25- If You Can't Hang- Zac

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Depois de deixar Alexia na escola, canalizando meu melhor John Travolta em "Grease", voltei para casa com o espírito elevado pela promessa de uma noite que prometia ser memorável. No entanto, ao chegar, fui recebido por uma cena que eu não esperava: Angeline estava finalizando os preparativos de sua mala.


A visão da mala, quase pronta para ser fechada, foi um choque misturado com um alívio inesperado. "Já está de partida?" perguntei, tentando mascarar minha surpresa e o súbito sentimento de liberdade que começava a se insinuar em meu peito.



"Sim, decidi que era hora de seguir em frente," Angeline respondeu, com uma calma que parecia forçada. "Você claramente tem outras coisas – ou pessoas – em mente, e eu não quero ser um estorvo."


A sinceridade inesperada em sua voz me pegou desprevenido. Por um momento, fiquei dividido entre a vontade de desfazer o mal-estar e a necessidade de recuperar meu espaço. "Angeline, não é questão de ser um estorvo..."


Ela me interrompeu com um aceno de mão. "Não precisa explicar. Acho que ambos sabíamos que isso estava chegando. Só demorou um pouco mais do que eu esperava."


"Você vai querer que eu chame um táxi?" indaguei, apoiando-me casualmente na porta do quarto enquanto ela terminava de empacotar sua vida em uma mochila. Sua falta de resposta não me surpreendeu, nem me fez insistir. Afinal, certas despedidas ganham em ser silenciosas.


Retornei à sala, dando vida a um cigarro, tentando encontrar algum conforto na fumaça em meio ao desconforto da situação. Foi então que ela parou à minha frente, com um olhar que cortava a fumaça e o silêncio com uma clareza desconcertante.


"Acho que está na hora de vender a minha parte do apartamento," ela finalmente disse, quebrando o silêncio com uma decisão que parecia ter sido tomada há muito.


"Seria uma boa ideia," concordei, sentindo um peso se levantar do meu peito, "Na verdade, eu tenho pensado em fazer a mesma coisa..." Minha voz traiu um alívio profundo. Aquela conexão tangível que ainda nos unia, através da propriedade compartilhada deste apartamento, estava prestes a ser dissolvida. Era a última corrente que me prendia a ela, e agora, finalmente, poderíamos nos libertar completamente.


"Já está pensando em comprar um apartamento com a Alexia?" A mágoa em sua voz tentava se disfarçar de indiferença, mas falhava miseravelmente.


"E essa raiva toda? Foi você quem decidiu sumir do mapa!" minha resposta veio carregada de um sarcasmo ácido, refletindo o tumulto de emoções que eu tentava manter sob controle.


"Eu precisava ir... Era por causa do meu trabalho..." ela tentou se justificar com uma voz que buscava compreensão, mas suas razões eram tão vagas quanto a justificativa para a última temporada de uma série mal acabada.


"Corta essa! Você sumiu sem dar sinal de vida, como quem deixa a porta aberta esperando que o cachorro fuja. Deixou suas coisas, a gata, e a dignidade para trás," rebati, cada palavra tingida com a irritação de quem revira velhas feridas.

"Eu não consegui te dizer adeus... Nossa relação sempre foi um campo minado, e eu só fiz o que..." ela começou, mas suas explicações soavam como desculpas esfarrapadas de quem foge de responsabilidades.

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