Herança

04

A dívida inicial era de cinco milhões.

Mas Daad e Johnny tinham apenas três dias para pagar uma dívida de dez milhões, para um sujeito chamado Julio Ontório. Daad conheceu Julio em uma clínica de reabilitação alguns anos atrás, e ele se ofereceu para emprestar cinco milhões para Johnny investir no projeto das Maldivas. Eles acreditavam que conseguiriam dobrar o dinheiro rapidamente, mas o projeto acabou fracassando, levando todo o investimento junto.

Agora, Julio e seus irmãos estavam cobrando a dívida com juros e correção, algo que Daad esperava que pudesse ser coberto com a herança que ela acreditava receber após a leitura do testamento do pai. No entanto, ela não contava que o pai deixaria tudo para sua irmã e não para ela. Agora, eles estavam em uma corrida contra o tempo para encontrar uma solução para a dívida antes que Julio tomasse medidas drásticas.

"Como assim medidas drásticas?" perguntou Engfa, com uma expressão de preocupação se formando em seu rosto. Se sentou no sofá.

Haviam descido para o escritório do pai.

"Ele disse que mataria meu marido e arrancaria meus olhos..." Daad respondeu, sua voz tremendo com o peso das palavras.

"Bem drásticas", murmurou Engfa, seu estômago se revirando com a ideia do perigo iminente.

Enquanto Engfa ponderava sobre como ajudar sua Daad, também flutuava em sua mente a ideia de simplesmente partir e deixar ela se virar sozinha dessa vez. Contudo, ao observar ao redor da sala, onde a poltrona do pai permanecia vazia, uma lembrança específica tomou conta de sua mente.

"Sabe como sua irmã é sensível, então conto com você para cuidar dela", começou o pai, sua voz grave e cheia de preocupação.

Engfa, com apenas 10 anos, olhou para seu pai com seriedade, absorvendo suas palavras. Ela sabia que Daad, sua irmã mais velha, podia ser um pouco frágil emocionalmente às vezes.

"Não era ela que deveria cuidar de mim?", perguntou Engfa, sua testa franzida em confusão.

O pai suspirou, colocando uma mão gentil no ombro de Engfa. "É a mais nova, mas é a mais forte", explicou ele. "Eu acredito que pode manter sua irmã na linha enquanto estiver lá"

Engfa assentiu lentamente, sentindo o peso das expectativas do pai sobre seus ombros. Ela sabia que estava prestes a começar uma nova jornada no internato, onde sua irmã havia reprovado alguns anos antes.

Estudariam na mesma turma agora.

Mas a caçula estava determinada a não seguir os passos da irmã.

"Eu prometo cuidar dela, pai", disse Engfa, sua voz firme e decidida. "Vou fazer o meu melhor para protegê-la e mantê-la fora de problemas."

O pai sorriu, orgulhoso da determinação de sua filha mais nova.

Ele sabia que Engfa tinha o potencial para ser uma líder forte e protetora, não apenas para Daad, mas para todos ao seu redor. Com um abraço apertado, eles se despediram.

"Fica aqui, não se move e não se mete em confusão até eu voltar", ordenou Engfa, sua voz firme refletindo sua preocupação com a segurança de irmã.

Daad levantou os olhos para a irmã mais nova, um leve sorriso surgindo em seu rosto de forma quase travessa.

"Onde eu iria de olhos roxos?", respondeu ela.

Engfa soltou um suspiro, Ela sabia que, apesar de todos esse tempo longe, Daad confiava em sua capacidade de protegê-la, mesmo que fosse apenas por alguns instantes.