𝔠𝔞𝔭í𝔱𝔲𝔩𝔬 4- 𝔖𝔬𝔭𝔥𝔦𝔞

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Por Tintas e Espelhos-4

Enquanto ando silenciosamente, Douleur canta uma balada diferente, não é de meu idioma, por isso não compreendo a letra, mas ele faz alguns estalos com a língua.

Posso ouvir Narrador rabiscando algo em um livro velho de capa marrom grossa, possivelmente desgastado com o tempo.

Seria isso um diário de viagens?

Ou estaria ele escrevendo um livro sobre a fauna e flora?

Não posso ficar me distraindo com essas coisas, sei que tenho uma missão.

Mas...

Como eu destruiria alguém?

Eu não tenho o mínimo do treinamento, não sou um ser mágico, não conseguiria mentir — por pura falta de prática — não sei seduzir alguém como Cristiny faria...

Esse barulho de pena se arrastando pelo papel...!

Me viro pra o Elfo.

— O que tu tanto escreves? — Digo tentando não parecer rude.

— Tem coisas, Princesa, que não é de sua conta. — disse guardando o “livro” na bolsa, que está  pendendo em seu corpo.

— Se me acompanhará por toda a viagem apenas diga-me, o que é isto? — digo tentando parecer persuasiva, o que aparentemente não dá certo.

— Isso não deveria importar para alguém da realeza, Princesa.

Isso plantou mais uma dúvida:

Como ele sabe que sou princesa?

— Não sou da realeza — minto.

— Ah é? — pergunta arqueando uma das sobrancelhas.

— É, sim, sou apenas uma camponesa.

— Contraditório isso, pois mais cedo afirmou para mim que pertence à realeza.

Ele estava certo.

— Pois bem, eu menti. Toda garota deseja ser chamada de Princesa — digo tentando imitar o charme de Cristiny.

—Engraçado, Princesa, tu sabes meu nome, mas não sei o seu — disse enfatizando a palavra “princesa”.

— Sophia — minto mais uma vez.

— Sophia? — pergunta.

 — Sim.

— Certo, Sophia, para vossa informação, isto — diz balançando a bolsa — é um livro, no qual estou trabalhando.

— Sobre o quê?

— Não importa para ti.

Com a resposta nada educada, me viro e continuo andando.

♥♥♥

 

Depois de algumas horas caminhando pela floresta, acabo tropeçando em um frasco de vidro, velho e quebrado, com uma etiqueta começando a se deteriorar.

Pego-o na mão e o examino.

Beba-me.

Por Tintas e Espelhos Onde histórias criam vida. Descubra agora