_______________________________________ℂℍ𝔸ℙ𝕋𝔼ℝ 𝕀𝕀
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É segunda-feira de manhã e eu estou neste momento em frente ao portão da ESASP com os nervos à flor da pele. Estava tão nervoso que podia ter a certeza que as minha pernas tremiam como tudo. Via as pessoas à minha volta a entrar na escola, muitas delas acompanhadas de outros estudantes, provavelmente amigos ou até namorados. Estavam basicamente no meio do ano escolar aqui, vou precisar de me esforçar se quiser acompanhar as matérias que eles deram para trás. Era o único em pé sozinho e sentia alguns olhares sobre mim. Engoli em seco e adentrei os portões, abraçando os meus livros para tentar ter um sentimento de conforto, por mínimo que fosse, mas essa tentativa foi falha. Estava com medo das pessoas não gostarem de mim por ser estrangeiro. Atravessei os longos corredores do edifício que não parecia ter fim e verifiquei o número da sala de aula pela quinta vez em cinco minutos, não queria entrar na sala errada logo no primeiro dia, ia ser uma vergonha completa.
A minha única fonte de confiança vinha de Norman, que desde o início apoiou-me com tudo e deu-me coragem de vir. Seria tão melhor se ele estivesse aqui comigo...
Fiquei em frente à porta da minha sala e respirei fundo, finalmente ganhando coragem para entrar. Assim que adentrei no cômodo senti os olhos de todas as pessoas que lá estavam sobre de mim como se me examinassem e julgassem. Apressei-me a procurar um lugar perto da janela mais pro fundo da sala, que ainda estava disponível por eu ter chegado cedo à sala. Não demorou para que os demais alunos voltassem às suas conversas, menos um.
Senti novamente aquela presença. Era a mesma que senti em casa da minha tia, tenho a certeza. Enquanto tirava os materiais da minha mochila, aproveitei para olhar ao redor da sala para procurar o par de olhos que sentia em cima de mim, até os encontrar. Um rapaz que estava no maior grupo de pessoas ali presente olhava para mim como se nunca tivesse visto uma pessoa na vida.
Por algum motivo senti-me preso naquele olhar. Foi uma troca de olhares longa e intensa, como se algo nos conectasse e não quisesse que interrompêssemos essa conexão. Aproveitei o tempo que tinha para examiná-lo desta vez. Tinha a pele morena, mas mais que a da minha tia, e tinha um porte físico levemente musculado. Os seus olhos eram pretos como o carvão e os seus cabelos tom de chocolate preto eram cacheados, cheios e um pouco compridos, formando uma franja que quase tapava os seus olhos. Nunca tinha visto uma pessoa tão linda minha vida. Normalmente não costumo me atrair pelas pessoas... Era diferente com ele. Mas caramba, ele é um pedaço de mau caminho, quem não se sentiria atraído por ele? Com certeza ele era o playboy popular da escola.
Só dei conta de que o encarava por tempo demais quando o mesmo veio ter comigo e sentou-se ao meu lado.
- Se tirar uma foto dura mais.
O tom de voz grave, mas ao mesmo tempo doce e melódico atingiu os meus ouvidos, com um leve toque de brincadeira que me trouxe de volta à realidade como um soco na cara. Rapidamente desviei o olhar e virei a cara para o lado para tentar esconder a minha vergonha, mas não pareceu funcionar.
- A-ah, desculpa!
Foi tudo o que consegui dizer com o nervosismo. Queria que ele apenas fosse embora e ignorasse a situação vergonhosa que acabou de acontecer.
- Está tudo bem, relaxa. Você é nova por aqui? Nunca te vi antes.
- Ah sim..
- Qual é o seu nome?
- Coral..
- Prazer em conhecer você Coral, me chamo Nathan
- O prazer é todo meu...
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É aqui que me sinto em casa!
RomantikCoral é uma estudante bigénero, proveniente da Folgosa do Salvador: uma pequena aldeia de Portugal. Ao completar 18 anos a jovem toma uma decisão que com certeza mudará o seu destino. Após terminar os seus estudos no ensino secundário decide sair da...