Capítulo 1 - Prelúdio.

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P. D. V. (Ponto de vista) — Lyanna Stone.

— Magnífico! - Olhando encantada para a manhã que se desenrolava à sua frente, Lya deixou seus pensamentos divagarem e sonhava enquanto um sorriso se formava em seus lábios. Hoje era um dia muito especial... seus 16 anos! Poxa! Como tinha esperado por essa data, sentia um formigamento por todo o seu corpo desde cedo, será que era assim que se sentia ao despertar o espírito lobo? No meu caso, espírito loba... ou seria apenas ansiedade?

Rindo de meus próprios pensamentos, subi um pouco mais nos galhos, olhando com alegria para a vastidão das terras ao redor. Inesperadamente, do nada surge um tufo de cabelos verdes e amarelos, cheios de folhas secas de uma moita um pouco mais adiante, o que me causou um tremendo susto e quase me fez cair da árvore em que estava.

Bem, eu sempre amei subir nas árvores da floresta que rodeava as terras da alcateia, para mim era um desafio pessoal, e hoje não foi diferente. Dentre outras árvores, procurei a mais alta, forte e firme para escalar.

Eu sentia em meu íntimo que, a partir desta data, nada me pararia e que com certeza eu poderia "alcançar alturas". Só dependeria unicamente de minha garra e determinação. Seria incrível!

Quando estava prestes a soltar um grito de vitória, aquele tufo de cabelos coloridos me assustou.

Que sorte ter conseguido me segurar no último minuto... aff.

Rindo, agradeci à Deusa da Lua, Selene, por ter reflexos tão rápidos, ou teria virado panqueca.

Neste exato momento, a criatura extravagante estava quase destruindo meus tímpanos enquanto gritava abaixo da árvore em que me encontrava.

— Lyannaaa... Lya, onde você foi parar? Eu já caí duas vezes procurando por você, sabia?... Aparece, por favor... já estamos atrasadas! Seu pai vai nos matar.

— Oh! Deusa... por que me deste uma amiga tão atrapalhada? — resmunguei.

Olhando para a minha melhor amiga do "mundo todo", com suas calças jeans largas estilo boca de sino dos anos 70 e uma camiseta amarela neon com os dizeres "Eu brilho!", eu não sabia se gargalhava, ou chorava.

Pensando bem, só a presença dela já me deixava feliz, mas seu senso de moda, com certeza me levava ao desespero. Ela insistia todos os dias para que eu aderisse ao seu estilo, mas isso definitivamente não ia acontecer.

Sorrindo, desci da árvore e gritei.

— Estou aqui! — Com um sorriso imenso, Anne veio correndo, tropeçando até mim.

— Graças à grande Deusa da lua! Seu pai com certeza vai tirar nosso couro quando recebermos nossas lobas.

— Exagerada! Você sabe que ele jamais faria isso.

Bem, era verdade que às vezes meu pai ficava muito irritado comigo, mas sendo a única filha do alfa da alcateia, eu deveria ter um comportamento "melhor".

Pelo menos era isso que ele sempre me dizia. Mas no final de cada bronca, vinha o meu pedido de desculpas e um abraço apertado dele, junto com um "eu te amo, filha".

Pensar nisso me faz lembrar de toda a trajetória dele até se tornar o alfa que é hoje.

Meu avô sempre foi muito rígido e tradicionalista, e cedo decidiu que meu pai seria o alfa mais forte, justo e implacável que poderia existir.

Claro, essa "grande decisão" transformou a vida do meu pai em um inferno, fez dele um grande guerreiro, isso era inegável. Mas também o tornou uma pessoa infeliz, incapaz de se conectar emocionalmente com qualquer um, porque, segundo o meu avô, as emoções só serviam para "confundir".

Filhas de Hécate: Sangue Impuro.Onde histórias criam vida. Descubra agora