Capitulo 1

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– É loucura! – exclamou Binghe – Ele não pode prender você ao filhinho maluco de nosso mais odiado inimigo.

Hua Cheng encarou sombriamente o irmão, incapaz de formular uma resposta para a raiva crescente em seu peito. O mensageiro do imperador havia partido e já cruzava a fronteira das suas terras. Hua Cheng certificou- se disso. Ele sentiu-se profundamente traído por seu Imperador e não queria nenhum representante
imperial em suas terras por nem mais um segundo.

– Ele é apenas uma criança – Binghe disse com desprezo. – E ele é… ele é… bom, todo mundo sabe que ele não é normal. Que diabos você vai fazer com ele ?

Hua Cheng ergueu a mão, pedindo silêncio, e seus dedos tremeram, denunciando a sua fúria. Ele virou-se e afastou-se do irmão; precisava de distância e solidão para digerir a magnitude do que acabara de acontecer com ele. Com o seu reino.

Seu Imperador não apenas escrevera um simples decreto de casamento com o intuito de frear a hostilidade entre dois reinos inimigos. Ele, efetivamente, escolhera acabar com a chance de Hua Cheng passar o manto da liderança para os seus herdeiros.

Sim, porque não haveria nenhum. Tudo acabaria com Hua Cheng .Sem filhos para se tornarem senhores da terra, a tarefa de produzir herdeiros para que o nome dos Hua fosse carregado para o futuro recairia sobre um de seus irmãos: Binghe ou Si Shao.

Seu clã poderia até decidir que um deles seria uma escolha melhor para o senhorios simplesmente porque ele teria um esposo que não poderia assumir seu papel no reino e ele não seria capaz de gerar filhos.

— Maldição!

Como podia seu Imperador fazer isso com ele?
Certamente, o imperador entendia o futuro que estava criando para Hua Cheng.

Ele andou de um lado para o outro na pequena antecâmara ao fim do estreito corredor que dava no grande saguão. O lugar estava escuro, as cortinas ainda cobriam as janelas. Preferiu mantê-las fechadas e acendeu a vela de uma das arandelas na parede. O brilho pouco fez para iluminar o salão, mas ele encontrou seu caminho até a grande mesa em que seu pai havia se sentado muitas noites, arrastando sua pena sobre os registros do reino.

O velho senhor fora um homem controlador e detalhista, que anotava cada pequena coisa de valor pertencente ao reino, mas possuía o coração do tamanho de uma montanha e era uma pessoa justa e igualitária com os seus. 

Certificava-se de que todos possuíssem
aquilo de que precisassem. De que não lhes faltassem roupa nem comida, mesmo que isso significasse tirar de si. Não havia dia em que Hua Cheng  não sentisse saudades do pai.

Ele desabou pesadamente sobre a antiga cadeira. Passou as mãos sobre a madeira envelhecida, como que sentindo a essência do pai naquela sala.

— Casamento com um Xie. não conseguia nem pensar nisso.

Havia também Binghe com toda aquela conversa de que a garoto era louco. Hua Cheng nunca dera ouvido aos rumores sobre o fato de o rapaz ser diferente. Não era da sua conta. Até agora.

Todos sabiam que havia algo de errado com o garoto, e os Xie os mantinham escondido da vista de todos.Ele até já tinha sido prometido para o filho dos Jun.

O rei desse reino cobiçava uma aliança com os Xie, pois, uma vez aliados, ele se tornaria uma força a ser temida. Já entre os Hua e os Jun não havia nenhuma amizade, muito pelo contrário.

Os Jun compartilhavam toda a culpa pela morte do pai de Hua Cheng, embora ele soubesse quem fora diretamente responsável por tal infortúnio. Portanto, seu ódio era destinado aos Xie.

Hua Cheng não sentira pena pelo noivado ter se dissolvido e os dois não terem se juntado formalmente pelo casamento. Os Xie não tinham pressa de se aliar aos reinos vizinhos.
Não precisavam disso. Eram uma força poderosa o bastante para que, a menos que muitos outros reinos se juntassem contra eles, tivessem vitória certa em qualquer batalha.

Carmesim Warrior : HuaLian (Finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora