Engfa encontrou Nawat à beira do rio, onde ele costumava pescar. Ele estava sentado em uma pedra, absorto em seus próprios pensamentos.
"Nawat", chamou Engfa suavemente, sua voz quebrando o silêncio da noite.
Nawat virou lentamente, surpreso ao ver a herdeira ali. Um sorriso suave curvou seus lábios. Era a primeira vez que via o homem sorrir.
"Senhorita Engfa, o que a traz aqui a essa hora?"
Ela se aproximou.
"Preciso falar com você, é importante", disse ela, sua voz carregada de preocupação. Ele assentiu, voltando toda a sua atenção para ela.
"Claro, estou aqui para ouvir."
Engfa se sentou ao lado de Nawat.
"Você conhece bem essas terras", começou Engfa, buscando a experiência do homem diante dela. "E meu pai tinha certa afeição pelo senhor", acrescentou, notando o sorriso sutil que se formou nos lábios do homem. "Então posso concluir que sabe o que se passa embaixo dos celeiros?"
Nawat parou de sorrir e tirou um cigarro do bolso da camisa, lançando um olhar interrogativo para Engfa, que consentiu com um aceno de cabeça.
"Bem, senhorita, não posso dizer que não", respondeu Nawat, acendendo o cigarro e expirando uma nuvem de fumaça. "O que quer saber?"
"Tudo? Como isso.. aconteceu?"
Nawat pausou brevemente, como se estivesse ponderando cuidadosamente antes de falar.
"Seu pai começou os.. negócios há mais ou menos três anos, ainda com o senhor Austin, mas depois que ele foi preso, a filha assumiu", disse ele, enquanto observava a fumaça se dissipar lentamente. "Suponho que tenha a conhecido."
A Sargento engoliu seco a menção de Charlotte.
"O que sabe sobre eles?", indagou Engfa, ansiosa por mais informações.
"São poderosos...", começou Nawat, escolhendo cuidadosamente suas palavras.
"Veja bem, são uma força a ser reconhecida. O pai, Malcolm Austin, esta no comando de uma verdadeira rede de influência, mesmo atrás das grades, seu alcance é temido por muitos."
"Então é o pai que manda?" ela perguntou, buscando entender melhor a hierarquia de poder por trás da família Austin.
Nawat hesitou por um momento, como se estivesse pesando suas palavras.
"Bem, tem Charlotte", começou ele, sua voz carregada de respeito e uma pitada de temor, "ela é como uma pantera nas sombras, sempre pronta para agir quando menos se espera."
A analogia intrigou Engfa, a fazendo se perguntar sobre a verdadeira natureza da mulher com quem esteve a poucos minutos atrás.
"O que quer dizer com isso?"
Os olhos de Nawat se desviaram brevemente, antes de encontrarem os dela novamente com seriedade. "Sempre que seu pai precisava de ajuda com... coisas", ele disse, deixando a frase pairar no ar, implícita em seu significado. "Era para ela que ele ligava."
"Assuntos? Tipo o que? Dinheiro?" ela perguntou, buscando entender a extensão do envolvimento de Charlotte nos negócios da família.
"Também", confirmou Nawat, sua voz carregada de convicção. Ele assentiu com a cabeça. "Não há nada que eles não consigam."
"E se eu denunciar?" ela indagou, com um franzir de sobrancelhas, Nawat a olhou preocupado, apertando os lábios.
"Se me cabe um conselho, senhorita, eu não faria isso" respondeu com seriedade.
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Herança
FanfictionUma herança Uma aliança Uma terra fértil Ou Onde a Sargento Engfa Waraha volta pra casa para a leitura do testamento do seu pai e uma série de desaventuras acontecem após conhecer Charlotte Austin.