presente

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 Anderson estava surtando como sempre. Porém dessa vez, estava consideravelmente mais nervoso do que nunca, pois iria finalmente revelar seus sentimentos para Daniel. Estava decidido a fazer isso. Arriscaria tudo e seja o que o universo quisesse.

Havia conseguido sair mais cedo do trabalho outra vez, prometendo para seu chefe que faria o dobro de trabalho no dia seguinte e, no momento, Anderson estava no shopping tentando procurar um presente para o melhor amigo. Já havia esquecido do aniversário dele, então agora precisava achar um presente incrível e que Daniel amasse. E junto a esse presente, entregaria também um bolinho que compraria agora e mais um buquê de rosas vermelhas que já havia encomendado na floricultura que estava indo sempre, onde até já tinha feito amizade com uma funcionária.

O plano então era: Anderson sairia do shopping com a compra em mãos e um bolinho, passaria para pegar as flores e, se tudo desse certo, chegaria em casa antes de Daniel, pegando-o de surpresa.

Mas bem, para tudo sair como o planejado, Anderson tinha apenas mais 30 minutos para encontrar um presente perfeito; Entretanto, já havia andado por todo o shopping e não conseguiu achar nada que gostasse e principalmente, nada que Daniel fosse gostar ou estava precisando no momento. Desanimado, sentou-se numa cadeira em uma das mesinhas da praça de alimentação, suspirando pesado.

─ Eu não quero chegar só com as flores e um bolinho, eu quero ter um presente pra ele além das rosas... – conversava consigo mesmo, não se importando com quem passava perto de si e o olhava com estranheza. – Roupas não, um tênis novo não... Pensei em comprar mais um funko pop pra coleção dele, mas não tem nenhum personagem que ele queira no momento... – outra vez, suspirou chateado, ficando sem ideias e sem tempo. – Bem... acho que precisarei me contentar com as flores e um bolo do sabor favorito dele... – sorriu meio chateado, querendo muito ter algo além do bolinho e do buquê para presenteá-lo.

Na realidade, Daniel merecia o mundo, porém o mundo não merecia ele.

Anderson levantou e foi até a confeitaria que tinha por ali. Era o último da pequena fila que andava devagar e, distraído pensando em mais opções de presentes para o melhor amigo, acabou parando os olhos no casal de adolescentes – que aparentava ter em torno de 16 anos – que estava sentado numa mesa bem pertinho de si, dividindo um milkshake e uma fatia de bolo de chocolate.

─ Amor, por que você tá triste? – o garoto de cabelos castanhos e cacheados perguntou ao namorado – um garoto de cabelos loiros –, que abaixou a cabeça. – Ei, hoje é meu aniversário e eu não quero ver você triste! – com delicadeza, segurou no queixo do garoto, fazendo-o levantar o rosto e olhá-lo nos olhos. – O que foi, amor? – Anderson notou o garoto loiro suspirar pesado.

─ É o primeiro aniversário seu que eu passo contigo e não tenho dinheiro pra te comprar nada... – com tristeza, olhou para a bebida e o doce na mesa que dividiam. – Só consegui pegar o milkshake e essa fatia de bolo porque você me ajudou pagando metade... – outra vez, abaixou a cabeça, desviando o olhar dos olhos tão bonitos e intensos do namorado. – Eu queria te dar o mundo, mas não tenho mais nada... Desculpe, amor. – pediu, levantando a cabeça, encontrando o namorado com seus cachinhos lhe sorrindo aquele sorriso que ele tanto era apaixonado.

O cacheado pensou por alguns segundos em um jeito de fazê-lo sentir-se melhor e logo uma ideia surgiu na sua mente. Com cuidado, pegou a fita azul que enfeitava a embalagem onde veio a fatia de bolo e, sob o olhar curioso do namorado, pegou o pulso direito dele, amarrando a fita e fazendo um bonito laço, como se fosse a embalagem de um presente. O loiro sorriu, entendendo rápido o que ele estava demonstrando.

─ Amor, por que eu gostaria de mais alguma coisa quando tudo o que eu quero tá bem aqui na minha frente agora, hm? – questionou carinhoso e, com as duas mãos, segurou as bochechas dele, lhe roubando um selinho. Anderson sorriu todo bobo, acompanhando a fila andando e a conversa dos dois. – O meu melhor presente é você. – declarou, ganhando vários e vários beijos nas bochechas, nariz, boca, testa, rindo todo bobinho e feliz com os vários selares que recebia, estando com um sorriso de orelha a orelha quando o namorado o abraçou apertado e com carinho, afundando o nariz no pescoço cheiroso dele, fechando os olhos.

Anderson sorriu maior com a cena, a declaração, tudo; desejando todo o amor do mundo para aqueles dois. Ficou tão encantado com eles que somente lembrou que estava na fila quando foi chamado pela terceira vez. Anderson acordou e andou rapidamente até a funcionária, todo sem jeito.

─ Desculpe, eu me distraí... – comentou sem graça, coçando a nuca.

─ Tudo bem, moço. – sorriu. – Já sabe o que gostaria de pedir? Quer dar uma olhadinha nas nossas opções? – questionou e Anderson negou. Ele apenas escolheu um dos bolos disponíveis na vitrine – que felizmente era do sabor favorito de Daniel – e disse que seria para viagem. – Certo, só um minuto. Vou embrulhar o bolo e já volto. – Anderson a agradeceu e continuou ali, olhando outra vez para o jovem casal que agora estava andando de mãos dadas a caminho da saída do shopping.

E pensando neles, na cena que presenciou e tudo mais, Anderson teve uma ideia. Uma ideia terrivelmente arriscada, mas que ele estava disposto a arriscar.

A funcionária logo voltou com o bolo em mãos. Anderson pagou, a agradeceu outra vez e, com um sorriso feliz, porém nervoso, agora estava saindo do shopping, a caminho da floricultura e depois para o apartamento que dividiam já sabendo qual seria o presente que daria para Daniel, torcendo para que ele gostasse.

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