Memórias.

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Quando as portas do castelo dos elfos se abriram, os anjos que estiveram batalhando logo foram convocados à uma reunião, enquanto o Arcanjo principal observou detalhe por detalhe, cada ser que esteve minutos atrás em uma batalha rígida e complicada. A fada que seria coroada estava aos poucos quilômetros de distância de Febatista, sendo acariciada por Bastet e tentando aos poucos se recuperar de um recém surto. Não conseguia tolerar tamanha crueldade.

Febatista respirou fundo, entender que no momento todos estavam se recuperando aos poucos, era o suficiente para não se envolver nos planos que eles iriam construir para se defender, como todos os trabalhos das pessoas do bem. A defesa, contra o ataque. Desequilibrado, de fato.

Segurou em mãos os pequenos resquícios de brilhos pretos que restaram da batalha dos anjos e demônios, e das consequências de ter o demônio tão conhecido perto de si. Respirou fundo.

O que ele queria afinal?

— Como vamos fazer para prever um ataque assim de novo? - Bastet questionou para o anjo, próximo dele, foi segundos para os de madeixas loiras observá-lo com olhos para baixo e um sorriso pequeno. O rosado parecia atordoado, mas era só a situação que híbridos costumavam se manter quando não tinha saída e seus pensamentos. O labirinto e o caos da mente entrando em batalha.

— Sinto muito por isso, Bastet, creio que seja mais importante averiguar se todos estão bem antes de planejar assuntos para serem tratados. - O híbrido acentiu, escondendo em seu olhar um rancor imenso, e um ódio elevado sempre que lembrava daqueles olhos vermelhos celebrando ao caos e a discórdia de seres que estavam felizes poucos antes de um ataque brutal.

— Eu estou com ódio, Fe.

— Eu sei disso, mas você tem que se acalmar antes, resolver as coisas de cabeça quente não funciona. Jinki precisa do apoio de vocês. - O anjo mirou a elfa que conversava com lágrimas nos olhos com Natalan. Era tão importante para ela manter todo o reino cheio de paz e tranquilidade, que compreender mais uma vez que foram derrotados por seres maldosos, era ter a própria alma da menina completamente atacada. Todo o reino era sua casa, sua festa na vida. Olhá-los daquela forma, com dor e medo, era devastador.

— Eu sei disso.. - Bufou, enquanto observava a menina assim como o anjo. Retornou o olhar inquieto para Batista - A Jinki se cobra muito, fefe, e no final ela sempre acaba assim. Com um peso grande na consciência. - O anjo suspirou.

— Pessoas assim precisam de todo o apoio possível, são nos momentos mais caóticos e dolorosos que a alma necessita de amor e atenção. - Ele sorriu ao dizer, pensando com ele mesmo por todos os momentos que fora agraciado por mãos divinas, onde esteve recebendo tanto amor que imaginou por dias que era errado, que não merecia, mas no final todos nós merecemos o amor que causamos na vida das pessoas. É importante a reciprocidade.

— Você acha.. Que uma festa vai fazer ela se acalmar um pouco? - O gato curvou uma das orelhas felinas, parecendo se contradizer com uma pequena careta curiosa. Febatista apenas sorriu, dando leves tapinhas no ombro do garoto.

— Talvez sim... Mas vocês conhecem ela bem melhor do que eu. Disso eu sei bem. - E por fim, um leve brilho amarelo saiu de dentre a vestimenta do de cabelos rosas, onde no lugar em que Batista recém posicionou a mão havia um machucado, agora estava sem marca alguma. Bastet sorriu, agradecido.

Quando ambos encerraram o assunto, passos altos o suficiente entre o silêncio constante da sala, foram escutados ao fundo, Natalan caminhou um pouco incômodado, seguindo em direção ao anjo de cabelo loiro. Ergueu a mão e fez ação de golpear o anjo, mas o gato o parou antes do momento incluso da agressão. O esqueleto deveria prever isso, era um híbrido de gato afinal.

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