Carmesim Warrior : HuaLian (Finalizado)

Capítulo 15

O padre Mathew chegou no dia seguinte e Lian surpreendeu-se ao descobrir que ele era um jovem, talvez alguns anos mais novo que Si Shao. Ele tinha uma aparência alegre, com um sorriso fácil e sempre disposto. Em um mar de alfas, padre Mathew se destacava por ser tão diferente dos outros. Sua pele era mais clara e sem nenhuma marca que Lian pudesse ver.

Tinha cabelos quase do mesmo tom dos cabelos de Lian, os olhos eram dourados e brilhavam quando sorria. Lian pensou que até poderiam ser irmãos, tamanha semelhança entre os dois. Ele ficou envergonhado por esperar um homem mais velho, severo e ameaçador, um mestre que seria implacável em suas lições. Obviamente, ele era um amigo do reino Hua , pois todos o cumprimentavam alegremente. Era tratado com uma série de tapas nas costas, que poderiam jogá-lo de cara no chão, e Lian estremecia cada vez que um guerreiro o cumprimentava.

Eming praticamente dançava de alegria, tão animada estava com a chegada do padre. Mal conseguia se conter enquanto esperava para receber a atenção dele. Ele cumprimentou Eming afetuosamente, beijando-a nos dois lados do rosto, quando Hua Cheng finalmente apareceu para contar a razão de ter mandado que o chamassem.Padre Mathew riu quando soube que Eming queria aprender a ler e escrever, mas não pareceu surpreso por ter sido escolhido para ensiná-la. Então, ao ver Lian em pé, num canto da multidão que recebia o padre. Hua Cheng fez um gesto para que se aproximasse.

– Padre, este é Lian, meu esposo– Hua Cheng disse, certificando-se de que o padre ficasse de frente para ele.

O padre sorriu abertamente e estendeu os braços para tomar as duas mãos de Lian .

– Majestade, ouvi muitas coisas sobre você.Precisa me contar como conseguiu aprender a ler as palavras nos lábios das pessoas. É uma habilidade fascinante.

O rosto de Lian corou ao ouvir aquele elogio e ele sorriu timidamente. Tomou cuidado para evitar que ele tocasse suas mãos. Não queria que ninguém soubesse das bolhas e da pele machucada. O estado de suas mãos o envergonhavam.

– Demorou um pouco, e eu ainda não consigo ler todas as palavras. Algumas pessoas não as pronunciam tão claramente quanto outras.

Hua Cheng o tocou gentilmente no braço.

– Um pouco mais alto, Lian.

Constrangido, ele repetiu a fala, tomando cuidado para pronunciar cada palavra com um volume mais alto. Hua Cheng assentiu levemente, para que soubesse que o tom estava no ponto certo.

– Estou fascinado com a sua habilidade de se adaptar à surdez – o padre disse. – É um assunto sobre o qual eu adoraria conversar com você depois.

Lian sorriu, sentindo o coração mais leve com a fácil aceitação do padre. Ele não o considerou estranho e, de fato, pareceu muito impressionado com sua habilidade. Ele nunca havia percebido quão estressante era passar tanto tempo sem uma palavra bondosa ou um sorriso sincero. Pensar nisso fez seu coração sentir saudades de casa, onde sua família o amava sem se importar se era louco ou completamente normal. Contava com seu amor e aceitação da mesma maneira.

Por um momento, a tristeza se acumulou em sua garganta quando pensou que poderia nunca mais ver sua família. Hua Cheng fora muito claro sobre não permitir que ninguém de sua família pisasse nas terras dos Hua, mesmo que isso significasse não ver mais seu único filho ômega.

Ele pediu licença e retirou-se da companhia do marido e do padre e correu antes que aquela tristeza se tornasse aparente.Lian não hesitou quando ficou cara a cara com Ban Yue ,que tinha mais tarefas para ele completar. Ficar ocupado tiraria sua mente daquela depressão. Sentia falta dos abraços dos irmãos e da companhia de sua mãe quando tricotavam juntos. Não havia tocado em uma agulha desde que chegara, embora soubesse que sua mãe havia colocado em seus baús tudo de que precisava para tricotar.