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"Te quero bem é o caralho, eu vou acabar contigo. Você vai lembrar de mim."


            
                                              ★

𝙇𝙪𝙞𝙯

— oi, precisava falar comigo? — Ryan diz assim que entra na enfermaria.

Eu estava deitado, mas logo me levanto, ficando sentado. Minha perna não está realmente quebrada, foi só uma fratura, bem pequena, no tornozelo. Nada demais, só que o treinador disse que eu preciso descansar e tudo mais.

— precisava falar comigo blá blá blá— imito ele — olha o que você fez comigo porra — aponto pra meu pé

— Hey! Você que me puxou, nem era pra eu ter caído junto. — ele disse. Mas que cara-de-pau.

— então era pra eu cair sozinho? Você só piora a sua situação. — me levanto me aproximando aos poucos dele.

— NÃO! Nem era pra você cair, eu só.. Só... — o Ryan trava

Ele ainda estava perto da porta, se afastando a cada passo que eu dava.

— Só? — me aproximo mais ainda

Logo ele se encosta na porta e eu fico em sua frente pondo minha mão acima de seu ombro, prendendo-o. Ele não consegue falar nada, apenas  parece assustado. Fica tão bonitinho assim, parece um gatinho perdido.

— o seu pé... 'Tá doendo? — ele sai por baixo do meu braço.

— 'tá não meu bem, relaxa. — digo andando em direção a cama, melhor, mancando — Porque você está com medo de mim? Não é como se eu fosse te foder agora, nem se eu quisesse eu poderia. — digo rindo.

— para com essas piadas, não tem graça. — diz já bravinho.

— olha, assume logo que você só me odeia porque tem inveja de mim. Eu tenho culpa de ter entrado na Leon, eu só sou melhor que você. — me aproximo mais da cama.

— você acha que eu te odeio por isso? — ele ri sarcasticamente.

— e não é? — finalmente sento-me na cama.

— não. — ele se senta ao meu lado.

— e por que então? — pergunto colocando um travesseiro na parede encostando a cabeça e fechando os olhos, tentando relaxar pro drama de hoje.

— Porque você disse que estaria sempre comigo, eu te considerava tanto. Eu confiei em você e fiquei do seu lado, sempre fiquei Luiz. — abri os olhos, mas ele não estava olhando pra mim.

— do que você 'tá falando?

— quando meu pai morreu. Porra, você era meu melhor amigo, deveria ter ficado do meu lado, certo? — ele olhou pra mim, e eu me ergo um pouco. Agora não estou mais deitado.

— ei, ei, ei! Você sabia que eu precisava trabalhar, eu precisava daquilo, pela minha mãe. — eu digo

— sua mãe é podre de rica, essa não cola. — ele desviou o olhar de mim novamente.
 
Prefiro não dizer nada, até porque ele não está errado.

— você preferiu ir na merda daquele teste ao invés de ficar comigo... — seu tom de voz aumentou e seus olhos marejaram — o meu pai tinha morrido, e você viu aqueles meninos escrotos fazendo piadas sobre o meu peso e aparência, e simplesmente não fazia nada. Você sabia como eu estava deprimido, você ria junto com eles. — ele enxuga uma lágrima solitária que caiu.

— você passou por essa situação também, quando o seu avô morreu eu fiquei do seu lado, sempre tentando te animar. — Ryan agora chorava de verdade. Eu não conseguia abrir a boca, mas sentia meus olhos lacrimejando, estou segurando pra não chorar agora — Você chorava todo dia, eu entendo, você só tinha 9 anos e seu avô era como um pai pra você, eu sei bem. Naquela época eu não saia do seu lado, nem quando você pedia. E você estava tão triste Luiz...

Ele dá uma e enxuga as lágrimas. Sigo em silêncio, só sinto uma lágrima escorrer

— e tudo que eu menos queria era te ver triste. Desculpa pelo pé. — é a última coisa que ele diz antes de sair da sala.

— Ryan! Eu... — não, eu não tenho direito de fala agora.

Espero que um dia ele entenda o porque de tudo isso, o porque dele sofrer tanto.

O melhor que eu faço agora é ligar pra Talita, nem sei se ela foi embora... Ah, acho que não preciso mais.

— eu vi o Ryan sair chorando, porquê? — Talita abre a porta com ferocidade.

— acho que fiz merda tali. — é a única coisa que eu consigo dizer.

— como se isso fosse alguma novidade — ela murmura baixinho, mas ainda assim eu a escuto.

— é sério, eu não podia contar pra ele. Ele só surtou o botou tudo pra fora, tudo mesmo, até o motivo pelo ódio dele por mim. — ela se senta na poltrona que havia na minha frente.

— você só dá bola fora. Eu te disse desde 2019 pra você dizer pra ele. — ela fixa o olhar nas minhas mãos que não ficam quietas.

— eu não podia, você acha que é fácil, eu tinha 12 anos, nem eu sabia direito. Imagina como ele reagiria, ele com certeza se afastaria. — digo com o olhar para o teto.

— mudou algo Luiz? Vocês nem se bicam mais, seria muito melhor ter dito, quem sabe ele não entenderia. Eu não acho que ele te odiaria por isso, talvez ele precisaria de um tempo pra raciocinar, mas não te odiaria Luiz. — ela segura minhas mãos fazendo-me olhar diretamente pra ela.

— eu 'tava com medo, não sabia o que fazer. Não me culpe por isso. — digo sorrindo fraco, tentando arrumar o clima triste e pesado que estava no ar.

— não tô te culpando divo, você só era muito novo, imatura, fraco, frágil, estúpido, idiota... Enfim, você era um pré-adolescente. — ela ri.

— acho que a humilhação não era necessária, mas obrigado amiga. — digo rindo também.

— bom, agora é esperar algum dia para falar com ele sobre tudo aquilo, dizer tudo mesmo Luiz! — ela  solta minha mão e me dá um tapa no braço.

— ai! — reclamo de nada, até porque nem doeu — Acho que agora é tarde pra explicar tudo isso, e também é bem provável que ele nem sequer queira me escutar. Eu SUPER entenderia o lado dele.

— nunca é tarde amigo, vai por mim, um dia você consegue. — ela se levanta — Agora vamos logo, vamos passar em uma sorveteria pra acabar com a sua bad, e pode deixar que eu pago. — ela sorri erguendo a mão pra mim.

Pego sua mão e saímos do local com um pouco de dificuldade, nunca andei de muletas hahaha



CONTINUA....

HANDBOYS LOVE ▪ ryluiOnde histórias criam vida. Descubra agora