Capítulo 4 - Reconhecer

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"— Tenho medo de machucá-lo.
— Bom, o amor é um risco para qualquer um."

— Dezesseis Luas, 2013.












— Dezesseis Luas, 2013

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          Houve um peso e um ardor, e o mundo girou antes mesmo que abrisse os seus olhos. Era frio, vazio e obscuro. Pouco parecido com o lugar onde lembrava-se de estar. Os confins sombrios de sua mente, aprisionada pelo próprio poder, adormecida pela fraqueza a que fora acometida. O caos em sua mente a tomou mais tempo do que deveria, depois disso, apenas escuridão.

          Respirou profundamente, e finalmente abriu os olhos. Gemeu em frustração quando se moveu e sentiu algo queimar e afundar em seu braço. Estava desorientada e sua visão estava embaçada, conseguiu apenas vislumbrar o teto de gesso branco e a lâmpada fluorescente gritando sua luz. O latejar em sua cabeça a fez apertar os olhos novamente, enquanto se sentava lentamente.

          — Porra. — Foi a única coisa que conseguiu proferir, quase como um rosnado, e notou como estava mau humorada, quase rabugenta. Então, rosnou de verdade, afogada por um misto de sentimentos vis relacionados à fome.

          Abriu os olhos outra vez, piscando suavemente para tentar se acostumar à luz. Quando conseguiu fixar o olhar sem doer demais, olhou para a fonte da ardência em seu braço.

          Era uma agulha. Uma maldita enorme agulha afundada em sua carne, e talvez esta pequena coisa desgraciada tenha sido o que salvou a sua vida, de certa forma, contando que estava ligada à uma bolsa de sangue.

          — Transfusão de sangue? Jura? — murmurou, sozinha, arrancando o acesso de seu braço e esticando sua coluna.

          Aquilo poderia tê-la mantido viva, mas não matou a sua fome. Estava sedenta, faminta, e isso fazia aquela irá profana se aprofundar cada vez mais forte em seu peito. Sua garganta ardia e doía, suas veias queimavam.

          Seus olhos correram para o que estava evitando: o pulso onde costumava estar o bracelete bloqueador. Realmente não estava mais lá, havia apenas uma lembrança sucinta de que ele havia estado ali, uma cicatriz vermelha e feia que, por ser proveniente de magia, demoraria um pouco mais para curar, mas que ela poderia lidar facilmente. Apenas a ideia de saber que era real, que realmente estava livre, de ser capaz de sentir a magia sendo conduzida ao redor de si, já era o bastante.

          Todavia, quando olhou ao redor, viu apenas branco. Uma sala quadrada e pequena, com paredes tão brancas quanto o teto e uma porta metálica da mesma cor. Porta. Fechada e possivelmente trancada, com uma maldita e minúscula janela para o corredor.

          Rosnou, raivosa. Aqueles malditos a tiraram de um cativeiro para enfiá-la em outro? Largando a sujeira, velhice e podridão por uma falsa sensação de limpeza e pureza?

Sangue e SalvaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora