"Obssecado eu te leio, eu sou lindo e não entendo como alguém pode não me amar"
𝙇𝙪𝙞𝙯
A Talita foi embora, me deixou pagar conta do sorvete sozinho. Uma vagabundagem, já que ela tinha dito que pagaria.
Na verdade nem foi de todo ruim, ela deixou o milkshake dela pra mim.
Ela deveria ter ficado pra pelo menos me ajudar a ir pra casa, andar de muletas é horrível, não recomendo que se machuquem, não é bom dependar das pessoas, me sinto inútil.
Apenas pago a conta e saio do local, quero chegar logo em casa... O pior de tudo é que meus pais nem sabem que eu estou machucado e que nem vou poder jogar a final, bom, isso é o que o treinador diz, eu consigo me recuperar até lá. Não é como se fosse grande coisa.
Exatamente agora estou passando na frente de uma praça, aquela praça em que eu passei o melhor dia da minha vida, confesso que foi estranho, mas não me arrependo de nada que aconteceu. E não, eu não vou contar, fiquem na curiosidade, usem a imaginação.
Acho que dá tempo pra descansar, né? Andar com esse troço é realmente chato. Vou me sentar em um banco rapidinho.
Aquela... É a Gysllane? Meu Deus é ela mesmo, acho que ela me viu também, até porque ela vem em minha direção, mas parece que ela estava com alguém que ainda está sentado lá. Hum deixa.
— misericórdia hahaha — ela mal para em minha frente e começa a rir.
— isso não é engraçado. — digo simples
— se não fosse não estaria rindo — ela continua, mas eu a olho com um olhar sério e ela para — tá, desculpa — tenta segurar o riso, o que ela não consegue.
— é engraçado ver um amigo machucado? — pergunto assim q ela se senta ao meu lado
— não, o engraçado é eu estar agorinha mesmo com a causa disso aí — ela aponta para meu pé.
— como assim garota? — questiono
— ué, eu tava com o Ryan, alí está ele — aponta onde estava sentada antes. Merda, ele tá realmente lá.
Ele até chega a olhar pra cá, mas logo desvia o olhar. Tudo bem, ele está longe e ela não vai chamar ele aqui... Era o que eu pensava
Mal pisquei os olhos e ela já havia o chamado, pô gys, e ele já estava vindo, não pensei que ele viria.
— olha só, eu só vim pra avisar que eu preciso ir. — ele tenta, mas não parece conhecer a Gysllane muito bem, porque se conhecesse saberia que nem adianta, ela não deixar ele ir tão cedo.
— ainda não, agorinha mesmo você estava desocupado, não vai ser agora que nós encontramos o Luiz que você vai embora. — ele ia tentar dizer algo, mas desiste, apenas olha pra mim e senta ao meu lado, porque era "o único espaço"
Estávamos em um banco e a gys em uma cadeira, sla o que era aquilo, na nossa frente. No caso ela foi pra lá assim que o Ryan chegou... Parecia que ela queria causar um desconforto, só pode.
— e ai? O que você quer Gysllane? — pergunto
— eu nada, mas vocês dois... — ela diz. Não sei do que ela está falando.
— não entendi, como assim? — Ryan pergunta
— vocês dois se odeiam, ou só querem se comer? — olho para Ryan com surpresa, ele faz o mesmo. — é sério, eu não consigo saber se vcs se amam ou se odeiam. — eu ri
— ai jura? Você fez eu ficar aqui 'pra isso? — diz Ryan, indignado.
Bom, da minha parte, o ódio é bem pequeno.
— não, é só... Vamos marcar de sair? Eu, você, o Luiz e a Talita, né.
— não sei se é uma boa ideia — digo
— já eu acho uma ideia incrível! — Ryan exclama. Isso sim é estranho, Ryan querendo sair comigo? Não exatamente comigo, mas eu vou estar entre o grupo.
— ótimo! Sábado as 22:00 vai ter uma festa na casa da Ana. — ela diz
— não vai dar. — digo simples
— e por que não? — Ryan me olha e pergunta.
— pelo simples motivo que meu pé esta quebrado.
— tenho certeza que quando você estiver transando com um monte de pessoas isso não vai te atrapalhar, até porque é sempre assim, você diz que não vai pra algum lugar, mas sempre acaba indo e transando com um várias garotas. — ele não olha pra mim enquanto fala.
— você fica me espionando? — solto uma risada fraca e ele olha pra mim, nossos olhares se cruzam novamente.
— talvez. — dá de ombros
Nesse momento meu coração acelera, não sei como reagir, não sei o que dizer. Droga, olha o que você faz comigo Ryan.
— vocês podem flertar na festa, na minha frente não. — gys diz rindo. Confesso que tinha esquecido de sua presença alí.
— não fala bobagens — Ryan ri — Nos vemos na festa Luiz. — ele acena com a cabeça pra mim, faço o mesmo. — Gys, leva ele pra casa. — gys concorda
Ele sai andando.
Talvez essa festa não seja uma ideia tão ruim, pode ser bom me distrair do mundo lá fora.
Posso até encontrar a Ana depois de tanto tempo sem nem sequer trocar mensagens. Não vou mentir, sinto falta da minha amiga.
— vamos, me diz onde é a sua casa — Gysllane diz me tirando do transe.
— você não precisa fazer isso. — respondo educadamente.
— eu falei pro Ryan que te levaria, e não vai me encomodar. — diz com um sorriso no rosto.
— é sério, realmente não precisa. E se a minha casa for longe da sua? Eu posso pedir um uber pra você, eu vou sozinha mesmo — insisto.
— para de ser teimoso, vamos logo — ela me puxa com cuidado pelo braço pegando minha muletas com a outra mão.
— tá bom, tá bom! — exclamo aceitando que não tem chances dela me deixar ir sozinho.
— você mudou de casa, né? — pergunta enquanto andamos.
— é, mas o condomínio é o mesmo. — digo
— entendi. Luiz — ela me chama e eu a olho.
— sim?
— você gosta do Ryan né? — olho-a com surpresa — tipo, eu estava conversando com a Talita e talvez, SÓ TALVEZ, ela pode ter soltado que você é afim dele desde que vocês tinham onze anos.
Estou em completo choque, eu vou matar a Talita. Eu vou matar ela.
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