declarou mostrando Peter Pan um pouco mais a frente comprando alguns bolinhos que diminuem de tamanho. — Casar-se torna o "final feliz" uma obrigação à doar-se ao primeiro que aparecer com uma cabrita branca! - demonstrou do outro lado uma das meia-irmãs da Cinderela se enfeitiçando para casar com um príncipe de um reino quebrado.

Tomo um pouco daquele chá, meus olhos observam mais pessoas se juntando a mesa.

— Senhor Coelho? - lhe chamo e logo ele vem. — Como sabe como estou curiosa sobre o tempo?

Então o coelho gargalha e aponta seu chá.

— Pela transparência de seu chá. - diz lhe servindo mais um pouco. — Prosseguindo! - falou e todos tomaram atenção. — Formar-se é para quem pode parcelar em lágrima ou quem pode pisar em suas lágrimas! - declarou demonstrando o dia em que os 7 anões foram capturados para serventia do reino da Branca de Neve.

— Trabalhar se torna um fardo, à procura de afiar fios de ouro para manter seus filhos seguros de Rumpelstiltskin! - declarou a rosa escondendo algumas lágrimas. — Não trabalhar se torna privilégios para uns e outros se torna a arte da vagabundagem tão famosa quanto uma lavagem de dinheiro. - apontou a rosa para a Lebre, que não satisfeita com a corrida da tartaruga levou o caso para um processo tribunal na qual ganhou (o juiz era seu irmão mais velho).

Quando a fada madrinha sentou se a mesa todos ficaram atônitos, uns encantados e outros amedrontados.

— Poucos deixam deixam de escolher com o tempo, mas deixam o tempo escolher por eles! - declarou a fada madrinha após bebericar um café velho. — Mal sabem que o tempo é imaturo por ser tão jovem! Tornando-se descalços para à passarela dos espinhos à qual estará condenando a caminhar para o resto de duas vidas enquanto os seres mágicos lhe observarem!

— Muitos preferem usar sapatos de brasa apenas para dançar com o príncipe, do que engolir as verdades verdes e gosmentas que vivem nos pantanos! - voltou a falar o coelho, mostrando parte do baile do baile da Branca de Neve onde a rainha má por muito insistir para dançar com o Príncipe se tornou um show de tortura a quem festejava.

— O que seria então um novo tempo? - pergunto.

— Uma segunda chance? - oferece a fada madrinha.

— Seu portal da esperança ou mais uma oportunidade de deixar seu tempo se esgotar? - diz a rosa sem firmesa.

Então todos saem da mesa, menos o Senhor coelho.

— Escolha logo sua resposta, pois seu tempo está passando! - disse colocando um relógio de bolso em minhas mãos. — Olhe e ouça os....

"Tic, tac, tic, tac, tic, tac..."

— Venha comigo! - chamou o coelho.

Me levou a um poço velho e sujo, lá dizia " Já se vai os bobos". Ele joga uma pedra, mas como não ouvimos nada, era visível que não tinha fundo.

— Posso perguntar qual é seu nome madame?

Eu não me lembro de nada, minha cabeça dá um branco e começo a procurar algo que me reconhecesse. Então quanto olho para minha mão lá estava escrito "Sonhos".

— Me chamo Sonhos. - digo e ele sorri.

— Faz tempo que não te vejo, mas saiba que aqui não é seu lugar. - ele diz e ponta para o poço. — Vá para casa!

Então eu me jogo mesmo sabendo que ali eu poderia perder meu tempo, mas queria antes ter certeza que eu não seria mais uma do conto de fadas e as péssimas mágias do mundo que deixei!

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