The Weeknd - Starry Eyes

Capítulo 6

 Ainda sobre aquele enigma chamado Caroline e seu sumiço, Abel desceu para o térreo. Já previa a bagunça que aquela casa estava, sabia que os funcionários dariam conta do recado e que sempre deixavam a casa intacta após uma festa que ele dava para seus amigos, mas no fundo esse era um dos motivos que não gostava daquilo. Ainda nas escadas ficou estático observando quem estava ali, nem conseguiu acreditar e logo um sorriso surgiu em seus lábios, mas que logo se desfez. Caroline estava com uma vassoura recolhendo o lixo enquanto que a funcionária recolhia alguns copos da mesa. Desceu o restante dos degraus

_O que está fazendo?
_Estou ajudando a limpar a bagunça que ficou – fez uma expressão no rosto como se tivesse contado o óbvio.
_Vem. – Segurou a mão de Caroline e saíram dali para área externa.

Seguiram para uma varanda onde tinha uma mesa com café da manhã completo, logo a frente uma grama macia que naquele momento os cachorros estavam brincando. Caroline estava acostumada com alguns luxos, mas nada parecido com aquilo. Sentou-se à mesa e aguardou ele fazer o mesmo.

_Eu acordei e como estava dormindo perfeito decidi me levantar e conhecer a casa. Levei alguns minutos para acertar onde ficava a escada e desci. Vi que a sala estava um caos e fui recolhendo a louça suja, logo em seguida suas empregadas chegaram.

Abel não queria deixar explícito como ficou admirado com a atitude de Caroline. Estava tão acostumado a ter mulheres de alto escalão que no lugar dela estavam naquele horário ainda dormindo, que ficou assustado com a cena.

_Pensei que tinha ido embora – serviu a xícara com café.
_Eu até poderia ir, mas pensei: que ridículo sair sem agradecer ao anfitrião. Também não queria ficar no tédio, então resolvi ocupar a mente – agradeceu quando ele serviu sua xícara com café e voltou a falar. – Não coloca a culpa nelas, quando chegaram eu já estava fazendo a limpeza da sala. E iria para o salão se não as encontrasse ali.
_Não precisa me pedir isso, Carol. Eu só fiquei assustado porque eu pago pessoas para estarem aqui fazendo isso.
_Eu sei, mas só tenha paciência porque não estou acostumada a esse luxo todo – olhou para a grama. – Sua casa é linda e enorme.
_Obrigado – mordeu uma torrada. – Estava notando que ela fica muito vazia.
_Às vezes deve ser bom morar sozinho.
_É, mas nessas circunstâncias não muito.
_Eu sei como é. Sempre morei com minha mãe, por opção mesmo, quando fui pro Rio e tive que ficar sozinha lá sofri muito. Detesto não ter ninguém para conversar.
_Sempre que precisar pode ligar para mim, Carol. Não se sinta só
_Eu sei, mas falo de contato humano. Chegar do trabalho e ter alguém te esperando, sentar e jantar contando as novidades do dia.

Por um breve momento Abel imaginou aquela situação. Muitas vezes era isso o que buscava nas mulheres que havia se relacionado, queria muito chegar cansado e ter uma companhia feminina ali.

_Isso deve ser bom.
_É, mas não é o que temos no momento – ela suspirou e foi se servir com uma torrada e geleia de morango.
_Onde deixou suas malas? – indagou após um breve intervalo na conversa.
_Estou hospedada em um hotel.
_Se eu te convidei era para ficar aqui, Carol.
_Não, Abel. Você me convidou para sua festa, não para passar esses dias em sua casa. E está tudo bem, eu estou acostumada em viver em hotéis nas minhas viagens.
_Caso queira, podemos buscar suas malas lá.
_Não precisa. Estou bem assim.

Ele não iria responder, mais uma vez assustou-se com a atitude daquela mulher. Caroline estava sendo um belo enigma ou era uma pessoa totalmente oposta das mulheres que ele ficou ao longo da sua fama.

_O que vai fazer hoje?
_Eu vou aproveitar o dia para passear, ir ao shopping. Preciso comprar algumas coisas.
_Então posso te buscar no hotel à noite.
_Pode ser.

Continuaram conversando sobre a vida enquanto tomavam o desjejum. Agora era Abel que falava sobre o que viveu, as experiências, as festas que havia dado em sua casa. Ela ouvia atentamente, estava fascinada com aquele mundo que ninguém conhecia.