31- Viena- Zac

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"Eu me recuso a fazer isso," reafirmei, me aprofundando ainda mais na minha resistência, encarando meu pai em um impasse visual. "Isso já é demais."


"Não estou solicitando nada além do razoável," meu pai suspirou, acomodando-se na poltrona com a elegância de um nobre em seu trono, sua expressão carregada de uma paciência refinada. "É somente uma fotografia para o cartão de Natal da nossa família."


"Eu me recuso," continuei firme, com os braços cruzados em uma rebelião juvenil.


"Até sua gata participará. Melissa comprou para ela uma adorável roupa de elfo," ele tentou me persuadir, apontando para Provolone que, fantasiada de elfo natalino, observava o mundo lá fora pela janela do escritório. Aquela cena deveria ter sido hilária, mas meu espírito estava tão fraturado que nem a visão de Provolone em sua vestimenta temática conseguiu me fazer sorrir. 

"Zachary, você praticamente não sai do seu quarto, se afoga em álcool, e recusa seus medicamentos a não ser que eu insista."


"Eu só quero ficar isolado," suspirei, me levantando como quem admite derrota.


"Por favor, ao menos faça o esforço de escovar os dentes e pentear o cabelo," meu pai se aproximou, mantendo a compostura e estendendo a mão num gesto que, em qualquer outra situação, soaria cômico. "Esta condição já ultrapassou todos os limites, meu filho. Sinto-me desesperado, sem ideias de como incutir um mínimo de felicidade em você." Naquele instante, meu pai, o homem que eu sempre comparei a um vampiro aristocrático por sua distância e frieza, exibiu uma vulnerabilidade que me pegou de surpresa. Com um toque no ombro, tão cheio de preocupação quanto desajeitado, continuou: "O que você deseja? O que posso fazer para te tirar dessa situação deplorável? Estou disposto a qualquer coisa para te ver sorrir novamente..."


"Francamente, pai," comecei, encarando-o nos olhos, a amargura pesando em cada sílaba. "Eu não desejo estar feliz. Sempre que me sinto feliz, uma tempestade surge e leva tudo embora." Meu sarcasmo habitual tinha me abandonado; Alexia levou consigo qualquer vontade de viver que eu tivesse, deixando-me no pico de uma montanha momentos antes de eu cair no abismo em que me encontro agora. "Eu só queria morrer, mas não tenho coragem de fazer isso sozinho."


Virei de costas para ele e retornei ao meu quarto. Melissa deixou um copo de suco e a dosagem diária de comprimidos ao lado de um bilhete com um coração desenhado: "FAÇA ISSO POR NÓS," o bilhete dizia.


Sentei na cama e engoli os três comprimidos secos. A garrafa de uísque, quase no fim, que estava ao lado da minha cama, foi o complemento perfeito para engolir os comprimidos que pareciam sufocar-me.


Peguei meu celular; as mensagens de Josh e as chamadas perdidas eram incontáveis. A única coisa que eu queria fazer era verificar o Instagram de Alexia; sem posts, sem atualizações, nada. 

Eu não sabia o que estava acontecendo na vida dela e não havia nenhum post para tentar imaginar que ela estivesse melhor sem mim.

...

Ah, o Natal! A época em que minha querida família decide transformar meu quarto num set de filmagem para uma cena deletada de um filme de Hallmark. Entram papai e Mel, portando presentes como se fossem armas de distração em massa, determinados a arrancar de mim um semblante de felicidade natalina. "Trouxemos o Natal até você!" declaram, como dois missionários trazendo boas novas ao indígena recluso e mal-humorado.

This Is How We Do ItOnde histórias criam vida. Descubra agora