III. I'm so naive

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Minho estava nervoso.

Queria falar com ele sobre o que se passava, queria poder abraçar Hyunjin, beijá-lo, cozinhar-lhe uma refeição quente, qualquer coisa que ele quisesse, não importava se eram 3 da manhã ou 4 da tarde ele queria vê-lo e dar-lhe tudo o que ainda restasse de si próprio.

Não podia dar a Hyunjin a paz que o mais novo desejava mas que dar-lhe alguma da sua. Alguma calma. Algum conforto. 

E embora tudo isto pareça muito bonito, a verdade é que o rapaz encontrava-se apenas à porta do quarto onde o mais novo criava as suas obras. Onde diversas vezes se encontravam e adormeciam juntos, onde se beijavam, largados entre carícias num sofá barato com uma manta quente.

Onde Hyunjin já tinha pintado Minho. Num dos seus quadros favoritos sobre o inverno e o verão, onde os dois se encontravam um em cada estação.

Esta era a paz total de Minho, esta era a paz queria poder entregar de mão beijada (sem dificuldade) a Hyunjin, queria tirar-lhe a sua paixão (dor) e reforçar-lhe que iria ficar tudo bem porque eles estavam juntos. A mais pura das verdades é que tal sonho demoraria para acontecer.

Quando puxou pela maçaneta da forma mais lenta que conseguia, tornando a sua entrada completamente silenciosa, não esperava encontrar a cena que se montava á sua frente.


"No meio do chão incolor

As minhas lágrimas revelam a minha própria dor.

A dor da minha existência

Insignificante aos olhos daqueles que deveriam evitar a sua decadência

Aqueles a quem ofereço de mão beijada toda a minha aliança

E todas as minhas oníricas esperanças"                                 - A morte de um artista, 2024 

Hyunjin estava deitado no chão, com as mãos cobertas de tinta azul e branca, chorava e era completamente nítido já que os sons se espalhavam pela sala mas não para posterior dela, ele segurava-os, num choro silencioso e profundo que começava a dar vida à tinta antes morta em sua pele e borratava num choro pintado a derme do menino.

Envolto nos seus pensamentos não percebeu que a única presença na sala não era apenas sua, mas também daquele que amava. Que escutava as pequenas e miúdas balbucias que saíam de seus lábios, os pensamentos altos e uma grande, imensa, colossal vontade de sair dali, sair daquela realidade, queria poder esconder-se, num sitio isolado, com uma praia, com Minho, com o som do mar como calmante.

A pose e o comportamento de Hyunjin destacava-se perante a sala, era impossível não notar a posição quase fetal do menino. Porém, algo muito maior captou todo o olhar da nova forma humana na sala, um lírio branco, primeiro numa pequena jarra de vidro partido e a sua água azul, que estava prestes a transbordar  pelo estado de deterioração em que se encontrava o vidro. Na tela, ao seu lado, o verdadeiro Lírio poderia ser comtemplado, pintado em toda a sua graça, pingava até ao chão melancolicamente. Certamente algo que apenas Hyunjin conseguiria juntar 


Claro.

Apenas ele.

O artista.

Apenas ele conseguiria.

Um belo lírio branco e a inigualável melancolia dos românticos no séc. XIX (19)

Apenas o artista se representariam tão bem.

Apenas ele próprio seria tão perfeito. 

Perfeito para recriar a própria vida numa só flor.

Hyunjin era o lírio branco. E não havia qualquer duvida. O fascínio do Minho sabia que aquele era o seu Hyunjin, um delicado, gracioso e bonito lírio  branco.

Goddess - HyunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora