Capítulo 11: Outra Madrugada...

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Outra madrugada...
Perdoe-me, mas hoje estou sem sono novamente.
Está tão silencioso aqui...
Isso não me acontece com frequência.
Geralmente minha cabeça faz questão de nunca se calar, nem mesmo quando peço desesperadamente.

Mas por hora está quieto, embora não totalmente.
Quieto como o mar...
Como o som das marés indo e vindo.
Quieto como uma floresta.
Com o vento a passar por suas folhas, os assovios calmos dos pássaros.

Está tranquilo demais e isso me assusta.
É somente a falta de costume, apenas.

É sempre tão tempestuoso aqui.
Sempre parece chover.
E até em momentos tão calmos, garoa em um sereno pleno.
...
Me pergunto como tudo isso começou...
No bendito dia em que minha mente ficou tão ansiosa.
No bendito dia em que tudo ao meu redor começou a virar motivos para noites de insônia.

Como aqueles dias em que você está eufórico, e não consegue ficar parado.
Como quando se é uma criança no dia anterior de um passeio escolar.
Onde você escolhe sua roupinha, e às deixa em cima da cama...
Arruma sua mochila e todas as coisinhas que vai levar nela...
E a todo instante, sai e volta para admirar o que preparou...
Conta os segundos até a hora que vai sair de casa.
Não consegue dormir porque está ansioso demais para adormecer...

É exatamente assim.
Minha mente funciona como uma criancinha ansiosa.
Minha criança que nunca teve uma oportunidade de crescer...
Toda essa espera é sempre para um passeio ao caos que habita em mim.
Onde espero ansiosamente atravessá-lo com a certeza que estou viva.

Mas, hoje é como numa sexta feira.
Quando se sabe que pode dormir tarde sem se preocupar com a escola no dia seguinte.
Perfeitamente calmo e assustador...

Normalmente eu e minha mente estamos sempre lutando para ver quem mata primeiro uma a outra.
Sempre falta tão pouco pra que ela me vença...mas ela nunca consegue.

Me pergunto se um dia ela vai conseguir...

...

Choro até dormir.
As vezes peço pro céu me fazer companhia...
Me dói as madrugadas e suas longas horas.
As vezes me dói mesmo é o que me fez chorar.

Me sinto desesperada, e sem perceber estou a lutar contra mim novamente.
Mas em toda elas eu luto com a convicção de que preciso vencer mais uma vez...
...
Parece torturante.
E realmente é.
Mas isso é tão normal...
Normal para mim, e para milhões de outras pessoas...
Que desconhecem o silêncio.
A virtude de uma mente tranquila e sem tormentos.

Acabei tomando o costume de viver assim.
Procurando um pouco de conforto nos meus espinhos e estilhaços.

Uns buscam sua paz em salas com homens e suas cadernetas.
Outros em sua própria destruição.
E o que eu busco?
Eu ainda não sei...
Talvez eu esteja esperando...
Esperando até que seja a hora certa...

Enquanto espero, encontro paz em outros lugares...
Num abraço, no qual eu sem medo me deixo levar.
Numa canção, capaz de me levar para um mundo só meu.
Em um pincel, onde em suas pinceladas me dão a visão do universo.
Em palavras nas quais crio poesia mal feitas, para suprir minhas vasta solitude.

Me perco aqui então, e me mantenho longe da minha mente barulhenta.

Mas hoje, está silencioso.
E isso é tão bom...

Relatos de uma garota com insônia ★;Onde histórias criam vida. Descubra agora