Capítulo 5 - Confessar

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Como o prometido, aqui está: um capítulo dedicado especialmente à luzcereja, que tem me oferecido comentários amáveis em cada capítulo e me trazido alguma animação que eu havia perdido. Dito isto, espero tenha uma boa leitura.





















          Leo havia explicado para ela que estava no meio de uma missão, que não poderia estar com ela tanto quanto gostaria, ele tambem havia dito que não desejava deixá-la sozinha, embora precisasse fazê-lo. Ela o entendeu, aceitou sua partida, mesmo que não se sentisse totalmente confortável, ela sabia que não podia parar a vida dele, ela sabia que não podia prendê-lo a si quando nem sabia o que queria dele. Ela se prendeu à Cove e sua presença gentil, mas, ainda assim, parecia tedioso e angustiante não tê-lo por perto. Como um arrepio doloroso em sua espinha.

          Passaram-se três dias desde que partiu, com olhos tristes de um garoto indefeso, ela quase sentiu comiseração por ele, mas estava se esforçando para não se derramar num mar de sentimentos confusos por aquele homem desconhecido. Suspirou, e não poderia negar que sentia sua falta. Pelo menos ali, jogada naquela cama sem graça naquele quarto sem graça, imersa numa liberdade falsa e numa solidão pior.

          Contudo, quando a porta se abriu de repente, seu coração acelerou e seu tronco se ergueu rapidamente. Não houve batida alguma, apenas o trinco se abrindo e o cheiro de seu companheiro invadindo o quarto minúsculo numa velocidade sufocante, a enchendo e preenchendo seus pulmões com vigor. Quando seus olhos se encontraram, ele suspirou aliviado, como se um peso saísse de seu peito. Ela se acertou sobre a cama, sentando-se pacientemente e esperando que ele viesse até ela, tentando não parecer desesperada demais, tentando não demonstrar que ansiava por ele.

          Leodan tinha em suas mãos uma série de sacolas de papel compostas por diversas tonalidades, mas as descartou num canto da sala sem qualquer hesitação, como se não fossem nada. Ele caminhou sem pressa até ela, o seu cheiro almiscarado a invadindo cada vez mais, o calor de sua pele irradiando perto dela, aquecendo tudo nela. Suspiraram, em conjunto, e Leo sorriu.

          — Você não faz ideia do tanto que eu senti a sua falta — ele sussurrou, como uma confidência, enquanto inclinava o rosto na altura do dela, aproximando-se para obter mais de seu cheiro.

         Mas ela fazia, sim, e como fazia. Aquele vazio em seu peito e a ansiedade a tomando diziam o bastante. Ela suspirou fortemente, e obteve um pouco mais de Leo do que o cheiro de banho tomado. Então, ergueu os olhos até que encontrassem os dele. Seus lábios estavam no caminho, e o quão próximos eles estavam a fez estremecer.

          — Sinto o cheiro dela em você — sussurrou, inclinando-se para trás e se afastando suavemente, desviando os olhos para evitar qualquer sentimento ou a representação deles. Ele a deu espaço, enquanto Bronwyn se deitava, e, então, deitou-se ao seu lado, do jeito que ele conseguia fazer sem tocá-la.

          — Dela? — perguntou, quase confuso, e viu sua companheira assentir.

          — Sim, da mulher de quem se alimentou. O cheiro dela ainda está em você, e o sangue dela ainda não se perdeu no seu — disse, os olhos focados no teto branco, todavia, quando ele suspirou, ela os levou até ele.

          — Eu... sinto muito — murmurou, abaixando o olhar timidamente e mordendo os lábios. — Estive ocupado, não me alimentei suficientemente e estava com sede... eu não podia vir até você assim, acabaria perdendo o controle e... — confessou, quase envergonhado, e, mesmo que tenha paralisado antes de terminar, ela o entendeu. Sabia que seu sangue chamava por ele, era igual para ela. O fato de serem companheiros tinha um pouco disso, e não seria um problema, caso ela não fosse um problema.

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⏰ Última atualização: Jul 15 ⏰

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