Capítulo 6: Ardentemente

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Amar...
Algo que eu achei que nunca conseguiria sentir por ninguém.

O real amor que te agarra de repente e fica impregnado em seu corpo a todo momento.
Não lhe dá sossego, não lhe deixa prosseguir sua rotina normalmente sem sorrir estupidamente algumas vezes com um simples pensamento.

Descobri que amava, mas da pior maneira...
Descubri que amava na beira do penhasco.
Descobri que amava assim que cai dele.

Me vi caindo diversas vezes e em todas elas uma parte de mim morria.
Visitava todos os túmulos das memórias e todas elas tinham meu nome.
Me vi morrer, me vi reviver, e a cada vez que eu renascia, eu caia novamente.

Não imaginei que em meio de quedas dolorosas e mortes traumatizantes eu ainda seria capaz de amar.

Reconheci o quanto meu coração desiludido é capaz de amar, ainda mais do que imaginei que poderia.

Em toda minha vida em que entreguei meu coração, eu o recolhia em pedaços, estilhaçado, iludido.
Onde só ele sentia a paixão, a palpitação, as batidas aceleradas... Somente ele... sozinho ele decidiu ficar.

Em minha mente nenhuma das bilhões de pessoas existentes no planeta terra seriam capazes de ver algo especial em mim, que eu nunca seria sequer suficiente para conseguir realmente roubar o coração de alguém.

E então, todas as minhas expectativas, hipóteses e teorias foram jogados no lixo quando uma pequena luz, quente e aconchegante em que eu costumava admirar, disse que me admirava também.

Inicialmente não pensei que fosse verdade.
"Como alguém tão magnífico como ele poderia gostar de mim?" Foi o que me fiz pensar em noites de insônia em que eu mesma me fazia entrar.

Com medo, falei pra lua.
Lhe disse como meu coração acelerava, como minha respiração mudava, como meus olhos o procuravam sem se preocupar em serem descobertos.

Mesmo com a mente bagunçada, morando no meu eterno caos onde achei que nunca teria um real fim, meu corpo o queria, gritava e dizia tão alto que se mexia sem meus comandos, eu agia sem pensar, eu só o queria perto, queria tão perto a ponto de sentir seu calor preencher meu frio.

Queria seu toque, perfume, ouvir sua voz, sentir seus olhos me fitarem, o quente de suas mãos percorrerem minha pele vulnerável.
E enfim aliviar a tensão e agonia que meu corpo sentia somente em imaginá-lo.

Eu contei, contei pra lua. Disse como ele me fazia sorrir apenas quando aparecia sem querer nos meus pensamentos na maior parte do meu dia, contei sobre nossas conversas nas madrugadas, dos abraços que faziam segundos serem eternas horas.

Sinto meu coração esquentar a cada letrinha que coloco nesse texto, ele arde e palpita, ele grita, ele festeja porque o ama.

Senti medo.
Senti tanto medo quando me vi prestes a perdé-lo.
Senti medo quando soube que ele poderia escorregar dos meus braços e nunca mais voltar.
Senti medo de nunca mais ser capaz de sentir o que ele e só ele me causa.

E durante todos os malditos dias em que lamentei para a lua que fazia as noites serem chuvosas simplesmente para não me deixar chorar sozinha, eu o amei.

Era ele quem eu queria, mais que qualquer outra pessoa.
Eu não queria mais nenhuma outra pessoa, não queria outro, não queria substituto, nem um igual. Eu queria ele, e somente ele era o real dono do meu coração, que o tinha roubado e o levado consigo.

Era o amor dele que eu queria, o amor que me curava, me esquentava, me prendia e me guardava.
Me protegia de mim, do meu caos, da minha raiva...
Quem trazia a paz que meu corpo e alma desesperadamente desejava por tanto tempo.

Ele quem me envolvia em seus braços e magicamente tudo o que me atormentava durante os dias paravam, e simplesmente sumiam.
Eu podia enfim respirar fundo e leve, como se houvesse apenas a nossa existência ali, e mais nada além de nós.

Nunca quis casar ou formar uma família, mas com ele eu quero.
Por ele eu usaria um maldito vestido e subiria num altar...
eu odeio vestidos...

Meu coração bate forte, e em cada batida, seja ela lenta ou acelerada, é amando, como fogo em brasa ardendo em amor.
Por Deus! Eu nunca senti isso e eu quero que nunca, nunca acabe!

Eu o quero, meu corpo o quer, meu coração o quer, minha alma o quer...
Farei por onde nunca perdé-lo.
Quero dar a ele meu amor, minha atenção, todas as poesias de amor que fiz, todas as músicas e planos futuros.

Ele é meu vício, meu mais puro e mais profundo vício. Um vício que diferente de qualquer outro, me cura, me dá vida, me dá vontade de realmente viver, de querer continuar.

Eu o amo...
Descobri da pior maneira...
Mas eu o amo...
Verdadeiramente
Completamente
Inteiramente
Eternamente
E ardentemente.

Relatos de uma garota com insônia ★;Onde histórias criam vida. Descubra agora