Lobinha em Apuros

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Blitzø havia acordado de mais um pesadelo naquela noite. O mesmo pesadelo em que Stolas, sentado no trono, pisava e humilhava-o sob seus pés como um lixo plebeu, prendendo seu pescoço numa coleira e guia de ouro, os quatro olhos vermelhos do Goethia perversos enquanto murmurava friamente.

"Entenda, Blitzy. Você está onde deve estar, não é nada pra mim além de um brinquedinho sexual. E sabe qual o tratamento que os brinquedinhos merecem, não é?"

A voz cortante dele ainda ecoava em seus ouvidos, e o I.M.P. rosnou de raiva, amargura. Por desespero, checou se sua lobinha ainda dormia pacificamente na cama, porém ao encontrar a cama bagunçada e a porta da frente destrancada, já imaginava o que Loona tinha feito. Com a ajuda de alguns contatos, ele conseguiu chegar ao mundo humano e de quebra ganhou um disfarce humano junto, o que particularmente odiou. Não que estivesse feio - pelo contrário, devia parecer um humano diabolicamente atraente e perigoso não duvidava que a mancha clara em um dos olhos e a pele marrom suave endureceriam alguns paus e molhariam algumas calcinhas.

Todavia, aquele não era seu corpo, o que o deixava maluco. Por isso, assim que conseguiu se desvencilhar da segurança para entrar naquele cabaré moderno ambulante cheio de luzes e gente chapada descendo até o chão, aproximou-se da bancada do bar, subindo no banco maior que ele e se sentando. Por enquanto, não via os cabelos brancos que sua lobinha em lugar nenhum, então pediu uma bebida forte ao barman.

— Filhas, né? A gente trata igual rainhas e elas nos deixam loucos! — o humano apenas encara-o com desdém e deixa o copo no balcão, saindo sem nem dizer uma palavra. O baixinho faz uma cara de nojo com revolta, mostrando o dedo do meio ao humano — Come merda e morre, eu tava desabafando!

— Ele é sempre assim, não liga pra isso — interrompeu a colega do barman mal educado, que também preparava uns coquetéis e empurrou uma porção de petiscos fritos em sua direção — Toma, por conta da casa, bonitão.

— Valeu, gata. Aliás, deixa eu perguntar: você viu por aí uma garota punk de roupa cinza e cabelos brancos? É a minha filha, tô procurando por ela.

— Pior que não, cara... Aqui vem muita gente. Mas olha, quer um conselho? Acha ela e vaza logo daqui, pelo próprio bem de vocês.

A barmaid disse aquilo em tom baixo, com tanta tensão que Blitzø ficou em alerta ao parar de comer as batatas, os olhos estreitos e sérios.

— O que você quer dizer com isso?

Ela titubeou um pouco, todavia se inclinou ainda mais sobre a bancada e sussurrou no seu ouvido. Parecia prestes a contar algo grave, o que só aumentava o nervosismo do mercenário.

— Quero dizer que este lugar não é seguro. Meu supervisor exigiu que mantivesse isso em segredo, mas... Ultimamente, o satanista doente que fugiu da prisão da cidade vizinha anda rondando por aqui. Prenderam-no por casos em que ele matava vítimas jovens e usava de sacrifício pra uns rituais bizarros. As cenas de crime eram bem feias, e o maluco em depoimentos para polícia jurou que falava com demônios, até disse que iria capturar um príncipe demônio, um tal de... Goethia? Acho que era algo assim — um calafrio profundo subiu pela espinha até a nuca e o coração de Blitzø ficou subitamente acelerado à medida que ouvia, como um felino em estado de puro alerta. A descrição do sujeito lhe parecia cada vez mais perigosamente familiar — O nome dele é...

Antes que a barmaid gostosa pudesse terminar de falar, os olhos do I.M.P. foram atraídos de repente para o mar de gente adiante que abriu espaço para dar visão à pista de dança, onde um casal chamava a atenção de todos enquanto dançavam de maneira animada ao som eletrizante da música que estourava das caixas de som por todos os lados.

O pior de tudo? Não era qualquer casal. Blitzø teria reconhecido aquele homem alto, de cabelos azuis escuros como a noite mais estrelada, os olhos escarlates mais cintilantes que rubis preciosos e aquele sorriso largo de tirar o fôlego.

O sorriso que costumava ser direcionado apenas a ele quando Blitzø era chamado por sua voz melodiosa, mas que agora transbordava alegria ao rebolar de um jeito tão contagiante e sensual que o queixo do demônio baixinho escancarou-se, seu pau endurecendo e pulsando em resposta sob as calças jeans rasgadas.

Era Stolas.

Era o seu Stolas, estava na forma humana e dançava tão livremente, era uma cena tão única e linda, era a primeira vez que o via assim.

E honestamente, ele adorou.

Agora, não podia impedir os pensamentos lascivos que rondavam sua mente suja, a vontade repentina de ir até lá e dançar ao seu lado, deixando aquela bunda maravilhosa roçar no seu volume enquanto suas mãos arranhavam suas coxas e subiam para massagear com força o seu pau estava quase matando o demônio mais baixo. E isso seria só para torturá-lo lentamente, porque depois foderia o belo príncipe violentamente até o talo para que todos vissem o verdadeiro passarinho cheio de luxúria sombria que ele era.

Porra, que tesão desgraçado.

No entanto, todo o brilho e sensualidade do momento foi por água abaixo assim que finalmente percebeu o homem com quem Stolas dançava, como se estivesse no momento mais radiante da sua vida.

E aquele homem era...

Callum Delatroy — ofegou a barmaid atrás de si, a expressão congelada de terror.

Callum Delatroy. O alvo letal que a cliente mais recente de Blitzø havia encomendado para morrer.

Midnight Owl | StolitzWhere stories live. Discover now