Depois, quando Severus retorna para Hogwarts, ele fica em seus aposentos em frente à lareira. O fogo está baixo. Brasas laranja crepitam e brilham, lançando longas sombras no chão. Felizmente, tudo está quieto. Afinal, é tarde, mas hoje em dia não se pode ter certeza.
Tudo é familiar – a pulsação da magia fluindo pelas paredes do castelo, o zumbido dos feitiços calmantes que Severus conhece como a palma da sua mão – e, ainda assim, tudo é diferente agora. Embora sem dúvida imprudente, o sexo com Potter não foi totalmente inesperado. E isso não é a coisa mais estranha?
Se não estivessem em guerra, se tudo fosse diferente, Potter ainda estaria na escola, ainda seria aluno de Severus. Ele afasta o pensamento, mas, ainda assim, ele se infiltra nas bordas de sua consciência – como sangue, como doença.
Eles estão em guerra, e Potter não se parece em nada com os alunos de Severus. Afinal, ele foi encarregado de salvar o maldito mundo. Não importa que ele tenha dezessete anos. Os dois provavelmente estarão mortos antes de ele completar dezoito anos, quanto mais vinte e dois ou trinta e sete...
Severus fecha os olhos e respira fundo. Ele ainda pode sentir Potter ao seu redor. A magia do menino é como o canto de uma sereia, atravessando todo o resto, quebrando como gelo nas profundezas da Floresta de Dean.
Assistir a Horcrux lutar por sua vida foi horrível. Mas Potter empunhava a espada da Grifinória como o maldito herói que ele é, e o medalhão, a maldição, aquele pedaço da alma do Lorde das Trevas foi destruído. E agora...
Severus deveria patrulhar os corredores. Ele deveria garantir que todos os alunos estejam seguros na cama. Mas ele se permite ficar ali por mais um momento, lembrando-se da pressão do corpo de Potter. A dor de seu pênis quando Potter se arqueou contra ele. Os sons que Potter fez enquanto tinha o orgasmo.
Severus passa um dedo nos lábios. Ele acha que ainda consegue sentir o cheiro do menino em sua pele..
A magia de Potter é forte. Severus sempre soube disso. Mas em vez de depender apenas da força bruta e de uma generosa dose de sorte, Severus agora vê que o garoto é atencioso e preciso. Ele é criativo e disposto a se adaptar. Ele é muito mais perspicaz do que Severus imaginou que poderia ser. E sua compreensão da teoria mágica é... impressionante, para dizer o mínimo.
Ainda assim, em vez de se aprofundar imediatamente no medi-feitiço, Severus traz para Potter um livro sobre princípios, meio que esperando que ele se torne obstinado, para exigir um tutorial prático. Mas Potter apenas agradece pelo texto e, quando eles se encontram novamente, três dias depois, ele claramente o leu.
— Então, acho que entendi a premissa — diz Potter, traçando a borda do copo com a ponta do dedo. — Mas não estou claro quanto à distinção entre quando o uso de feitiços em oposição à intervenção com poções é mais recomendado.
É uma boa pergunta, Severus deve admitir.
— As poções normalmente são consideradas primeiro – não porque sejam superiores – mas por causa do acesso geral. Deixando de lado os medibruxos, poucos são treinados e capazes de lançar magia de cura com sucesso.
— Medibruxos e Mestres de Poções — diz Potter.
— Os candidatos à maestria são obrigados a receber treinamento médico básico, mas, como acontece com todos os feitiços avançados, a maioria dos bruxos nunca será capaz de realizar magia que salva vidas.
— Eu posso fazer isso — diz Potter, certo.
Severo olha para ele.
— Sim. Tenho certeza que você pode.
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The Way This Ends | Snarry
FanficPouco tempo depois de matar Albus Dumbledore, Severus Snape decide que está cansado de lutar sozinho nessa guerra. Ele solicita um encontro com Harry Potter, dá a ele um frasco de memórias e diz que quer ajudá-lo na tarefa que Dumbledore deixou para...