⟢ O grande dia ⟢

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Minha família já estava pronta para ir até a capital, já que a cerimônia seria no palácio real. Durante dias tentei pensar positivo diversas vezes, seria mesmo legal ser a esposa de um imperador, se não fosse por eu estar em um território totalmente novo, sem privacidade, acompanhada o tempo todo por escoltas, cheia de afazeres reais, com um homem louco por um herdeiro, ou mesmo meu coração! Era um pesadelo ou um sonho?

Ao menos Rafayel foi o único a se mostrar interessado na minha opinião em relação a cerimônia, mas o que ele queria dizer com algum pedido especial? De qualquer forma, enviei uma carta curta em resposta pedindo que ele não me forçasse a nada e que o bolo fosse de massa branca com morangos, eu amava bolo de morango.

Um dia antes, hospedados num hotel luxuoso, Rafayel veio me ver pela primeira vez formalmente, mas eu não estava lá, estava no centro gastando o dinheiro que meu pai dizia não ter, provavelmente o desgraçado estava se afundando em dívidas com bebida e jogos, por isso estava desesperado por esse casamento, antes de ser lorde ele já era assim.

- Velho maldito, se ele se acha tão pobre ele vai descobrir agora o que é pobreza. Vou te deixar com uma dívida maior do que o imperador pode pagar. MUAHAHAHAHA! - Alguns mercadores e andarilhos me encaravam com maus olhares.
- Senhorita, está rindo muito alto, as pessoas já sabem quem é você, e agora você é noiva da majestade. - Amy, a qual se recusava sair do meu lado, alertou.
- E daí? Ninguém nunca dá a mínima pra imperatriz. - Me enfezei.

Não muito afastado de onde estávamos, duas jovens camponesas conversavam.

- Amira, você vai ao casamento do imperador hoje? Fiquei sabendo que é uma mulher aqui da capital, mas que foi criada no interior. - Escutei os murmúrios num beco próximo dali.
- Eu não tenho certeza, aposto que vai estar cheio.
- Sim mas...pobre moça, lidar com uma gravidez e depois ser morta pelo próprio marido deve ser terrível.
- Pelo menos não corremos mais o risco de ser uma de nós, o imperador sempre foi meio maluco, eu sabia que ele não batia bem desde a morte da majestade.
- Como assim? - Tentei escutar melhor indo bisbilhotar uma barraca mais próxima das vozes.
- Você não sabe? Dizem que quem matou seu pai foi o próprio filho, Rafayel!
- Shiii! Fala baixo! Ficou maluca?
- Eu não estou maluca, você que tá por fora. Todo mundo já desconfia disso.

Meu coração disparou.

- Amy...você ouviu isso? - Cutuquei Amy atônita.
- O que foi senhorita?
- Não ouviu o que acabei de ouvir?? - Amy parecia não ter prestado atenção.
- Do que se refere?
- O boato, de que o imperador assassinou o próprio pai...
- Agh! Claro que não senhorita, fale mais baixo, isso pode te causar problemas! São só boatos bobos, não tem como isso ter acontecido.

Enquanto isso no hotel...

- Ah minha nossa majestade, minhas sinceras desculpas! - Mamãe fez uma reverência junto de papai e Julieta. - Selena saiu sem nos avisar, ela deve ter tido algum imprevisto para não ter chegado ainda.

Ela suava frio.

- Não precisa ser tão formal comigo, é um prazer vê-los com saúde, cuido de Selena depois. - Rafayel parecia estar no ar, como se a mente dele vagasse até mim.
- Só temos a agradecer por conceber nossa filha como sua esposa. - Papai agradeceu.
- Não há por que me agradecer, este acordo será bom para ambas as famílias, uma jovem já conhecida pela gentileza nos arredores do palácio é tudo o que preciso, a quietude dos curiosos, ah...já posso até ouvi-la. - Rafayel rangia os dentes com todo aquele fingimento.
- Definitivamente. - Gargalhou Lorde George. - Eu prometo que Selena irá honrá-lo com muita graça majestade.

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