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Num gramado alto e super decorado acontecia uma festa de aniversário, um verdadeiro paraíso para as crianças que pulavam e brincavam entre os balões coloridos, os brinquedos majestosos e os raios de sol. Mesas repletas de guloseimas tentadoras rodeavam os pequenos convidados, oferecendo uma variedade de doces e salgados para saciar suas vontades.

Enquanto os adultos conversavam animadamente em grupos espalhados pelo campo, as crianças corriam livremente, participando de jogos e competições organizadas pela equipe de entretenimento. Havia um palhaço fazendo malabarismos e pintando os rostos das crianças com cores vibrantes, enquanto uma música alegre tocava ao fundo.

Enquanto isso, a aniversariante, em seu  vestido de festa brilhante, escolhido a dedo para aquela ocasião especial se encontrava isolada, distante das outras crianças.

Ao seu lado, o pai, com uma expressão calma porém severa, conversa em um tom firme. 
"Vai ficar aqui até aprender a se controlar, Engfa", A olhando nos olhos, ele diz, sua voz ressoando como um eco distante em meio ao burburinho da festa.

Enquanto o pai fala, a pequena menina desvia o olhar para as outras crianças, cujas risadas e brincadeiras ecoavam longe.

"Já me sinto melhor", murmurou Engfa, respirando fundo enquanto apertAv os pulsos tentava recobrar o controle emocional que não tinha.

"Não pode voltar agora. Precisa pensar um pouco", insistiu o pai, sua expressão transmitindo preocupação e cautela.

"Eu não quero ficar aqui", retrucou Engfa, sua voz carregada de frustração e desconforto.

"Mas precisa, lembra do que conversamos?", lembrou o pai, seus olhos fixos nos dela, buscando transmitir seriedade e convicção.

Com o cenho franzido, a pequena Engfa acenou com a cabeça para o pai. "Eu volto em alguns instantes", ele prometeu, antes de se afastar em direção a um canto mais reservado do campo.

Ela não sabia bem quanto tempo ficou ali, perdida em seus pensamentos e emoções. Pareceu horas, cada segundo se arrastando como uma eternidade enquanto ela tentava processar tudo o que estava acontecendo e encontrar uma maneira de lidar com a situação.

O sol começou a se pôr no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados e dourados, enquanto Engfa permanecia ali se sentindo sozinha e abandonada.


Engfa acordou lentamente, os olhos piscando para se ajustarem à luz fraca do quarto. Por um momento, ela se sentiu desorientada, tentando lembrar como havia chegado ali. Ao olhar ao redor, reconheceu os traços familiares do quarto da mulher que dormia ao seu lado.

Um calafrio de desconforto percorreu sua espinha, ela se levantou da cama, desajeitadamente recolhendo suas roupas espalhadas pelo chão. Seu coração batia mais rápido, a urgência de sair dali consumindo seus pensamentos.

Com movimentos rápidos e silenciosos, Engfa se vestiu e agarrou sua bolsa. Ela sabia que precisava ir embora.

Com a mão no trinco da porta, ela lançou um último olhar para trás, sentindo-se culpada por sua pressa em sair. Mas não havia tempo para arrependimentos. Com um suspiro resignado, ela deixou o quarto para trás.

Tinha coisas mais importantes para lidar.

Olhou para o relógio do painel do carro e viu que havia levado apenas quatro horas e três minutos para chegar à cidade, que normalmente levava em média cinco horas e meia. A realização de ter chegado mais rápido do que esperava a deixou surpresa, mas também a fez questionar se tinha dirigido rápido demais. Não queria multas indesejadas.

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