06 - Tortura

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Nas primeiras horas da manhã, quando a escuridão ainda se agarra ao mundo como uma segunda pele, eu me movo. O corredor subterrâneo ressoa com o eco dos meus passos, um som abafado contra o chão de concreto.

A luz fraca das lâmpadas de segurança lança sombras longas e distorcidas nas paredes nuas enquanto me aproximo da minha sala secreta. É um santuário de vigilância e treino, um reino onde mantenho os segredos mais obscuros da minha existência dentro da máfia.

A porta desliza silenciosamente para revelar as telas de computador piscando com feeds ao vivo, imagens capturando cada canto do meu império.

Meu olhar desvia-se rapidamente para o outro lado escuro e úmido do corredor. Com paredes de pedra e correntes no teto, e ali, em seu centro, se localizava uma jaula de aço imponente coberta por panos negros. Uma reminiscência do meu passado sombrio, mas também um lembrete constante do poder que detenho sobre a vida e o destino dos meus inimigos.

Agora, as mesmas garras de ferro que me aprisionaram se fechavam sobre aqueles que ousaram desafiar sua autoridade.

Arrasto os dois prisioneiros disfarçados dos Snakes, seus corpos trêmulos, cansados e pesados em minhas mãos fortes. Seus sussurros de medo cortam a quietude do espaço confinado enquanto eles tropeçam na escuridão. Eles sabem que o fim está próximo, suas mentes atormentadas pelo desconhecido que os espera atrás daqueles ferros frios e implacáveis.

"Para dentro," ordeno em um tom baixo, mas suficientemente forte para ser uma sentença final. Empurro os dois tremendo na jaula, suas figuras caem para a gaiola e fecho o portão com um som estridente, chaveando-o em um som metálico que reverbera no ambiente, selando seu destino. Sei que meus olhos estão frios e sem emoção. Era essa a minha face mais perturbadora

"Que caralho você quer da gente?" balbuciou um dos prisioneiros, tentando esconder o medo na voz. "Somos apenas soldados, não sabemos nada de importância! Por favor, não!"

Observo-os, como uma criatura noturna observa sua presa. Minha presença é a de um espectro, meu cabelo preto caindo sobre a testa em uma moldura sombria para meus olhos gelados que nada revelam. "Talvez isso seja verdade, mas eu tenho outros jeitos de descobrir se isso é verídico mesmo."

Mesmo diante de seu medo, eu permaneço impassível, uma estátua de carne e sangue que se recusa a mostrar qualquer fraqueza ou compaixão.

Essa é a natureza do meu mundo, onde a confiança é uma moeda valiosa e a conexão uma raridade perigosa. Aqui, entre as sombras e o silêncio, eu me permito ser quem eu preciso ser para sobreviver, e para proteger o que é meu, não importa o custo.

Aço frio desliza entre meus dedos enquanto seleciono um instrumento particularmente cruel de meu arsenal.

Sentado em seu trono no canto escuro da sala, o corvo observa, sua inteligência quase humana cintilando em olhos negros como a noite.

Aproximo-me da gaiola onde os dois prisioneiros se encolhem, a luz tênue jogando sombras dançantes sobre suas feições contorcidas pelo medo.

"Vamos começar," murmuro, minha voz um sussurro que promete dor. O primeiro chora baixinho, implorando por clemência com palavras atropeladas e sem sentido. Eu ignoro seus apelos. Não há espaço para misericórdia dentro de mim.

Entro na gaiola e com movimentos precisos, aplico pressão com a ponta de um pé de cabra afiado em pontos cuidadosamente escolhidos em um dos prisioneiros. Gritos abafados preenchem o espaço confinado, ondas sonoras batendo contra as paredes como uma sinfonia grotesca.

"Por favor," eles imploram entre soluços, "não mais."

"Então falem," comando, a impaciência tingindo minha voz pela primeira vez.

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