What a Volcano Feels Like

POV SUE

- Parece que você melhorou um pouco Sue, seu braço ainda dói? - Sra. Dickinson me ajudou a levantar da cama de seu consultório.

- Um pouco, mas está bem melhor que semana passada, mal conseguia mexer ele. 

- Que bom, sinal de que a medicação nova está fazendo efeito.

Me levantei e comecei a calçar os sapatos e a colocar novamente minha blusa, fazia muito frio do lado de fora, a neve caia desde a noite anterior e a previsão para noite é de nevasca. Com certeza o dia perfeito para me enfiar dentro de casa com o controle da TV na mão e meus filmes prediletos me fazendo companhia. 

- Então... - Ok, não sabia como entrar no assunto. - Como Emily tem passado? 

- Ah a minha filha. - Sra. Dickinson suspirou cansada. - Eu nem sei mais o que fazer com ela Sue, queria que fosse mais tranquila assim como você, sabia?- Ela se sentou e levou sua mão ao rosto que parecia agora mais cansado que nunca. - Bom, devo confessar que quando você foi para nossa casa e fez com que ela comesse alguma coisa achei que se tornariam amigas e aí você pudesse impedir ela de entrar nessa rebeldia pós coração partido. Mas parece que me enganei, não? Vocês não tornaram a conversar imagino.

- Não, quer dizer... - Apoiei minhas mãos na cadeira a frente da mesa da doutora. - Eu até mandei mensagem pra ela e tudo mais, mas acho que ela não está interessada em conversar e eu também não sei manter uma conversa realmente interessante, principalmente com pessoas da minha idade e pessoas como a Emily, com todo respeito claro.

- Como assim pessoas como a Emily? - A mulher mais velha tinha um olhar brincalhão de reprovação. - Que há de errado com minha filha Susan?

- Bom, nada - Ri e fingi estar desconfortável com a brincadeira. - É só que sabe, essas garotas assim populares, que se envolvem com caras populares e tem amigas populares e vão pra festas de garotas iguais a elas e um grupo super seleto de pessoas super importantes do ensino médio.

Sra. Dickinson riu jogando a cabeça para trás ''Só você mesmo Sue, agora vá e se aqueça em casa, te vejo semana que vem.'' Me despedi dela com um abraço. Claro que não gostava de estar aqui, afinal quem é que gostaria de vir ao médico semana sim semana não? Mas eu adorava estar na companhia da Sra. Dickinson, sempre fora gentil comigo, mesmo quando eu não era essa pessoa fácil de lidar. Logo que perdi meus pais, ela foi a única pessoa que conseguiu realmente fazer eu me abrir e colocar para fora tudo que estava sentindo, sou definitivamente muito grata a ela por tudo e por tanto.

Emily realmente ignorou a mensagem que enviei para ela logo na manhã seguinte após estar na casa dela, e eu também não quis mandar outra, acho que a garota deve estar precisando de um tempo de tudo e todos, não vou forçar uma amizade com ela. Mas deixei claro que se precisasse conversar, mesmo que a gente não seja próxima, eu estaria aqui. 

Saindo do escritório, coloquei minhas mãos no bolso e segui meu caminho de sempre para casa. O sol começava a cair em direção ao horizonte, pintando nuvens dispersas com tons de rosa e laranja ardentes, enquanto o azul profundo do céu escurecia gradualmente em direção ao crepúsculo, respirei profundamente e me senti feliz por poder presenciar por mais um dia essas maravilhas do universo.

O ar era cortante e nítido, envolvendo tudo em uma aura gelada que fazem com que minhas narinas se contraíssem e minhas bochechas corarem. Cada respiração era como uma nuvem de vapor que se dissipava rapidamente no ar frio. E como eu amava isso, ver minha respiração em forma de vapor no ar.

As árvores permaneciam imóveis, suas folhas há muito caídas, revelando esqueletos de galhos retorcidos que se estendiam em direção ao céu pálido. Uma fina camada de geada cobria a terra, transformando-a em um tapete brilhante de cristais de gelo que cintilavam à luz.