Capítulo 42

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SÁBADO

Era 19:15 quando Dra. Carolina adentrou o quarto para a última atualização sobre o estado de saúde de Verônica.

"Como você está se sentindo hoje, Verônica?" - Dra. Carolina perguntou, sorrindo gentilmente enquanto consultava o prontuário.

"Estou me sentindo melhor, Dra. Carolina. Obrigada por perguntar." - respondeu Verônica, com um sorriso fraco.

Verônica já conseguia formular algumas frases completas, embora ainda demorasse um pouco para articulá-las. Sua visão, embora já estivesse nítida há alguns dias, continuava com os olhos fechados para evitar levantar suspeitas.

Nos últimos dois dias, ela ouvirá mais algumas conversas entre Anita e Nelson sobre a operação para encontrar seu pai. Embora não soubessem onde ficava o tal sítio em que Júlio estava se escondendo, Verônica sabia e essa era sua chance.

Dra. Carolina saiu do quarto às 19:30, e Verônica se preparou para a mudança de turno dos agentes da porta. Prata saiu junto com Dra. Carolina e esperaria por Nelson na recepção do hospital.

"5 minutos, Verônica." - murmurou ela para si mesma quando saltou da cama. Olhou pelo vidro da porta e não viu nenhum agente. Todos estavam indo em direção à recepção. Deu uma última olhada e seguiu na direção oposta. Passou despercebida pela porta onde Dra. Carolina estava e adentrou um dos vestiários, vazio naquele horário, e pegou uma roupa qualquer que estava pendurada. Vestiu-se rapidamente e saiu dali pela porta de emergência.

O DHPP ficava a 15 minutos dali, e Verônica precisava ser rápida, já que estava a pé. Prata ainda estaria no hospital nesse momento, então ela precisava chegar antes que ele estivesse no departamento.

Anita estava em uma coletiva com membros da corregedoria, então Verônica teria que agir rápido antes que Nelson notasse sua ausência no quarto. Durante esse tempo, Nelson e Prata conversavam na recepção enquanto tomavam um café. Os agentes daquele turno já estavam posicionados na porta do quarto.

Verônica chegou ao DHPP naquela hora da noite, e o prédio estava relativamente vazio, pelo menos o andar do seu departamento. Entrou pelo estacionamento, onde viu sua moto estacionada. Pelas portas dos fundos, que costumavam ficar abertas, ela chegou até seu departamento pelas escadas.

A ideia inicial era usar uma viatura do DHPP, mas Verônica lembrou que poderia ser facilmente rastreada. Então, lembrou-se de que tinha uma chave reserva da moto em sua mesa. Foram necessários três minutos para Verônica pegar tudo o que precisava em sua mesa e na sala de Anita e dar partida em sua moto.

Enquanto isso, os minutos se estendiam para Nelson no quarto de Verônica. Às 20h, ele começou a ficar preocupado, mas decidiu esperar mais um pouco, afinal, Dra. Carolina havia feito sua última visita em menos de uma hora e poderia ter levado Verônica para fazer algum exame.

Às 21h, ainda nada. E às 22h, Nelson finalmente se levantou e foi atrás de Dra. Carolina. Mas foi informado por um dos enfermeiros que ela já havia ido embora há duas horas.

Nelson se desesperou ao constatar que Verônica não estava no quarto. Voltou ao local acompanhado dos agentes, que confirmaram que ninguém havia entrado ou saído do quarto durante o período em que estavam de guarda. O quarto ficava no 4° andar do prédio, sem nenhuma possibilidade de Verônica ter saído pela janela.

Enquanto isso, às 22h, Verônica já estava no sítio. Era o mesmo lugar que visitara durante sua infância, porém agora parecia mais velho e abandonado.

Ela estacionou a moto longe, entre o mato, e adentrou o perímetro agachada, arma em punho, preparada para qualquer eventualidade. Dentro de um celeiro, avistou o carro antigo de seu pai, um Escort, entre outros objetos que remetiam à sua infância.

Sombra da Verdade - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora