Capítulo 7: Suicídio sem morte

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A maldita dor infeliz novamente vem me assombrar...
Que engraçado, dessa vez a culpa é minha.

Eu causei isso, causei a dor, causei a minha morte e consequentemente a morte de outro alguém.
Fiz o que eu mais temia, machuquei que amava, machuquei o coração que fazia o meu feliz.

Nojo é o que sinto de mim, o arrependimento de palavras ditas me consome pouco a pouco, meu inferno se alastra por todo canto sem deixar nenhum pedaço para trás.

Eu mereço isso, mereço cada maldita dor, cada maldita vez em que estou me matando, cada lágrima que queima em minha pele, a que estraçalha minha alma e a consome de dor.

Eu mereço, eu mereço e ainda mereço mais.
Mereço passar por isso, é meu castigo, minha punição, machucar quem amo é uma maldição sem fim.

Eu morri de novo, e mais outro túmulo foi posto no meu cemitério, morri e dessa vez eu merecia morrer.

Cai de novo no abismo e puxei quem amava comigo, matei nós dois, me suicidei enquanto escrevia, me suicidei enquanto lia as respostas em troca.

Morri no exato momento em que o vi chorar por minha causa, o vi chorar por algo que fiz, a culpa é minha e toda minha.
Não há escapatória, não há salvação.

Meu inferno é imenso, eu vivo aqui, mais outra cicatriz na qual eu mesma criei, outra cicatriz que eu fiz questão de abrir ainda mais fundo do que já era, apenas não queria ter feito o mesmo com ele.

Sinto tanta dor, meu corpo está tão fraco, perdi meu sorriso e o fiz perder o dele também, perdi o brilho...
Me perdi, sinto nojo de mim, sinto nojo de quem sou e do que fiz.

Acho que, tudo que eu senti na minha vida nunca foi tão horrível quanto o sentimento de machucar alguém.

O que nós faremos? O que devemos dizer? Nada que eu diga vai mudar merda nenhuma porque tenho que assumir que o erro é meu, pouco me importa se erram comigo, não sou assim, não quero ser assim, não admito ser assim.

Tudo que fazemos sempre vai ter uma reação, seja ela ruim, boa, explosiva, tranquila...
Eu sinto muito, sinto muito e não sei como dizer tudo que sinto.

Tá doendo, doeu tanto o ver chorar, doeu tanto morrer e saber que o machuquei, doeu tanto cada palavra que eu escrevia e recebia um pouco da dor dele em troca.

Presenciei o inferno novamente, presenciei mais uma noite sem sono, uma noite onde tudo o que eu fazia era me suicidar com minha própria palavra, cortando cada sorriso com elas como facas amoladas.

Eu gostaria de me desculpar da melhor maneira, gostaria de mostrar como me arrependo e não é a consciência pesada quem está falando.

Talvez meu pai estivesse certo afinal...
Eu sempre estrago tudo.
Sou uma decepção, um erro, um fio solto que deve ser cortado.
Sou terrível e machuco quem amo, eu deveria então ficar só? Proteger quem amo de mim? Da merda de ser humano que virei?

Vou voltar pro meu abismo, eu vou sair de lá, mas por enquanto, eu quero estar lá e viver cada segundo do meu inferno até que possam dizer que minha punição já foi suficiente, mas acho que nunca será, eu mereço cada faca cravada em mim, mereço tudo porque quem machuca deve ser mil vezes machucado também.

E eu machuquei, o machuquei, machuquei a gente, machuquei o coraçãozinho dele, machuquei quem me amava e mostrava isso.

Quem eu sou? Um monstro?
A criatura mais desprezível e deplorável que teve a infelicidade de nascer?
Talvez eu seja tudo isso e mil vezes mais...

Só gostaria que tudo isso parasse de uma vez... Quero o ver sorrir de novo...

Relatos de uma garota com insônia ★;Onde histórias criam vida. Descubra agora