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31 de dezembro, Las Vegas.

"As traições, querido, vem de quem menos você espera."

Último dia do ano. De todos os 364 dias anteriores esse é o que eu realmente quero fazer valer a pena, eu realmente quero algo que me torne feliz pelas próximas horas. Quero esquecer de alguns - vários - problemas. Não, minha vida não é de todo ruim. Eu sei aproveita-la, tenho alguns bons amigos e realmente um bom namorado. Mas, a parte ruim me corta por dentro. Todo dia eu vejo a mulher que me deu a luz, me criou com todo o amor e me deu tudo que era seu em uma cama de hospital. Em coma. O câncer é, em seu total, uma merda. O sofrimento de uma das pessoas que eu amo é uma merda, completamente. Qual é, Deus? O que eu te fiz nessa vida, hein? Eu acredito em você, eu tenho fé em você e mesmo assim a minha mãe continua naquela porra de hospital. Eu morreria por ela, você não vê? Eu já tentei todos os tipos de tratamento junto aos médicos, radioterapia, quimioterapia, inúmeras cirurgias. Simplesmente nada resolve. Foram os 364 dias mais agoniantes de todos e hoje, 31 de dezembro, é minha ultima chance de fazer tudo ser melhor. "Querida, você realmente tem que viver, não enxerga isso? Se você não aproveitar a vida que Deus te deu, quem ira?" Foram as palavras da minha mãe, em uma das nossas ultimas conversas a quase dois anos. E hoje eu vejo que a ultima coisa que ela iria querer era que sua filha, Scarllet Lancaster, passasse a virada de ano dentro de um hospital, vigiando uma paciente em coma, como se a mesma fosse simplesmente acordar e lhe dizer que estava bem, pronta para outro maldito câncer.

- Blaire, eu realmente preciso ir. Eu estou com hora marcada no bellagio e...porra, josep não acorda, você poderia avisar que eu sai? Volto antes das 20h e podemos ir todos juntos a festa na OMNIA,ok? - falei com pressa, enquanto procurava as chaves do carro

- Tudo bem, Scar. Eu te aviso qualquer coisa. E boa sorte no bellagio, hoje é véspera de ano novo e - assobiou - vai estar muito, muito lotado.

- Não se preocupe com isso. - falei enquanto passava pela porta principal, indo em direção ao ranger estacionado no jardim.

Blaire é uma amiga que eu conheci no meu primeiro dia de aula na UFA - University Of Nevada - e assim como eu ela cursa direito. Junto com ela conheci Josep, meu atual namorado. Eles me mostraram o prédio e em que sala eu estudaria. Desde então somos, literalmente, inseparáveis. Blaire, Josep e eu moramos na mesma casa, situada no tropicana village que graças a obras divinas fica a menos de 30 minutos da faculdade.

Segui em rumo ao spa e quando cheguei no estacionamento do mesmo fiquei surpreendida. Céus, Blaire realmente estava certa. Bellagio estava lotado e, caralho, eu não iria esperar tanto por apenas umas horas de beleza, sou impaciente e não é meu forte ficar em fila, mesmo tendo a hora marcada eu sabia que havia algumas pessoas na frente. Resolvi voltar, com certeza eu poderia me arrumar sozinha, poderia tentar. Fiz a volta no estacionamento e segui para fora.

Entrei pela mesma porta que sai a uma hora e meia atrás e a sala se encontrava vazia. Eu poderia até supor que josep ainda estivesse dormindo e que blaire havia saído mas algumas risadas no andar de cima me provavam o contrario.

Segui em silêncio escada a cima e uma calcinha na quinto degrau me chamou atenção. Blaire realmente largava tudo por aí. No sétimo degrau avistei uma blusa masculina e sem pestanejar eu reconheci. Era uma das blusas de josep. Aquilo estava começando a ficar estranho. Já no segundo andar, continuei a seguir as risadinhas e os murmúrios. A porta do primeiro quarto a direita estava entre aberta e a minha curiosidade foi maior. Afastei meu corpo um pouco para o lado e tive a visão de algo que eu nunca iria esperar. Blaire e Josep. Nus. Em cima da minha cama. Transando.

Em alguns segundos a minha visão ficou turva. Minutos depois eu estava esfregando os olhos com as costas da mãos, sem conseguir desviar o olhar daquela cena. Observei por mais alguns minutos e sem delongas fui tomada por um único sentimento: ódio. Eu realmente estava sentindo raiva, muita raiva. Era por esse motivo que eu chorava. Não que eu não estivesse magoada, com o coração partido... Eu estava. Porém, maior que meu amor por Josep ou por Blaire só existia uma coisa, meu orgulho. E eu simplesmente não admitia que pisassem nele ou no meu ego. Agora, mais do que nunca, eu iria fazer essa virada de ano ser inesquecível. Eu iria me vingar. Dos dois. Como dizem por ai: aqui se faz, aqui se paga.

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